Setor produtivo brasileiro também vive crise, com quedas de faturamento
O Brasil vive um momento de crise em seus principais setores produtivos, além de renovar máximas históricas no nível de desemprego a cada novo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O país perdeu o grau de investimento na avaliação de suas das três agências internacionais de risco, sua moeda segue se desvalorizando ante o dólar, e indústria e agricultura seguem com resultados desanimadores. Ainda assim, bancos seguem divulgando lucros cada vez maiores no Brasil, na contramão dos setores que produzem.Nesta quinta-feira (28), a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) trouxe que o país fechou dezembro com taxa de desocupação em 6,9%, pior resultado para o mês desde 2007. No acumulado de 2015, a taxa média de desemprego foi de 6,8%. De acordo com o IBGE, a elevação de 2 pontos percentuais entre um ano e outro foi a maior de toda a série anual da pesquisa, além de interromper a trajetória de queda do desemprego que vinha desde 2010.
Esta, porém, não foi a única má notícia divulgada nesta semana. Ontem (27), a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) informou que, em 2015, o setor industrial teve sua terceira queda anual consecutiva em faturamento. O recuo foi de 14,5%, para R$ 84,873 bilhões. As exportações somaram US$ 8,03 e as importações, US$ 18,82 bilhões – quedas de 16,2% e 23,3%, respectivamente, em relação ao ano anterior.
Apenas neste setor, 45 mil postos de trabalhos foram fechados ao longo de 2015 e as perspectivas para este ano continuam sendo desanimadoras. A Abimaq estima que cerca de 20 mil vagas sejam eliminadas em 2016. Nesta quinta, durante o chamado Conselhão, a entidade presente sugerir ao governo federal a adoção de incentivos fiscais para que fábricas instaladas no Brasil possam renovar seus parques industriais.
O setor bancário, por outro lado, parece ser o único a não sentir os efeitos da crise que acomete o país. Também nesta quarta-feira, o espanhol Santander divulgou seu balanço de 2015. Na América Latina, o lucro da companhia cresceu 10% no ano passado, chegando a US$ 3,47 bilhões. Dentro do bloco, o Brasil foi o país com melhor desempenho – com lucro de US$ 1,77 bilhão, alta de 13,5% em relação ao período anterior.
Na Espanha, o lucro progrediu 18,2%, para 977 milhões de euros, apesar de um retrocesso dos créditos ao setor público e das reduzidas taxas de juros na zona do euro.
O clima de euforia, entretanto, parece não se estender a todos os países onde o banco atua. Nos Estados Unidos, o Santander teve queda de 21,3% em seu lucro de 2015, que somou US$ 773,21 milhões. No somatório de todo o grupo no quarto trimestre de 2015, o desempenho também recuou; o lucro líquido de US$ 27,12, ante os US$ 1,46 bilhão registrado em igual período de 2014.
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