Dirigentes petistas reagiram com irritação, nesta segunda-feira (4), ao ministro Jaques Wagner (Casa Civil), que, em entrevista à Folha, disse que o partido "se lambuzou" no poder. O ex-ministro da Justiça Tarso Genro disse que a declaração de Wagner
"foi profundamente infeliz e desrespeitosa, porque generaliza e não
contextualiza".
Segundo ele, o chefe da Casa Civil faz "coro com o antipetismo raivoso
que anda em moda na direita e na extrema direita do país"."Com a
responsabilidade que ele tem, deveria ser menos metafórico e mais
politizado nas suas declarações", reagiu Tarso.
A entrevista de Wagner acentuou o mal-estar entre governo e partido.
Integrantes da direção partidária, deputados e senadores fizeram chegar
ao Palácio do Planalto sua insatisfação diante da fala do ministro,
classificada por eles como "um ataque desnecessário" à legenda.
O presidente do PT de São Paulo, Emídio de Souza,
afirmou que o PT sofreu desgaste ao defender o governo de Dilma
Rousseff."Sustentar o governo mesmo quando ele se distanciou da sua base
social e
do seu programa também desgastou o partido. O momento é de ajustar o
rumo do governo e do partido, garantir e aprofundar as conquistas e não
ficar se atacando mutuamente", disse Emídio.
O secretário de Organização do PT, Florisvaldo Souza, também chamou de
infeliz a declaração.Coordenador da maior força petista, a CNB
(Construindo um Novo Brasil),
Francisco Rocha disse ser "lamentável que figuras expoentes do partido
se utilizem da astúcia da velha mídia quando este debate deveria ser
realizado internamente".
"O PT não se lambuzou em cuia de mel", disse Rochinha, acrescentando que
o erro foi não ter se organizado para aprovar a reforma política.
Líder da corrente Articulação de Esquerda, Valter Pomar registrou sua
crítica nas redes sociais."Acho que em 1998, num encontro nacional
petista, um determinado senhor disse que o problema do seu partido é que
ele tinha que aprender a ser uma grande máquina eleitoral. Muitos anos
depois, este mesmo senhor agora critica o seu partido porque se
'lambuzou'".
Ocupando interinamente a liderança do PT no Senado, Paulo Rocha (PA)
minimizou o impacto das declarações. Segundo ele, o próprio partido
reconhece que reproduziu métodos em vez de se valer da popularidade de
Lula para modificá-los. "Cometemos erros. Foi um erro o mensalão, foi um erro fazer o caixa dois", admitiu.
pularidade não é
crime". "É um defeito, um problema que vamos seguir trabalhando para
resolver."
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