sábado, 27 de fevereiro de 2016

Hotel Pestana fecha em definitivo na segunda e dá espaço à novo projeto


Com ele se vão 36 anos de história, pois o antigo Le Meridien (atual Pestana) foi construído no final dos anos 70, sendo o primeiro grande hotel cinco estrelas de Salvador

por
Adilson Fonsêca
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
Foto: Reginaldo Ipê
Rede Pestana estuda novo modelo para viabilizar o negócio
A notícia para o trade turístico de Salvador não poderia ter sido pior. O maior hotel da cidade, com 430 apartamentos, localizado no bairro do Rio Vermelho, fecha em definitivo as portas na próxima segunda-feira (29).

Com ele se vão 36 anos de história, pois o antigo Le Meridien (atual Pestana) foi construído no final dos anos 70, sendo o primeiro grande hotel cinco estrelas de Salvador.
O fechamento do hotel, confirmado pela própria direção do Pestana Hotel Group, de Portugal, não foi bem digerida pelos empresários do setor e muito menos pelo secretário estadual de Turismo da Bahia, Nelson Pelegrino.

Pelegrino disse, em nota oficial divulgada pela Assessoria de Comunicação, que disse que “é inaceitável o fechamento desta que é uma das mais importantes unidades hoteleiras da Bahia”.
Para o presidente do Sindicato dos Hotéis, restaurantes, bares e similares de Salvador e Litoral Norte (Sindhotéis), Gilberto Marquezini, o maior problema está na indefinição sobre o que será feito no local do Hotel pestana.

“Não se sabe o que vai acontecer daqui porá frente e como iremos recuperar a imagem do turismo na Bahia, que sofre um profundo abalo com o fechamento do hotel”, disse.
O Pestana Hotel Group tem 87 unidades em 15 países da Europa, África e Américas. No Brasil, a rede opera atualmente com 8 unidades em cidades, entre  resorts e empreendimentos corporativos.

De acordo com a revista norte-americana “Hotels”, o Pestana Hotel Group ocupa a 125ª posição do top 300 das empresas hoteleiras mundiais e 26º no ranking do European Hotel Survey, da revista “Hotel Management International”.

O Hotel  Pestana na Bahia foi construído pelo Banco do Brasil  há 40 anos para abrigar o Le Meridien.  Em 1987 foi arrendado pelo Grupo Sisal, mantendo o mesmo nome,mas em 2000 foi fechado. Reabriu no ano seguinte com o nome de Carlton Bahia (Pestana).
Prejuízos
O presidente do Sindhotéis na Bahia, Gilberto Marquezini, disse que o fechamento do Hotel Pestana , o primeiro e  maior hotel cinco estrela no estado, é emblemático e demonstra para o país a crise no setor turístico na Bahia. “É um baque no turismo baiano, a despeito da cidade estar mais cuidada e com novos atrativos”, disse.
Ele diz que esse baque é ainda maior porque Salvador está há mais de quatro meses sem um Centro de Convenções e que se ressente da falta de opções para o turismo de negócio.

“Se falou muito na ocupação hoteleira no  Reveillon e no carnaval, mas esquecem-se de que somados esses dois eventos, são pouco mais de 10 dias para um ano de 365 dias, que vive agora no períoido da baixa estação”, disse.
No ano passado, conforme os dados do trade turístico, a média de ocupação hoteleira em Salvador foi de  pouco mais de 53%, com dois picos, fim de ano e carnaval. Principal destino turístico do Nordeste e entre os cinco mais visitados no País. Salvador tem uma rede hoteleira composta de 406 estabelecimentos dos mais diversos tipos, tamanhos e categorias, que proporcionam a oferta de 40 mil leitos. Contudo, do total de estabelecimentos, 10 são hotéis considerados de primeira linha (cinco estrelas), 17 são da categoria de quatro estrelas e 40 de três estrelas.
Grupo investe em empreendimento 
Ainda sem detalhar o conteúdo, o Grupo Pestana informou, através de nota emitida pela sua assessoria, que no lugar do hotel no Rio Vermelho surgirá um novo empreendimento. De acordo com o diretor de operações Paulo Dias, a novidade será anunciada brevemente.

