Por Aparecido Silva (Twitter: @CydoSylva)
Um projeto de lei na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) prevê a
adição de fécula de mandioca ao pão, mas não tem aprovação entre os
profissionais da panificação. A proposta já esteve em discussão em 2012,
quando foi apresentada pelo então deputado estadual Mário Negromonte
Júnior (PP), mas não foi digerida na Casa. Agora, a matéria reapareceu
com a autoria do deputado Eduardo Salles, também do PP. Na manhã dessa
quinta-feira (28), uma sessão especial foi realizada na Alba para
debater o assunto e o parlamentar aproveitou para explicar sua proposta a
agricultores, pesquisadores, técnicos agrícolas, engenheiros agrônomos,
comerciantes e panificadores.
Em síntese, o projeto pretende substituir até 10% de farinha de trigo por fécula de mandioca para elaboração de pães no estado. O parlamentar batizou o produto de “pãozinho baiano” e acredita que a substituição de até 10% de farinha de trigo por fécula de mandioca criará mais postos de trabalho. “Isso vai aumentar a demanda pelo produto e gerar mais emprego, além de ser benéfico à saúde, porque a fécula de mandioca não contém glúten”, explica o deputado. “A proposta é que a substituição aconteça de forma progressiva: 2%, 4%, 6%, 8% e 10%, nos cinco anos seguintes à aprovação do projeto de lei”, explica o legislador. A substituição de até 10%, diz o parlamentar, seria exclusivo da panificação. “Na Bahia, a mandioca é produzida em sua grande maioria por produtores da agricultura familiar nos 417 municípios do estado. O aumento da demanda trará impactos significativos do ponto de vista social”, diz o pepista, que contou com o apoio do pesquisador da Embrapa, Joselito Mota, na elaboração da matéria. “Participamos da construção do projeto para atestar que a mistura proposta é perfeitamente compatível e viável”, justificou Mota.
Apesar de o deputado afirmar ter reunido apoio de profissionais do setor de panificação, o presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria da Cidade de Salvador (Sindipan) não encontra viabilidade no projeto do parlamentar. Florence Rodrigues explicou, em entrevista ao Bocão News, os pontos que tornam a proposta inviável. “É um projeto polêmico e que não agrada a ninguém. Não agrada ao consumidor e não agrada à panificação. Pelo projeto, só é permitido usar 10%, mas não fica muito bom, porque não tem glúten. E mais, a fécula da mandioca é mais cara do que a farinha de trigo, porque é um produto sazonal. Tem época que não se produz a mandioca por causa da seca”, explicou Rodrigues.
Outro ponto levantado pelo presidente do sindicato é a dificuldade que
os moinhos terão para incorporar a fécula da mandioca à farinha de
trigo. “Os moinhos não têm como introduzir fécula, porque é um processo
muito complicado”, ressalta. Um gerente de um moinho consultado pela
reportagem reforçou a tese do representante do Sindipan. Sem querer se
identificar, o profissional que trabalha há dez anos na Bahia no setor
de moinhos diz que as empresas enfrentariam um elevado grau de
dificuldade para adaptar as estruturas necessárias para o processo de
adição do nutriente à farinha de trigo. “É uma proposta inviável, tanto
para a indústria, como para o padeiro que compra a farinha. Os moinhos
teriam que mudar sua indústria, que é destinada a um tipo de
processamento, para adequar à produção”, explicou.
As críticas ao projeto seguem a mesma linha das feitas em 2012 pelo
próprio Sindipan, na época representado por Mário Augusto Pithon, e pelo
Sindicato da Indústria de Trigo, Milho, Mandioca, Massas Alimentícias e
de Biscoitos do Estado da Bahia (Sinditrigo).
Na época, Mário Pithon argumentou que as possíveis vantagens apontadas não se sustentam, já que o Brasil é grande importador de fécula de mandioca. “Este projeto é o mesmo que foi apresentado em Brasília [na Câmara dos Deputados] em 2001 e traz os mesmos erros ao desconhecer as possibilidades de mercado”, frisou. “Além disso, do ponto de vista nutritivo, enquanto a fécula de mandioca tem 1% de proteína, a farinha de trigo tem 7%, ou seja, 600% a mais, e a redução prejudicaria a qualidade da alimentação da população mais carente”, ressaltou Pithon.
Em síntese, o projeto pretende substituir até 10% de farinha de trigo por fécula de mandioca para elaboração de pães no estado. O parlamentar batizou o produto de “pãozinho baiano” e acredita que a substituição de até 10% de farinha de trigo por fécula de mandioca criará mais postos de trabalho. “Isso vai aumentar a demanda pelo produto e gerar mais emprego, além de ser benéfico à saúde, porque a fécula de mandioca não contém glúten”, explica o deputado. “A proposta é que a substituição aconteça de forma progressiva: 2%, 4%, 6%, 8% e 10%, nos cinco anos seguintes à aprovação do projeto de lei”, explica o legislador. A substituição de até 10%, diz o parlamentar, seria exclusivo da panificação. “Na Bahia, a mandioca é produzida em sua grande maioria por produtores da agricultura familiar nos 417 municípios do estado. O aumento da demanda trará impactos significativos do ponto de vista social”, diz o pepista, que contou com o apoio do pesquisador da Embrapa, Joselito Mota, na elaboração da matéria. “Participamos da construção do projeto para atestar que a mistura proposta é perfeitamente compatível e viável”, justificou Mota.
Apesar de o deputado afirmar ter reunido apoio de profissionais do setor de panificação, o presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria da Cidade de Salvador (Sindipan) não encontra viabilidade no projeto do parlamentar. Florence Rodrigues explicou, em entrevista ao Bocão News, os pontos que tornam a proposta inviável. “É um projeto polêmico e que não agrada a ninguém. Não agrada ao consumidor e não agrada à panificação. Pelo projeto, só é permitido usar 10%, mas não fica muito bom, porque não tem glúten. E mais, a fécula da mandioca é mais cara do que a farinha de trigo, porque é um produto sazonal. Tem época que não se produz a mandioca por causa da seca”, explicou Rodrigues.
Na época, Mário Pithon argumentou que as possíveis vantagens apontadas não se sustentam, já que o Brasil é grande importador de fécula de mandioca. “Este projeto é o mesmo que foi apresentado em Brasília [na Câmara dos Deputados] em 2001 e traz os mesmos erros ao desconhecer as possibilidades de mercado”, frisou. “Além disso, do ponto de vista nutritivo, enquanto a fécula de mandioca tem 1% de proteína, a farinha de trigo tem 7%, ou seja, 600% a mais, e a redução prejudicaria a qualidade da alimentação da população mais carente”, ressaltou Pithon.
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