domingo, 28 de fevereiro de 2016

Rússia é essencial no equilíbrio do mundo, diz Henry Kissinger


Putin e Kissinger, um diálogo proveitoso
Deu na Pátria Latina
Em artigo publicado na revista norte-americana “The National Interest”, o ex-secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, partilhou sua visão sobre a Rússia. Kissinger fez lembrar que, entre 2007 e 2009, juntamente com o político russo Evgeny Primakov (que chegou a ser primeiro-ministro), criou um grupo de discussão que incluiu políticos, altos funcionários e líderes militares aposentados da Rússia e dos EUA.
“Nós nem sempre concordamos, mas sempre respeitamos um ao outro. Todos nós e eu pessoalmente, como seu colega e amigo, tenho saudades dele [Primakov morreu em 2015],” escreveu.
O político norte-americano notou que, por mais poderoso que um país possa ser, nunca conseguirá dominar todos os desafios externos por si próprio, assinalando que a Rússia deve ser vista como elemento essencial de equilíbrio global.
SEM COOPERAÇÃO
Kissinger disse que depois da Guerra Fria os dois países continuaram muito ligados um ao outro, mas mesmo assim falharam em cooperar efetivamente. Ao contrário, começaram a trocar tentativas de “demonização”. A seu ver, essa falta de entendimento se deve a uma compreensão insuficiente da perspectiva histórica mundial.
Para os Estados Unidos, segundo Kissinger, o fim da Guerra Fria se tornou a prova da crença tradicional para América na inevitabilidade da revolução democrática e ampliação do sistema internacional baseada na supremacia da lei. Mas a visão russa é diferente e mais complicada. Para o país que por muito tempo estava sob a pressão e enfrentou agressão do Ocidente assim como do Oriente, a segurança sempre terá não só fundação legislativa, mas também geopolítica.
“A tarefa que atualmente enfrentamos é unificar ambos os pontos de vista – legislativa e geopolítica – num conceito único”, escreveu Kissinger.
A seu ver, as lideranças dos EUA e Rússia deverão resolver muitas divergências para normalizar a situação atual instável e inquieta, para encontrar “um equilíbrio novo, mais multipolar e globalizado”.
Kissinger e o presidente russo Vladimir Putin já se reuniram várias vezes nos últimos anos, a mais recente no dia 3 de fevereiro, quando novamente discutiram a situação mundial. (da Agência AFP)

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