“No momento, estamos na fase de desenvolvimento do master-plan. Nossa idéia é uma proposta integrada às transformações do Rio Vermelho. Continuamos apostando na força do turismo da Bahia”, afirma a nota.
 A nota nega ainda que o fechamento do hotel no Rio Vermelho signifique o fim das operações do grupo na capital baiana. “Ao contrário do que  se tem sido especulado, a desativação dos quartos do Hotel Pestana Bahia, não significa a suspensão das atividades hoteleiras no Rio Vermelho. O Pestana Lodge continuará funcionando e a recepção dele permanecerá no lobby do Hotel Pestana Bahia”, explica o executivo do grupo, Paulo Dias.
 O Grupo Pestana remanejou 60 funcionários dos 103 que estavam ativos no Hotel Pestana Bahia para o Pestana Lodge e o Pestana Convento do Carmo. Apenas43 serão desligados a partir do dia 1º de março. “Procuramos evitar ao máximo as demissões, mas infelizmente foram inevitáveis neste período de grave crise econômica”, diz Paulo Dias.
Futuro
Ao se referir aos projetos futuros, a assessoria do Grupo Pestana diz que está desenvolvendo um novo projeto para Salvador na área do Hotel Pestana Bahia. Atualmente a nova proposta encontra-se em fase de estudos de viabilidade técnica e econômica, quando se faz o diagnóstico do imóvel, as avaliações das legislações pertinentes e do potencial da região. Com base na análise desses dados, é desenvolvido um plano de ocupação e uso da área, com previsão de investimento e retorno
“Tanto o Pestana Lodge quanto o Pestana Convento do Carmo continuam em operação. Para eles foram remanejados 60 dos 103 funcionários que estavam ativos  no Hotel Pestana Bahia. Em razão da grave crise econômica, não foi possível absorver os demais 43 trabalhadores que terão todos os seus direitos trabalhistas garantidos e suas rescisões homologadas a partir do dia primeiro de março”, conclui.
Governo tenta reverter prejuízo
Numa última tentativa de reverter a situação de fechamento do maior hotel cinco estrela de Salvador, o secretário estadual de Turismo, Nelson Pelegrino, disse que  o Governo do Estado vem realizando esforços concentrados na identificação de grupos privados que possam assumir o empreendimento hoteleiro e mantê-lo em atividade.

“É inaceitável o fechamento desta que é uma das mais importantes unidades hoteleiras da Bahia”, afirmou.
Para o secretário Nelson Pelegrino, houve quebra de diálogo da direção do Grupo pestana com o Governo do Estado, na medida em que o compromisso de se buscar alternativas para evitar o fechamento não foi cumprido.

Ele citou o fato de que a direção do Grupo Pestana havia se comprometido, em outubro de 2015, a estudar alternativas para viabilizar o pleno funcionamento do hotel. “O anúncio de fechamento interrompe o diálogo que estava em andamento”, enfatizou.
Em Portugal
Segundo o secretário, durante reunião realizada em Lisboa para tratar especificamente deste assunto, a Setur colocou-se à disposição do grupo para colaborar com a necessária reestruturação do hotel, dada a sua importância para a capital baiana.

Na ocasião, disse o secretário, o executivo do Grupo Pestana, José Manuel Costa, informou que o hotel seria fechado para reforma, enquanto haveria a reestruturação da modelagem de operação, relatou Pelegrino.
“O eventual fechamento de uma unidade hoteleira deste porte não afetaria somente o quadro de funcionários, mas também a cadeia produtiva do turismo, lamentou o secretário. Além disso, não se pode esquecer que a reabertura do hotel, em 2002, sob o controle do grupo português, se deu com incentivos e financiamento do BNB”, concluiu.
?Centro de Convenções parado
Na última quarta-feira o Fórum Empresarial da Bahia, que reúne 30 entidades de todos os segmentos da economia no estado, juntamente com o Conselho Baiano de Turismo, composto por 20 associações do setor, e a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis Bahia emitiram um documento oficial em que solicita ao Governo do Estado empenho para solucionar a situação do Centro de Convenções da Bahia (CCB). O espaço está fechado para reforma há seis meses.
As entidades afirmam que o fechamento do centro tem causado grandes prejuízos à economia da capital baiana, com perda de grandes congressos para a cidade, eventos que movimentam os meses de baixa estação de turismo de lazer. O documento também associa a suspensão das atividades no espaço ao fechamento de hotéis como Tulip Inn e Pestana, com a perda de mais de cinco mil postos de trabalho na hotelaria.

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