O
Brasil virou mesmo um país de mentes pasteurizadas pela ideologia.
Cinco anos de governo lulo-petista bastaram para que tudo fosse virado
pelo avesso. Se você defende as liberdades e a democracia, é tachado de
"direitista" ou "conservador" (quando as defendia durante a ditadura,
era considerado de "esquerda"). Se você defende a ciência, é logo
carimbado de "positivista", membro dessa tribo antiquada que acredita na
existência de fatos objetivos e, ainda mais absurdo, que tais fatos
sejam acessíveis e explicáveis por teorias independentes dos
observadores. E se leva a lógica a sério, então, você é um "reacionário"
consumado, vítima do raciocínio "burguês".
Isto não
acontece no bar da esquina, claro, mas dentro das universidades,
particularmente nas ciências humanas/sociais. Seus alunos já vêm
ideologicamente embalados do segundo grau, mas ao invés de desenvolverem
um pensamento crítico e racionalista, recebem nos campi nova tintura
ideológica. Ali, professor "legal" é aquele que reforça as convicções do
alunado, não aquele que o incomoda com reflexão. E há muitos mestres,
nesse teatrinho, que jamais contrariam aquilo que a platéia espera.
Onde
impera o relativismo, tanto no campo cognitivo quanto na esfera dos
valores, o mundo passa a ser aquilo que a hermenêutica pós-moderna diz
que é. A grama das praças, por exemplo, pode ser vermelha, dependendo
apenas do ponto de vista do sujeito. As palavras já não se referem à
realidade, mas são a própria realidade - e nada existe fora da
linguagem!
Se há
dissenso em relação à racionalidade e às ciências, há consenso em torno
de algumas pautas, a começar pelo ecologismo, que é quase uma nova
religião. Não ouse duvidar que o maldito "ser humano" seja o único
responsável pelo "Aquecimento Global", esta entidade com que os novos
apocalípticos ameaçam o planeta. Não ouse contestar que a "globalização"
seja uma invenção do imperialismo para dominar a "periferia". E nem
ouse negar que "outro mundo é possível", bem além da "lógica
capitalista" e das "leis do mercado". Sobretudo, veja no Estado
dirigente e regulador o justiceiro das classes populares, o remédio
eficaz para todos os males do "neoliberalismo". Defenda sempre mais
Estado, nunca menos.
Por fim,
considere calunioso aquilo que o escritor Mário Vargas Llosa, obviamente
um liberal, definiu como "idiotice latino-americana". Essa idiotice
"postiça, deliberada e de livre-escolha", diz ele, "é adotada
conscientemente por preguiça intelectual, apatia ética e oportunismo
civil. É ideológica e política, mas acima de tudo frívola, pois revela
uma abdicação da faculdade de pensar por conta própria, de cotejar as
palavras com os fatos que pretendem descrever, de questionar a retórica
que faz as vezes de pensamento. Ela é a beatice da moda reinante, o
deixar-se levar sempre pela corrente, a religião do estereótipo e do
lugar-comum."
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário