LULA MARQUES/AGÊNCIA PT
Dilma Rousseff e Fernando Pimentel fecham 2015 com muitas dificuldades em meio à crise
Um ano depois de assumir seu segundo mandato presidencial, Dilma Rousseff corre o risco real de ser retirada do Palácio do Planalto por conta de um processo de impeachment.
Em Minas Gerais, 2015 também foi de turbulência para o governador Fernando Pimentel devido ao efeito das investigações da operação Acrônimo, da Polícia Federal, que teve sua quarta fase deflagrada este mês.
Apesar de o cenário sugerir [TEXTO]perspectivas desanimadoras para o PT nas eleições municipais de 2016, a presidente do PT-MG, Cida de Jesus, prefere acreditar que a crise não afetará os planos do partido. "Algumas pessoas dizem que o PT morreu, mas na verdade o partido está muito vivo. É com esse espírito que entramos em 2016", disse.
Para ela, a crise tomou proporção maior do que tem na realidade por influência da oposição. "Existe crise, mas não é do tamanho que a oposição tenta colocar. Crise não é ponta de lança das eleições do ano que vem", completou.
Prova da convicção da presidente do diretório é que em 2016 o PT-MG espera, no mínimo, reeleger os 115 prefeitos com mandato e ainda ampliar este número, segundo Cida. <
OPOSIÇÃO
Já o partido tucano enxerga um futuro político "terrível" para o país em 2016, com desgastes generalizados, se os governos continuarem agindo da mesma forma que fizeram em 2015, avalia o deputado federal Domingos Sávio, presidente do PSDB-MG.
"Falta credibilidade. O governo petista tem viés muito autoritário. Deixa uma marca tão triste quanto as marcas da ditadura, além das marcas de corrupção", afirmou o parlamentar.
"No Estado, mesmo sendo do mesmo partido de Dilma, o governo não consegue se relacionar e liberar recursos importantes para Minas. Então a situação não deve ser diferente em 2016", atacou.
Contudo, pensando nas eleições do ano que vem, Domingos Sávio acredita que o ambiente será favorável para a oposição. "Quanto mais a população percebe o quanto o PT mentiu, mais o ambiente melhora para a oposição. E o PSDB representa a oposição mais clara e organizada contra o PT". Segundo ele, até julho, o partido tucano estava organizado em 300 cidades mineiras. Hoje, está presente em cerca de 800 municípios.
Vice-presidente do PMDB em Minas, o deputado estadual Ivair Nogueira reconhece as dificuldades políticas enfrentadas pelo partido este ano, e as econômicas, sentidas especialmente pelos prefeitos mineiros. "A expectativa é que as coisas melhorem, mas é preciso largar a briga política e fazer reformas corajosas em todas as áreas, como não são feitas há mais de 20 anos.
Com queda no FPM, municípios começam o ano no vermelho
A crise financeira que afetou praticamente todos os municípios mineiros durante o ano fará com que muitos deles entrem em 2016 no vermelho. A falta de recursos chegou a prejudicar áreas vitais como educação e saúde, além do pagamento de servidores e fornecedores.
Para esses prefeitos, que dependem de repasses dos governos estadual e federal para gerir os municípios, a situação é de desespero e o que resta a eles é "pedir a Deus", diz o presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM) e prefeito de Pará de Minas, Antônio Júlio (PMDB). Isso para que a crise política não se agrave mais e crie um cenário econômico ainda pior.
"Precisamos de uma mudança urgente de comportamento na política. As perspectivas são terríveis. Tivemos uma queda no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) de praticamente 6% e as despesas dos municípios aumentaram, no mínimo, 25%. A conta não fecha", afirma.
Antônio Júlio alega que os prefeitos já fizeram o dever de casa cortando na carne para tentar diminuir as despesas. "Coisa que os governos federal e estadual deveriam ter feito. A maioria dos prefeitos diminuiu funcionários e custos possíveis da máquina administrativa".
O presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de BH (Granbel) e prefeito de Vespasiano, Carlos Murta (PMDB), pede "juízo" aos governantes e políticos no Congresso para se ter um pouco de esperança em 2016. "Estamos pedindo que o Congresso deixe o Brasil trabalhar. Da forma que está, não vemos perspectiva de melhora. Ninguém entende mais quem pode resolver a situação, se é o Executivo, o Legislativo ou o Judiciário, não sabemos a quem recorrer".
Murta critica o próprio partido, representado no Congresso por Renan Calheiros e Eduardo Cunha. "Cunha faz loucuras na Câmara e não é retirado de lá. Tem que afastar quem for necessário. Se descobrirem que a presidente Dilma cometeu crime, que afastem ela também e deixem o país andar".
Especialistas desenham um cenário de recessão até 2017
As previsões de especialistas, com base nos últimos relatórios divulgados pelo Banco Central, são de mais recessão ao longo do próximo ano. Analistas afirmam que o cenário de deterioração deve se estender pelo menos até meados de 2017.
"As perspectivas para este ano (2016), praticamente fechadas, são ruins em qualquer análise que se faça. O quadro é extremamente preocupante", avalia a professora de Economia da FGV-IBS Virene Matesco.
A projeção de queda para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2015 avançou para 3,62%, conforme dados do último relatório Focus. Se confirmado, o resultado será o pior em 25 anos. Em 1990, quando Fernando Collor assumiu a presidência da República, houve retração de 4,35%.
"Dos últimos quase 80 anos pra cá, vimos na história do país apenas três momentos de queda tão profunda quanto esta", afirmou a professora.
Para o ano que vem, a queda já prevista está entre 2% e 3%. "Junto a isso temos uma inflação elevadíssima, problema fiscal, trajetória explosiva da relação dívida e PIB e queda vertiginosa da indústria, setor que mais emprega no país", analisou Virene.
Segundo a especialista, o pedido de processo de impeachment da presidente Dilma complica ainda mais o quadro econômico. "Estamos no começo de um processo que não sabemos quanto tempo deve durar. O que mais preocupa é a falta de investimento".
O coordenador do curso de Economia do Ibmec, Eduardo Coutinho, endossa a tese de que quanto mais tempo demorar para resolver a questão da cassação, mais a economia ficará prejudicada.
"O governo depende de uma série de decisões do Congresso, que está parado. A expectativa é que haja uma solução. Mas essa imobilização é muito ruim para a economia", argumentou. Para Coutinho, tudo indica que o alento não virá no ano que vem. "Só da metade de 2017 em diante é que vamos começar a sentir uma lenta recuperação da economia no país".
Previsões
SOBRE A PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF
"Temos um mapa (astral) difícil para o governante do início do ano. Se a presidente já está enfraquecida, vai sentir uma grande pancada. Janeiro terá aspectos difíceis para os governantes e a tendência é a de que os movimentos contrários a ela se firmem novamente. A gente não consegue ter 100% de assertividade, mas ela tem chance grande de sofrer um impeachment"
Jacqueline Cordeiro
Astróloga e escritora
SOBRE A ECONOMIA
"Não será um ano de emprego, mas um ano de trabalho. A crise é internacional, não é só no Brasil, afetou o mundo inteiro. O Brasil não vai sair do buraco, infelizmente. Porque a crise não é só econômica, é política e social"
Maria José Lima
Taróloga, sensitiva e filósofa
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