quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Epidemia do Aedes aegypti reduz em 25% as doações de sangue


Enquanto o número de bolsas de sangue no Hemocentro do município cai, aumenta o número de solicitações de bolsas para pacientes contaminados pelo mosquito

por
Adilson Fonsêca
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
Com apenas seis bolsas do sangue Tipo O Negativo (O-), o Hemocentro da Bahia (Hemoba) só está distribuindo esse tipo de sangue para hospitais da rede pública em casos de cirurgias mais complexas, como as cardíacas, ou em situações emergenciais. Para quem vai se submeter às cirurgias eletivas, aquelas que não têm urgências e são previamente programadas, a orientação é para que se adie o procedimento.
Por causa da tríplice epidemia – Dengue, Chikungunya e Zika – os doadores estão começando a rarear e com isso o déficit no estoque geral de sangue do Hemoba sofreu um baque de 25%, nos dois primeiros meses do ano, nível considerado crítico. De uma necessidade diária de 200 bolsas de sangue, apenas 150 têm sido ofertadas pelos doadores, o que faz com que dificulte a distribuição aos hospitais públicos para situações eletivas.
No inventário que mostra o estoque de bolsas de sangue do Hemoba, publicado ontem no site da instituição, os sangues do tipo A Negativo, AB Negativo, O Negativo e O Positivo estavam em níveis críticos, o que impõem restrições na distribuição aos hospitais da rede pública. Já os sangues tipos B Negativo e A Positivo ontem já estavam com os estoques no nível de alerta. Somente os sangues do tipo B Positivo e AB Positivo estavam com seus estoques considerados estáveis.
O coordenador de coleta do Hemoba, Marcelo Matos diz que não há falta de sangue para situações emergenciais, que incluem não apenas as cirurgias complexas e emergenciais, mas também para situações inesperadas que envolvam um elevado número de vítimas. Admite, no entanto, que as coletas estão bem abaixo das expectativas para o período. A redução no número de doadores de sangue começou em agosto do ano passado e vem se acentuando à medida em que aumentam os casos de Dengue, Zika e Chicungunya em todo o Estado.
Desinformação
Quem contraiu qualquer uma das três doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti – dengue, chikungunya e zika – e foi tratado e durante o período mínimo de 30 dias e não mais apresentou os sintomas das doenças, pode voltar a doar sangue normalmente. Conforme explica o coordenador de captação do Hemoba, Marcelo Matos, não existem riscos de se ter um sangue contaminado após esse período, “além do que, qualquer doador se submete a todos os exames rotineiros  antes de fazer a doação”, disse.
Com seis unidades de coleta em Salvador, incluindo a sede na Vasco da Gama, ao lado do Hospital Geral, o Hemoba atende, além de Salvador, a 26 regiões no interior do Estado. Conforme diz Marcelo Matos, normalmente são registradas quedas no número de doações entre o final do ano e período que antecede o carnaval. “Este ano, contudo, a queda foi bem abaixo do que esperávamos e podemos atribuir parte da situação à epidemia, que faz com que o doador que foi contaminado, não retorne ao banco de sangue”, afirmou.
No interior do estado o município de Itabuna, na Região Sul e a 426 quilômetros de Salvador, é o que tem registrado o maior número de casos de dengue em 2016, com 2.697 notificações dos 7.700  casos notificados em janeiro e fevereiro na Bahia. Em situação de emergência por causa da dengue desde dezembro, devido à epidemia provocada pelo mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika, o único Banco de Sangue da cidade está com dificuldades em atender aos pacientes dos hospitais da região, com queda de 30%.no número de doadores.
Enquanto o número de bolsas de sangue no Hemocentro do município cai, aumenta o número de solicitações de bolsas para pacientes contaminados pelo mosquito, que têm necessidade de reposição, por causa do número muito baixo de plaquetas no organismo. O coordenador do Serviço de Captação, o enfermeiro, Adelson Bispo, do Hemocentro de Itabuna, explicou que com os riscos de dengue hemorrágica,  a transfusão de plaquetas é essencial para que não haja um risco maior de sangramentos nos pacientes contaminados.
Veja quem pode fazer a doação 


Mesmo para quem contraiu uma das três doenças transmitidas pelo Aedes aegypiti – dengue, chikungunya e zika – não há restrições para que se possa doar sangue, desde que no período de 30 dias não tenha apresentado novos  sintomas das doenças. A triagem de doadores,  feita pelo Hemoba obedece às normas legais vigentes na Portaria do Ministério da Saúde n.º 2.712 de 2013, que impõe alto rigor de segurança ao doador e ao receptor.
Condições Básicas
- Estar em boas condições de saúde
- Pesar acima de 50 quilos
- Menores de 18 anos devem estar acompanhados por um responsável legal - Pessoas com mais de 60 anos só poderão doar caso já tenham realizado uma doação antes dos 60 anos
- Não ingerir bebida alcoólica nas últimas 12 horas
- Não fumar por pelo menos 2 horas.
Quanto ao número de doações:
- Homem – Até quatro doações à cada 12 meses, com intervalo de 60 dias.
- Mulheres  - Ate três doações com intervalo de 90 dias .
Impedimentos temporários
- Resfriado, com febre. Prazo de 15 dias após fim dos sintomas
- Estar grávida
- Período pós-gravidez (90 dias para parto normal e 180 para o cesariano)
- Período de amamentação (durante os primeiros 12 meses)
- Tatuagem e/ou piercing nos últimos 12 meses
- Ter feito exames/procedimentos endoscópicos nos últimos 6 meses
- Riscos de doenças sexualmente transmissíveis; aguardar 12 meses.
Impedimentos definitivos
- Quem teve diagnóstico de hepatite após os 11 anos de idade
- Evidência clínica ou laboratorial das seguintes doenças transmissíveis pelo sangue: hepatite B e C, AIDS (vírus HIV), doenças associadas aos vírus HTLV I e II e Doença de Chagas
- Uso de drogas ilícitas injetáveis.

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