Nível do rio atingiu - 47 centímetros nesta quarta-feira (27), diz Femarh.
Especialista diz que previsão para chuvas ainda é abaixo do normal.
Casa
flutante e canoas encalhadas em área do Centro de Boa Vista nesta
quarta-feira (27); ao fundo, a Ponte dos Macuxi com as pilastras
completamente visíveis (Foto: Inaê Brandão/G1 RR)
A mais intensa estiagem dos últimos 20 anos em Roraima
levou o Rio Branco, o principal do estado, a registrar a marca
histórica de - 47 centímetros nesta quarta-feira (27). O nível normal é
de 2,40 metros. Com a queda drástica no volume de água, as paisagens
começam a mudar em algumas áreas da cidade.Conforme a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), a seca no rio é causado pelo fenômeno El Niño, que reduz as chuvas e intensifica o calor, facilitando também a propagação de queimadas. Para enfrentar a seca, a governadora do estado, Suely Campos (PP) decretou emergência em 10 dos 15 municípios do estado.
Base de apoio dos pilares da Ponte dos Macuxi estão completamente visíveis (Foto: Arquivo pessoal)
De acordo com ele, o nível do rio começou a baixar em outubro de 2015,
quando os especialistas perceberam que a estiagem de 2016 seria bastante
intensa. Normalmente, o período seco do rio branco só é percebido entre
os meses de dezembro e janeiro."Desta vez, começamos a ver que a precipitação do rio estava muito baixa desde outubro. Então, apesar de que nos últimos três anos tivemos fortes períodos de estiagem, observamos que a seca em 2016 seria bastante acentuada", frisou Martins.
Em 2015, o rio chegou a 7 centímetros, o menor nível dos quatro anos anteriores. Na época, a situação foi classificada como "fora do comum" pela Femarh, uma vez que no mesmo período de 2014 o Rio Branco estava em 63 centímetros.
Astrogildo Texeira, 43, trabalha na extração de
areia do Rio Branco há 15 anos e contou que
nunca viu o rio tão seco
(Foto: Inaê Brandão/G1 RR)
'Nunca vi o rio tão seco'areia do Rio Branco há 15 anos e contou que
nunca viu o rio tão seco
(Foto: Inaê Brandão/G1 RR)
Astrogildo Texeira, 43, trabalha na extração de areia do Rio Branco há 15 anos e contou ao G1 que nunca viu rio tão seco quanto ele está atualmente.
"De todo o tempo que estou aqui esse ano é o que eu o vi mais seco. Sempre chove um pouco nesse período, mas esse ano não choveu mais", conta.
Apesar de trabalhar com a areia, Teixeira contou que a seca também está prejudicando os negócios, porque a balsa que usa no serviço está impedida de trafegar pelo rio.
"Essa seca faz mal para tudo. O trabalho fica mais difícil porque dificulta o acesso ao rio. Eu tiro areia com a balsa, mas ela não anda mais porque não tem água. A areia está a 600 metros de distância, não tem diesel que aguente", explica.
Flutuante no Rio Branco em junho de 2015
(Foto: Jackson Félix/G1 RR)
Números(Foto: Jackson Félix/G1 RR)
De acordo com metereologista da Femarh, Ramón Alves, com base em registros da Agência Nacional de Águas (Ana), o nível mais baixo do Rio Branco havia sido registrado em 1998, quando ele chegou a medir apenas 12 cm.
No entando, de acordo com o professor e pesquisador da Universidade Federal de Roraima (UFRR), doutor Carlos Sander, em 2003 o nível do rio registrou a cota de 10 cm.
Já a maior cheia do rio foi em 2011. Na época, ele alcançou 10,20 metros e desabrigou famílias que moravam no Centro da capital.
Previsão de chuvas abaixo do normal
Apesar da seca histórica, meterologistas acreditam que devem ocorrer chuvas antes de abril, quando termina o período seco no estado. No entanto, a precipitação de chuvas não deve ser suficiente para mudar o cenário no Rio Branco.
"As previsões indicam que essas chuvas vão ficar abaixo do normal também devido ao El Niño, o que deve fazer com que o nível do rio oscile, mas não o suficiente para evitar que o ele fique como já está", explicou Ramón.
Imagem mostra o Rio Branco no início do período chuvoso de 2013 (Foto: Bruno Willemon)
Governo usa Plano de Contingência para evitar desabastecimentoSegundo o governo do estado, a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima está desde 2015 executando um Plano de Contigência para evitar o desabastecimento da população.
"O plano prevê a perfuração de 50 poços, executados conforme a necessidade de cada localidade, tanto para Boa Vista quanto para o interior do estado. Além disso, disponibiliza cinco caminhões-pipa para distribuição de água potável nas localidades que tiverem essa necessidade, como é o caso de Pacaraima, que já utilizou esse serviço", detalhou a Companhia em nota.
A nota diz também que as duas bombas de captação de água do Rio Branco saíram de ponto fixo e hoje são flutuantes. "A Companhia faz um apelo e pede a compreensão de todos para evitar o desperdício de água, alertando para o consumo consciente", encerrou.
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