domingo, 27 de dezembro de 2015

Operação Lava Jato: o ano dos tubarões enjaulados


Ao todo, 116 pessoas já foram presas. A Justiça fechou acordos para recuperar R$ 1,8 bilhão

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iG - O Dia
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
Foto: Reprodução/O Dia
Deflagrada em março de 2014, a Operação Lava Jato prendeu 116 políticos, donos de grandes empreiteiras, doleiros, empresários e ex-diretores da Petrobras envolvidos em negociatas com dinheiro público. Em um ano e nove meses, figuras importantes da República, como o empreiteiro Marcelo Odebrecht e o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), foram enjauladas no desenrolar da maior operação de combate à corrupção no país.
Ao todo, foram 35 denúncias contra 173 pessoas apresentadas pelo Ministério Público Federal ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Somadas, as penas aplicadas chegam a 680 anos, oito meses e 25 dias nas sentenças já proferidas por Moro. O juiz também absolveu 17 pessoas.
Mais de 60 políticos estão na mira da Polícia Federal e do Ministério Público Federal sob a suspeita de participar do esquema de corrupção na Petrobras. O PP é o partido com o maior número de políticos investigados na Lava Jato: 31. Em seguida, vem o PMDB, com 17. Já o PT aparece com 13 suspeitos de participar do esquema da Petrobras. Solidariedade, PSB e PTB, juntos têm cinco parlamentares na lista de investigados da Lava Jato.
Investigados no Supremo Tribunal Federal (STF), a maioria dos casos envolvendo políticos ainda não resultou em punição. A apuração está sob sigilo no Supremo. Mas pelo menos dois políticos estão denunciados pela corte: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL).
Balanço apresentado pela força-tarefa da Lava Jato, em meados de dezembro, aponta a decretação de 116 mandados de prisão, das quais 61 são preventivas e 55 temporárias. Uma delas foi a do banqueiro André Esteves, solto na semana do Natal. Ele foi preso no mesmo dia que o senador Delcídio do Amaral, em 25 de novembro — o petista passou o Natal detido no quartel da Polícia Militar do Distrito Federal.
Ao longo de quase dois anos de investigações, foram expedidos 88 mandados de condução coercitiva, onde a pessoa é obrigada a ir prestar depoimento na Polícia Federal. Os agentes federais cumpriram ainda 360 mandados de buscas e apreensões. Foram feitos 35 acordos de delação premiada e quatro acordos de leniência (quando a colaboração é firmada por uma empresa). Os crimes denunciados envolvem R$ 6,4 bilhões em desvio da Petrobras e outras estatais. Desse total, a Justiça já conseguiu firmar acordos para recuperar R$ 1,8 bilhão.
Em um ano, 61 condenados
Levantamento divulgado pela Justiça Federal do Paraná, em meados de dezembro, aponta que o juiz Sérgio Moro condenou 61 réus em processos no âmbito da Operação Lava Jato. Alguns deles foram condenados várias vezes.
É o caso do campeão em condenações, o doleiro Alberto Youssef. Condenado em seis processos da Lava Jato, que somam 71 anos de prisão, Youssef teve parte das penas suspensas e até reduzidas por ter ter colaborado de forma decisiva com a Justiça. Ele está na cadeia em Curitiba e deve ficar ainda três anos preso em regime fechado. Depois, ele cumprirá dois anos de regime domiciliar.
Youssef desistiu de passar as festas de fim de ano com a família por considerar injustas e rigorosas demais as condições impostas a ele para usufruir do benefício de liberdade.
Outro dos que encabeça o ranking de condenados é Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Ele foi condenado cinco vezes, a um total de 35 anos de prisão. Depois de fazer delação premiada, ele deve ficar somente mais três anos em regime de prisão domiciliar, cumprindo o restante em regime aberto.
Já o ex-diretor da Diretoria Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e o lobista Júlio Gerin Camargo foram condenado duas vezes, cada. Cerveró e Camargo, por terem feito delação premiada, terão as penas reduzidas. Cerveró deixou a Superintendência da Polícia Federal do Paraná na última quarta-feira, dia 23, para passar o Natal e o Ano Novo com a família, no Rio de Janeiro. Ele deve ficar até o dia 2 de janeiro em casa, sendo monitorado por tornozeleira eletrônica e por escolta policial.
Políticos presos
JOSÉ DIRCEU, ex-ministro do PT - É apontado como um dos articuladores do ‘petrolão’;
DELCÍDIO DO AMARAL, senador do PT - É acusado de tentar compra o silêncio de Nestor Cerveró;
PEDRO CORRÊA, ex-deputado do PP - Condenado por corrupção e lavagem de dinheiro;
LUIZ ARGÔLO, ex-deputado do SD - É acusado de receber propina de fornecedores da Petrobras;
ANDRÉ VARGAS, ex-deputado do PT - Acusado de receber propina de contratos da Caixa;
JOÃO VACCARI, ex-tesoureiro do PT - Foi condenado por associação criminosa por receber propina.
Empresários presos
OTÁVIO AZEVEDO, da Andrade Gutierrez - Pagou propina em dez obras e contratos;
SALIM SCHAHIN, do Banco Schahin - Emprestou R$ 12 milhões para saldar dívida do PT;
RICARDO PESSOA, dono da UTC - É apontado como chefe do cartel de empreiteiras;
AUGUSTO MENDONÇA, da Toyo Setal - Confirmou esquema do cartel de empreiteiras;
JÚLIO CAMARGO, da Camargo Corrêa - Acusado de pagar propina para ganhar contratos.
Políticos denunciados
EDUARDO CUNHA (PMDB-RJ), presidente da Câmara - Acusado de receber propina de contratos da Petrobras;
FERNANDO COLLOR, senador do PTB - Acusado de favorecer empresas em contratos com a BR Distribuidora.

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