quarta-feira, 27 de abril de 2016

Prepotente, Dilma não quis ouvir os conselhos de Collor


Reprodução do Arquivo Google, sem assinatura

Bernardo Mello Franco
Folha
No início de 2012, Dilma Rousseff vivia em lua de mel com o país. Era a presidente mais bem avaliada após o primeiro ano de governo, superando Lula e FHC. A popularidade não se refletia no Congresso. Parlamentares reclamavam do estilo da petista, que ignorava os pedidos que se acumulavam no Planalto. Em março, o sistema emitiu os primeiros sinais de rebelião. O Senado rejeitou uma indicação para agência reguladora, e o PR ameaçou deixar a base porque não conseguia nomear o ministro dos Transportes. O ex-presidente Fernando Collor subiu à tribuna e fez um alerta à sucessora.
“O diálogo precisa ser reaberto. Digo isso com a experiência de quem, exercendo a Presidência da República, desconheceu a importância fundamental do Senado e da Câmara. O resultado desse afastamento redundou no meu impeachment”, disse, em tom dramático.
“Muitas vezes, até não fazemos muita questão de ter uma solicitação atendida pelo Planalto, mas precisamos de consideração e atenção”, prosseguiu o ex-presidente.
UM POTE DE MÁGOAS
Dilma não ouviu a lição de Collor. Em cinco anos no poder, barrou a aproximação de parlamentares e governou de forma imperial. Impaciente, habituou-se a deixar deputados e senadores falando sozinhos, quando não distribuía broncas como se fossem seus subordinados.
Os episódios de mágoa se sucederam, e a presidente deixou de estabelecer relações de lealdade que lhe fariam falta no futuro. “O erro da Dilma foi tratar todo mundo no coice, como fez o Collor. Na hora da dificuldade, ela pegou a bicicleta e saiu pedalando sozinha, em vez de se cercar de aliados”, me disse o deputado Heráclito Fortes, do PSB.
A ex-ministra Maria do Rosário, do PT, ouviu o rival sem discordar. “O Congresso não estava acostumado a uma figura tão austera na Presidência. Essas coisas não deviam ter importância, mas vão acabar contando muito”, ela previu. Era a véspera da votação do impeachment.
(artigo enviado pelo comentarista Mário Assis Causanilhas)
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