quarta-feira, 30 de março de 2016

Lula, a própria Dilma, Dulcídio e a Odebrecht explodiram o governo


Charge do Alpino, reprodução do Yahoo
Pedro do Coutto
Foram, sem dúvida, os personagens principais de um desastre político como poucas vezes aconteceu no mundo, produzindo uma explosão que atingiu diretamente o Palácio do Planalto e levou multidões às ruas e praças do país, em revolta contra o grau de  incompetência e corrupção revelado ao longo dos últimos anos, especialmente do início de 2013, cujo dramático desfecho estamos assistindo.
A saída do PMDB da base governista no Congresso representou uma consequência lógica, reflexo da soma dos acontecimentos. O governo Dilma Rousseff fracassou. Só Lula o defende com uma dose de sinceridade interior. Para começar, a sequência e a inconsequência dos erros, a candidata afirmou uma coisa na campanha, propôs-se a realizar o inverso à frente do Poder. Entrou em conflito com sua base popular e também com seus sinceros partidários. Primeiro lance de uma escala descendente.
Nomeou Joaquim Levy para a Fazenda. Teve que exonerá-lo. Por pressão de seu grande eleitor, teve que substituir Aloizio Mercadante na Casa Civil. Lula assumia o posto de co-presidente. Cargo que não existe. O poder não se divide.
AGRAVAMENTO
De etapa em etapa, a crise se agravava. A nomeação de Lula para ministro representou um salto no espaço político, sem rede de proteção. O plenário do Supremo talvez decida hoje a questão. Os sintomas não são favoráveis ao ex-presidente. Até pelos conceitos que emitiu sobre o mesmo STF que irá decidir seu destino.
O PMDB deixou o governo e possui um candidato próprio à hipótese da sucessão antecipada: Michel Temer, desnecessário dizer por quê.
Agora passemos ao fator Delcídio Amaral, o homem que sabe demais. Suas revelações foram um forte fator para a explosão. Logo a seguir, a Odebrecht, como disse Élio Gaspari, domingo no Globo e Folha de São Paulo, mostrou que possui um “setor de operações estruturais”, sinônimo de manter em atividade um departamento para contabilizar a corrupção que alimentava por ação direta de seus dirigentes e executivos. O próprio presidente da Empresa, Marcelo Odebrecht, encontra-se preso, condenado a uma pena de 19 anos de reclusão.
SEM PRECEDENTES
Odebrecht, maior empreiteira do país, alimentava e operava esquema de corrupção sem precedentes. Os prejuízos causados à Petrobras, por exemplo, elevam-se a muitos bilhões, não apenas de reais, mas de dólares. Não está sozinha, mas liderou um elenco fatal com a OAS, Andrade Gutierrez, além de outras mais.
O escândalo alcançou dimensão ainda maior com as revelações do senador Delcídio Amaral. E também com os ataques absurdos de Lula ao juiz Sérgio Moro, culpando-o pela recessão econômica do país que levou à queda do Produto Interno Bruto e a uma taxa recorde de desemprego. A recessão, vale frisar, começou com as desonerações fiscais que a presidente Dilma Rousseff, na fase final de seu primeiro mandato, destinou ao sistema empresarial.
Enquanto isso, a dívida federal atingiu 2,8 trilhões de reais. Em cima de tal montante, o país tem de pagar anualmente 14,25% de juros. Desastre completo, desorientação total e absoluta. O impeachment, que se encontrava em segundo plano, voltou ao centro do palco.
Hoje, dia de plenário na Corte Suprema, não se pode afirmar que acontecerá ou não a posse de Michel Temer no Planalto. Mas depois da explosão, a sociedade encontra-se à espera de uma alvorada. Um novo caminho, uma nova paisagem. Um novo destino democrático. A corrupção foi além dos limites. Os principais personagens do desastre aqui estão. Do outro lado, o povo brasileiro.

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