Editorial do Estadão analisa a sucessão de escândalos e crimes petistas,
que estão longe de terminar, já que a Operação Lava Jato continuará
assombrando Lula e asseclas por muito tempo ainda:
Há coisas que o PT gostaria que o País esquecesse. Mas os escândalos
do partido, os presentes e os pretéritos, são tão resistentes que, tal
como mortos-vivos, zanzam pelos becos da história e, quando parecem
sepultados, retornam para assombrar os petistas - e indignar ainda mais
os eleitores que acreditaram em sua farsesca defesa da ética e da
moralidade pública.
Enquanto o Brasil ainda prende a respiração na expectativa dos
desdobramentos do petrolão, escândalo cujo desfecho a cada dia parece
mais distante diante da contínua descoberta de novos crimes e
criminosos, eis que outro caso, este investigado desde 2007, ressurge
para se revelar não como o caso isolado que parecia ser, e sim como
dente da grande engrenagem delinquente do PT. Trata-se do desfalque na
Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop).
Pode-se dizer que o caso Bancoop foi uma espécie de laboratório do PT
para testar maneiras de subtrair do alheio vultosos recursos para
financiar seu projeto de poder eterno - e, de quebra, enriquecer alguns
de seus operadores. Conforme a investigação do Ministério Público, o
partido nem havia chegado à Presidência, em 2003, e já organizava o
esquema de desvio na cooperativa dos bancários.
A Bancoop foi fundada em 1996 pelo ex-sindicalista e hoje ministro da
Secretaria de Governo Ricardo Berzoini e chegou a ter 15 mil
cooperados, que tinham a expectativa de residir nos imóveis construídos
pela entidade. De acordo com o Ministério Público, os incautos mutuários
desse fundo foram lesados em cerca de R$ 100 milhões. Muitos dos
prometidos prédios jamais saíram do chão. Em vez de ser usado para
honrar o combinado em contrato com os mutuários, o dinheiro da Bancoop,
segundo a denúncia, foi parar nos cofres do PT graças a uma engenharia
malandra liderada por João Vaccari Neto, que presidiu a cooperativa
entre 2004 e 2010, quando se tornou tesoureiro do partido.
Mas essa é uma história antiga - um processo contra Vaccari,
denunciado junto com outros dirigentes da Bancoop por estelionato,
formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, corre
desde outubro de 2010. Eis que, no entanto, Vaccari acabou sendo preso
no âmbito da Operação Lava Jato, acusado de participar do esquema de
lavagem de dinheiro para abastecer o PT. Naquele momento, em meados do
ano passado, os mutuários da Bancoop que se dizem lesados por Vaccari,
cerca de 8 mil, recobraram a esperança de que afinal se fizesse justiça.
Essa expectativa, no entanto, deu lugar a uma justa indignação quando
se divulgou que um privilegiado cooperado da Bancoop, o ex-presidente
Luiz Inácio da Silva, que nunca foi bancário, não só recebeu seu
apartamento, como o luxuoso imóvel fora inteiramente reformado pela
empreiteira OAS - empresa investigada na Lava Jato e que assumiu alguns
empreendimentos da cooperativa depois que esta se tornou insolvente.
Quando Lula foi apontado como o feliz proprietário de um tríplex no
Guarujá, enquanto milhares de anônimos que tiveram seu dinheiro tungado
pela quadrilha da Bancoop lutam na Justiça para ter alguma compensação, o
personagem conhecido pela alcunha de Brahma caprichou na indignação e
negou ter vínculo com o imóvel - versão contestada por diversas
testemunhas.
O caso do tríplex recolocou o esquecido escândalo da Bancoop no
noticiário. Mais do que isso: deixou claro que, no caso do PT, não é
mais possível falar em “escândalos”, no plural, e sim em um único e
portentoso modelo de negócios. Mensalão, petrolão, Bancoop e o que mais
venha têm claras conexões uns com os outros e se destinam, todos eles, a
irrigar o PT com recursos ilícitos - e, eventualmente, permitir que a
tigrada desfrute de algum fausto.
Não se sabe quais outros fantasmas ainda aparecerão para assombrar os
petistas. Numa história partidária que inclui até mesmo um assassinato
em circunstâncias mal explicadas - o de Celso Daniel, o prefeito petista
que sabia demais -, a noite é longa.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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