domingo, 27 de dezembro de 2015

Estudantes celebram Natal com ceia e 'pizzada' em escola ocupada de SP


Em unidade da Lapa, ceia foi doada e feita por apoiadores da ocupação.
Para o almoço desta sexta, os alunos farão pizzas para pais e vizinhos.

Gabriela GonçalvesDo G1 SP
Estudanteos enfeitaram o palco da escola para o Natal e montaram mesa para fazer a ceia (Foto: Gabriela Gonçalves/G1)Estudantes enfeitaram o palco de escola na Lapa e fizeram uma ceia natalina (Foto: Gabriela Gonçalves/G1)
Cerca de 30 estudantes celebraram o Natal na Escola Estadual Manoel Ciridião Buarque, na Zona Oeste da Capital, uma das unidades ocupadas desde novembro contra a reorganização escolar anunciada e depois suspensa pelo governo de São Paulo. Segundo os alunos, pessoas que apoiam a ocupação doaram alimentos para compor a ceia natalina, que aconteceu à meia-noite desta quinta-feira (24).
 
Para o almoço de Natal nesta sexta-feira (25), uma vizinha que é dona de pizzaria ajudará os jovens a fazerem pizzas.
“A pizzada vai ser aberta aos pais e aos vizinhos. Todo mundo colabora com ingredientes e acompanhamentos e fazemos o almoço”, explica Bárbara dos Santos Oliveira, de 16 anos, uma das estudantes que ocupam a escola.
As escolas começaram a ser ocupadas em novembro. Os estudantes protestaram contra a reorganização escolar anunciada pelo governo estadual com o objetivo de aumentar o número de unidades com ciclo único. Nesse processo de reestruturação, 93 escolas seriam fechadas.
Os jovens afirmam que querem o cancelamento da reorganização, e não a suspensão, conforme anunciado pelo governador Geraldo Alckmin no dia 4 de dezembro.
Ceia
Uma apoiadora da ocupação na Escola Manoel Ciridião Buarque doou e preparou pernil, peru e chester para a ceia dos alunos. Além disso, os jovens providenciaram doces e sobremesas para todos. Com tudo pronto sobre a mesa, os estudantes fizeram uma oração e cearam à meia-noite. “Foi o Natal mais feliz da minha vida”, afirma Bárbara.

“Nós decoramos o palco com elementos que ganhamos, com algumas coisas que já tínhamos e montamos a mesa. Foi bonito. Nos abraçamos como irmãos”, conta Stephanie Marcondes, de 16 anos, também estudante.

Além da refeição, os jovens brincaram, escutaram músicas e conversaram a noite toda. “Os nossos pais nos apoiam. Eles entendem a nossa luta e, como já estamos aqui e dormimos aqui todos os dias, o Natal foi mais um dia”, comenta Felipe Henrique da Silva, de 17 anos.

Para manter a escola os alunos pedem doações aos vizinhos e promovem atividades. Segundo os adolescentes, todos os dias a escola tem, pelo menos, 50 estudantes. “No Natal tinha menos gente porque alguns pais queriam passar em família e não foi todo mundo que pôde vir. Mas para este almoço deve vir bastante gente”, afirma Stephanie.
Estudantes ocupam a Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros (Foto: Karina Godoy/G1)Estudantes ocupam a Escola Estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros (Foto: Karina Godoy/G1)
Escolas ocupadas
Mais de 20 escolas públicas estaduais seguiam ocupadas no estado de São Paulo na quarta-feira (22), mesmo depois de o governo ter suspendido em 4 de dezembro o projeto de reorganização do ensino. Das 22 ocupadas, 18 ficam na capital, segundo a Secretaria da Educação. O estado de São Paulo chegou a ter 196 escolas ocupadas. Segundo a Apeoesp, o sindicato dos professores no estado, são atualmente 24 as unidades ocupadas.
O movimento dos estudantes é contra a reorganização das escolas, anunciada pelo governo em setembro. As ocupações começaram em novembro. Houve também manifestações de rua e conflitos com a Polícia Militar.

Os pedidos de reintegração de posse, por parte do estado, foram barrados pelo Tribunal de Justiça, que promoveu negociações entre as partes, sem acordo. A Defensoria Pública e o Ministério Público se posicionaram contra a reorganização. Isso, aliado à pressão dos estudantes, culminou na suspensão do projeto.

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