terça-feira, 29 de dezembro de 2015

A ficção impossível dos governadores


Charge de Fernando Cabral (reprodução da internet)
Carlos Chagas
Dos 14 governadores reunidos ontem em Brasília para lamentar o estado de penúria em que encontram em seus Estados, não terá havido um só capaz de manifestar confiança no ministro Nelson Barbosa. Nem na presidente Dilma. Sem exceção, todos se queixaram da falta de apoio do palácio do Planalto. Mais ainda: deixaram claro que o governo federal faz muito que não honra os compromissos com suas administrações. Nas raras vezes em que depois de suas posses, este ano, puderam dialogar com Madame, ficaram ouvindo promessas vãs, sem consequências.
Nem por isso os governadores tramaram alguma ação de represália contra o poder central. Sabem que ruim com ela, pior sem ela, ainda que não só os filiados ao PMDB examinem com otimismo as possibilidades do impeachment. Claro que de público jamais manifestarão essa esperança. Sustentam, mesmo, que influenciam suas bancadas para repelirem a ação contra a presidente. No fundo, sabem que na hipótese cada vez mais remota de Michel Temer assumir o poder, continuará tudo na mesma. A crise é endêmica, atinge a todos, indistintamente.
NADA A ESPERAR
Os que exercem o primeiro mandato reclamaram mais do que os reeleitos, tendo em vista a impossibilidade de realizarem grandes projetos e grandes obras, ao menos até agora. A lamentável situação da saúde pública, em seus Estados, leva à certeza de que nada haverá que esperar do ministério da Saúde. Nem do novo ministro da Fazenda. A troca de Joaquim Levy por Nelson Barbosa equivaleu à substituição do seis pelo meia dúzia, dada a inexistência de um programa econômico novo e alternativo.
Em suma, o encontro de ontem valeu para que os governadores renovassem votos de Feliz Natal e Próspero Ano Novo, aliás, uma ficção impossível.

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