sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Chikungunya ocasiona nova doença no Brasil


Publicado pelo LeiaJá, site parceiro do Tribuna da Bahia

por
Jorge Cosme
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
A índia xucuru Daniele Marques de Santana, de 17 anos, que morreu no Hospital da Restauração (HR) no dia 7 de janeiro de causas na época desconhecidas após apresentar déficit motor e sintomas de arbovirose, teve o resultado de seus exames divulgado em coletiva realizada nesta sexta-feira (29/1). Os testes concluíram que Daniele teve um quadro de chikungunya e, em seguida, miosite.
O resultado surpreende: este é o primeiro caso conhecido na literatura médica brasileira de miosite causada por chikungunya. Em seus estudos, a doutora Lúcia Brito, chefe do setor de neurologia do Hospital da Restauração (HR) e representante no Nordeste da Academia Brasileira de Neurologia, encontrou apenas quatro casos anteriores da mesma ocorrência em todo o mundo. Foi no período de 2013 e 2014, na Índia, durante uma epidemia de arboviroses.
A miosite é uma doença naturalmente rara, que causa inflamação dos músculos e pode levar à insuficiência respiratória. Quando aguda, como no caso de Daniele, é grave e precisa ser tratada com celeridade.
Inicialmente, corria o rumor de que a jovem havia morrido em decorrência de Guillain-Barré, doença neurológica que tem surgido em pacientes que apresentam um quadro anterior de zika vírus. “Guillain-Barré e miosite dão paralisia flácida, podem acometer o músculo da respiração. Mas Guillain-Barré acomete os nervos e miosite os músculos”, diferencia Brito.
Dos 150 casos de complicações neurológicas registrados pelo Hospital da Restauração (HR) em 2015, 99 foram revistos, 55 deram positivo para Guillain-Barré. Pernambuco registra dez mortes dentro do grupo de 150, nove por GB e a décima, agora, por miosite.
No segundo semestre de 2015, o número de casos de GB diminuíram. Parece ser uma boa notícia, mas não é bem assim. Segundo a doutora Lúcia Brito, apareceram mais casos de mielite.
“Mielite é uma situação mais grave. Quando ela aparece, o individuo tem déficit motor, praticamente não move as pernas e pode acometer os braços e como é o tecido medular, não é nervo, a recuperação é mais difícil”, explica. Pernambuco já contabiliza cerca de 30 casos de mielite.
Durante a coletiva, a doutora aproveitou para reforçar que as pessoas procurem um médico caso sintam os sintomas. “Se após uma virose a pessoa apresentar paralisia na face, nos membros, sensação de dormência nos membros, déficit motor, sinais de agressividade ou estarem desconexas, falando coisas sem sentido, devem procurar cuidado porque esses são sinais de alerta”, afirma.
Resultados – Dos 55 casos confirmados de Guillain-Barré, quatro foram causados por zika vírus e quatro por dengue. Os demais apresentaram traços de dengue, mas não é possível afirmar pois os exames foram feitos tardiamente, quando não é mais possível fazer a distinção entre zika e dengue.
Chikungunya – Em 2015, o estado registrou 2.605 casos suspeitos da doença, sendo 450 confirmados e 589 descartados. Entre os dias 3 e 16 de janeiro deste ano, foram notificados 701 casos suspeitos de chikungunya em 69 municípios de Pernambuco.

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