sábado, 26 de dezembro de 2015

Acordos e câmbio desvalorizado elevaram venda de veículos em 18,9%


Bruno Porto - Hoje em Dia


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caminhões, queda, vendas
Mercado de caminhões registrou a queda mais acentuada nas vendas, que alcançou 46,5 %

As exportações de veículos do Brasil deram um salto de 18,9% de janeiro a novembro deste ano em relação a igual período do ano passado, resultado de um câmbio desvalorizado e de acordos comerciais para o setor automotivo que o governo federal assinou neste ano com outros países para facilitar o comércio.

Foram 58,6 mil veículos embarcados a mais neste ano ante 2014, e as expectativas são de 2016 ainda aquecido no mercado internacional. Os dados são da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Uma natural mudança de foco das montadoras, do mercado interno para o externo, a partir da queda do dinamismo da economia local, também colabora para o resultado positivo da indústria automotiva no comércio internacional.

Os veículos leves apresentaram a alta mais significativa, de 19,2% sobre os 11 primeiros meses de 2014, acompanhado de aumento de 18,2% nas vendas externas de caminhões e de 4,5% nos embarques de ônibus.

“A exportação cresce por um conjunto de fatores, e não se deve dar peso maior a um ou outro. As montadoras têm usado a possibilidade de exportar mais com a queda das vendas internamente, mas isso tem um limite porque não se cria mercado tão rapidamente. O dólar, neste momento, favorece, mas não se pode contar sempre com isso”, disse o diretor do Centro de Estudos Automotivos (CEA) e ex-presidente da Ford, Luiz Carlos Mello.

Acordo

Sobre os acordos automotivos que em 2015 o Brasil assinou com Uruguai, Colômbia, Argentina e México, Mello aponta os dois últimos como os que possuem importância considerável para promover elevação das exportações do setor. “Argentina e México são, praticamente, os únicos mercados de destinos dos nossos veículos. O resto são migalhas”, afirmou.

Os acordos firmados são em regime de cotas, exceto com o Uruguai, assinado mais recentemente, em 9 de dezembro, e considerado mais avançado. No modelo cotista, os países têm um número limitado de veículos que pode ser exportado sem a cobrança de tarifas. No caso do entendimento entre Brasil e Uruguai, a cota de exportação era de 14 mil anualmente. As unidades que excediam esse limite eram taxadas em 35%, o que, na prática, é um desestímulo às exportações. Com a substituição desse regime pelo livre comércio, serão eliminadas as cotas e a cobrança de tarifas.

O desafio das fabricantes de veículos é, agora, agregar valor ao mix exportado, uma vez que mesmo com alta de quase 20% no número de veículos vendidos lá fora neste ano até novembro, em valores as exportações tiveram retração de 10% quando comparadas com 2014. Nos 11 primeiros meses de 2015 as exportações somaram US$ 9,6 bilhões contra US$ 10,7 bilhões do mesmo período de 2014.

No mercado interno, comércio recuou 25% em relação a 2014

Se no mercado externo o ambiente é favorável ao Brasil, internamente a situação é desanimadora. As vendas de veículos no mercado doméstico totalizaram 2,3 milhões de janeiro a novembro, o equivalente a um recuo de 25,3% sobre os 3,1 milhões de unidades comercializadas no mesmo período do ano passado.

Dentre os segmentos de veículos, a queda mais acentuada foi verificada nos caminhões, de 46,5%. O emplacamento de ônibus caiu 38,4% e o de veículos leves teve retração de 24,2%, de acordo com os dados da Anfavea.

Em 2014, o mercado brasileiro contabilizou 3,4 milhões de veículos comercializados e não há expectativa de superar este volume em 2015. Inclusive, o mercado vai voltar a fechar o ano abaixo da casa dos 3 milhões de veículos vendidos. Em 2012 as vendas chegaram a 3,8 milhões de unidades, mas de lá para cá caiu em todos os anos.

Autopeças

O bom desempenho das vendas externas de veículos afetam de forma positiva as exportações de autopeças. De janeiro a outubro deste ano o faturamento líquido das exportações cresceu 18,6%, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Autopeças (Sindipeças).

Para a entidade, 2016 será ainda mais favorável. “O mercado interno não vai reagir de uma hora para outra, e o esforço será o de minimizar as perdas daqui com as exportações”, disse o diretor regional do Sindipeças em Minas Gerais, Fábio Sacioto.

De acordo com ele, o volume exportado atualmente representa 20% da produção do país, e poderá atingir no próximo ano 25%. A Argentina é o principal destino, com cerca de um terço dos embarques, mas o crescimento mais acentuado é o da exportação para o México, segundo Sacioto.

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