Em audiência no Senado, ministro da Fazenda diz que é preciso adequar o ritmo de ajuste fiscal à proteção do nível de emprego e renda da população
O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa,
disse nesta terça-feira que o governo está tomando medidas para
continuar a reduzir suas despesas obrigatórias, mas argumentou que o
ritmo de ajuste fiscal este ano deve ser menor que o de 2015 porque
Brasil está em posição mais frágil em 2016.
“Temos que adequar o ritmo de ajuste
fiscal à proteção do nível de emprego e renda da população”, afirmou, em
audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Barbosa citou a proposta de nova meta fiscal de 2,8 bilhões de reais
enviada pelo governo ao Congresso, para dizer que essa nova proposta tem
o objetivo de despesas essenciais em um momento de retração da
atividade.
“O contingenciamento adicional reduziria
o valor de empenho em 2016 a um patamar menor que 2010. Esse é o
tamanho do ajuste fiscal. O governo está, sim, fazendo o esforço naquilo
que controla”, afirmou o ministro. “Mas, se levado a cabo, esse esforço
pode acabar prejudicando recuperação da economia brasileira.”
Barbosa iniciou a apresentação na CAE
avisando que iria mostrar aos parlamentares a estratégia e a lógica das
medidas que o governo tem proposto ao Congresso Nacional. “Passamos hoje
por um momento de bastante debate político e um momento econômico
desafiador. A evolução do debate político pode ajudar na resolução de
problemas econômicos e a resolução de problemas econômicos pode ajudar a
achar saídas para questões políticas. É uma via de mão dupla”, afirmou.
Para o ministro, o principal desafio do
país é a estabilização da renda e do emprego, mas é crucial fazer isso
de forma consistente com a estabilidade econômica, com o controle da
inflação e a estabilidade das contas públicas. “Isso exige medidas de
curto prazo e reformas de longo prazo. É preciso de reformas de longo
prazo para que recuperação aconteça de forma duradoura”, acrescentou.
Após anunciar a redução da meta de
superávit primário do governo para este ano para 2,8 bilhões de reais e
admitir uma possibilidade de déficit de quase 100 bilhões de reais,
Barbosa disse que é preciso absorver eventual frustração de receita sem
necessidade de elevar mais impostos e contribuições. “É preciso combinar
ações que parecem contraditórias. É preciso combinar iniciativas de
curto prazo com reformas de longo prazo”, argumentou.
Barbosa citou o presidente do Banco
Central, Alexandre Tombini, que na semana passada já havia afirmado na
CAE que o balanço de pagamentos brasileiro está tendo um ajuste mais
rápido do que era esperado e que há sinais mais rápidos de redução da
inflação. “A nossa expectativa é de que o saldo comercial suba para 2,5%
do PIB, assim é possível gerar mais empregos e mais renda”, avaliou. “A
inflação pode terminar 2016 abaixo de 7,3% dependendo do câmbio e da
energia”, concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário