Ligado desde sua fundação a movimentos estudantis e da juventude, o PT está envelhecendo. E mais rápido que a maioria dos outros partidos. Desde 2011, a proporção de jovens (16 a 34 anos) na sigla caiu de 25,7% do total da militância para 19,2%. Foi a maior redução entre as cinco siglas com mais filiados (as outras quatro são PMDB, PP, PSDB e PDT), segundo dados da Justiça Eleitoral.
O envelhecimento reflete uma tendência da política brasileira. No mesmo período, a proporção de jovens em relação ao total de filiados caiu em 27 dos 34 partidos brasileiros. E o número absoluto de filiados nessa faixa etária decresceu em 23 deles.
A queda no partido governista, porém, é mais acentuada. Em números absolutos, os jovens petistas foram de cerca de 390 mil em outubro de 2011 para 305 mil em outubro deste ano. A redução, de 21,7%, está acima da média dos partidos (15,4%) e é a segunda maior entre as cinco maiores legendas, atrás apenas do PP (24,2%).
REBELDES SEM CAUSA
“Antes, a motivação para se filiar ao PT era um ato de rebeldia. Agora, passa por uma expectativa de carreira, de obter um cargo. Essa tendência, que é algo visto em todos partidos sociais democratas que chegam ao poder: atrai um número restrito de pessoas porque fica limitado à capacidade de oferecer cargos”, afirma o historiador Lincoln Secco, autor de “A História do PT” (Atêlier Editorial, 2011) e ex-militante da sigla.
A história da relação da advogada Isadora Penna, 24, com a sigla é um exemplo do que Secco afirma. Ela diz que atuou pela reeleição do ex-presidente Lula em 2006 e pensou “muitas e muitas vezes” em se filiar ao PT. Mas mudou de ideia após frequentar as reuniões de campanha.
“Me desanimei ao ver que o partido existia para ganhar as eleições. No pós-campanha não havia nenhuma ideia de seguir atuante com movimento de juventude ou popular”, disse. “E mesmo a juventude que ainda estava lá pensava muito nos cargos que teria quando assumissem”.
Quatro anos depois, Isadora filiou-se ao PSOL, sigla fundada em 2005 por dissidências petistas e que tem atualmente a maior proporção de jovens, 40,3%.
REGRA INTERNA
O próprio PT dá sinais de que enxerga o problema. Em 2011, o partido criou uma regra interna segundo a qual ao menos 20% dos dirigentes do partido têm que ter até 29 anos. Também deu mais autonomia à Juventude do Partido dos Trabalhadores (JPT).
“O PT envelheceu, precisa renovar suas ideias, apresentar candidaturas jovens e candidatos que defendam as pautas da juventude”, diz Jefferson Lima, secretário nacional da JPT.
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