quinta-feira, 31 de março de 2016

Mãe adia tratamento de câncer para proteger bebê que 'salvou sua vida'


Kim Vaillancourt diz que só foi a hospital após mal estar por estar grávida.
Com câncer no cérebro, ela aguarda o parto para iniciar quimioterapia.

Da AP
Kim e Phil Vaillancourt posam em sua casa em Tonawanda, NY, no dia 11 de março (Foto: AP Photo/Carolyn Thompson)Kim e Phil Vaillancourt posam em sua casa em Tonawanda, NY, no dia 11 de março (Foto: AP Photo/Carolyn Thompson)
Para Kim Vaillancourt, grávida e lutando contra um agressivo câncer no cérebro, tudo se resume assim: “O bebê me salvou. Agora é minha vez de salvá-lo”.

Vaillancourt foi diagnosticada com glioblastoma após ir ao hospital por dores de cabeça e náuseas que surgiram durante o Natal. Se não fosse pela preocupação com o filho que espera, ela e o marido, Phil, dizem que a visita que salvou sua vida não teria acontecido.

Eles acreditam que a gravidez inesperada foi um presente dos céus.

Kim foi submetida a uma cirurgia para retirada de tumores, mas agora, para dar ao bebê que irão chamar Wyatt Eli a mesma chance que ele deu a ela, a mãe está adiando qualquer quimioterapia e radiação para evitar ameaçar o desenvolvimento do filho.

“Ela irá fazer o que puder para salvar a vida do bebê e dar a ele a vida mais saudável possível”, diz Phil Vaillancourt.

Os dias já estavam agitados na casa dos Vaillancourt, no subúrbio de Buffalo, em Tonwanda, estado de Nova York. O casal e seus filhos de 11 e 12 anos tinham passado o dia 23 de dezembro na Corte Familiar do Condado de Erie para a cerimônia de adoção que tornou três irmãs que abrigavam – de seis, sete e dez anos – membros permanentes de sua família.

Com cinco crianças em férias escolares, Kim normalmente não teria dado muita atenção a um mal-estar.

“Eu teria apenas pensado que estava com dor de cabeça e febre e teria ido para a cama”, diz a mãe de 36 anos. Mas, na metade de sua gravidez, ela se preocupou que o fato de não conseguir se alimentar pudesse privar o bebê dos nutrientes necessários, e por isso foi ao hospital para uma consulta.

Logo ela seria levada a uma cirurgia de emergência para a retirada de dois tumores que os médicos disseram que poderiam matá-la. Um havia crescido na parte da frente de seu cérebro. O outro estava perigosamente próximo de seu tronco cerebral, na parte de trás.
Phil Vaillancourt mostra fotos da mulher, Kim, e de seus filhos em sua casa em Tonawanda, NY, no dia 11 de março (Foto: AP Photo/Carolyn Thompson)Phil Vaillancourt mostra fotos da mulher, Kim, e de seus filhos em sua casa em Tonawanda, NY, no dia 11 de março (Foto: AP Photo/Carolyn Thompson)
De mãos dadas no sofá da sala de sua casa, Kim e Phil se apoiam um no outro ao descrever com tranquilidade a reviravolta abrupta que a vida deles sofreu entre a feliz adoção em 23 de dezembro e o devastador diagnóstico no dia 27 do mesmo mês.
Eles foram informados que o glioblastoma tem como característica tumores de crescimento rápido que costumam reaparecer dentro de 8 a 12 semanas. Com o parto previsto para 25 de abril, Kim tem sido submetida a exames de ressonância magnética a cada duas semanas para monitorar quaisquer sinais de nova atividade.

“Estamos rezando muito e confiando em Deus nessas próximas semanas para que esses exames se mantenham zerados”, diz Phil.

A doença é algo que Kim, que sempre cuidou de sua saúde e se preocupou com vitaminas e nutrição, jamais teria imaginado. Ela ri ao descrever sua longa prática em escrever mensagens de texto mantendo o celular o mais longe possível do corpo e diz que a família manteve o micro-ondas na garagem nos últimos dez anos, embora não existam provas cientificas de que celulares ou micro-ondas elevem o risco de câncer e seus receios sejam infundados.

É estranho, ela diz, agora buscar a cura em produtos químicos e radiação. Sem querer arriscar a saúde do bebê, o casal planeja iniciar o tratamento duas semanas após seu nascimento, esperando que os tumores não reapareçam antes disso.
Phil Vaillancourt mostra fotos da mulher, Kim, e de seus filhos em sua casa em Tonawanda, NY, no dia 11 de março (Foto: AP Photo/Carolyn Thompson)Phil Vaillancourt mostra fotos da mulher, Kim, e de seus filhos em sua casa em Tonawanda, NY, no dia 11 de março (Foto: AP Photo/Carolyn Thompson)
Enquanto isso, eles começarão a escolher uma babá para ajudar a cuidar do recém-nascido e das demais crianças, entre elas Josie, de sete anos, que nasceu sem braços e pernas. A licença de Phil em seu emprego em serviços de manutenção na cidade de Tonawanda está chegando ao fim.

“Estamos vivendo um dia de cada vez”, diz Phil. “Mesmo se olharmos muito além no futuro, você só consegue ver o que ele parece que vai ser. Por que fazer isso então?”

Embora relativamente raro, o glioblastoma é o mais comum e agressivo tipo de tumor cerebral. Ele afeta cerca de 17 mil adultos nos Estados Unidos a cada ano, mas não é comum durante uma gravidez, segundo o dr. Robert Fenstermaker, neurocirurgião-chefe do Roswell Park Cancer Institute, em Buffalo.

No início de uma gestação, a mulher pode ser aconselhada a interromper a gravidez para poder realizar o agressivo tratamento, diz. Mais adiante, elas são submetidas a quimioterapia.

“É um câncer resistente”, diz Fenstermaker, que desenvolveu uma terapia com vacina para o glioblastoma que está agora em testes clínicos.

Os Vaillancourts encontraram forças em sua grande e próxima família e nas orações que fluíram depois que a luta deles se tornou conhecida.

“As pessoas envolveram esta família em seus corações”, diz Jenna Koch, uma amiga de infância, descrevendo uma campanha de arrecadação de fundos no site GoFundMe e uma série de eventos beneficentes e de arrecadação de dinheiro planejados para as próximas semanas.

Com tratamento, médicos dizem que pacientes com o grau severo de glioblastoma que atinge Kim tem uma sobrevivência média de 14 meses. Mas os Vaillancourts se apoiam em sua fé cristã.

“Espero estar lutando contra isso por anos e anos”, diz Kim. “Espero estar sentada aqui daqui a 30 anos, contando como superei isso”.

“Definitivamente acreditamos em milagres”, conclui Phil.

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