segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Túmulos na Catedral guardam restos mortais dos primeiros bispos do Acre


Três bispos foram enterrados dentro da Catedral, no centro de Rio Branco.
'Era o desejo deles, serem enterrados no Acre', diz padre.

Quésia Melo Do G1 AC
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Da esquerda para a direita, estão os restos mortais dos bispos Dom Próspero Gustavo M. Bernardi, Dom Giocondo M. Grotti e Dom Júlio M. Mattioli (Foto: Quésia Melo/G1)Da esquerda para a direita, estão os restos mortais dos bispos Dom Próspero Gustavo M. Bernardi, Dom Giocondo M. Grotti e Dom Júlio M. Mattioli (Foto: Quésia Melo/G1)
Os restos mortais dos três primeiros bispos da Diocese de Rio Branco, antiga prelazia do Acre e Alto Purus, estão enterrados em um túmulo na entrada da Catedral Nossa Senhora de Nazaré, no centro da capital acreana. De acordo com o padre Mássimo Lombardi, até hoje, fiéis que conheceram o trabalho dos bispos vão até o local, acendem velas e fazem orações. Ainda segundo ele, alguns religiosos chegaram a atribuir graças atendidas aos sacerdotes.
"Dois morreram fora do estado, mas foram enterrados aqui para preservar suas memórias, pois foram os primeiros bispos. Além disso, esse era o desejo deles, morrerem e serem enterrados no Acre, pois deram suas vidas para isso. Muitos saíram do estado para tratar doenças, mas desejavam ficar aqui. Todos foram da Ordem Servos de Maria, ordem religiosa que ainda existe no Acre", explicou o padre.
Dom Próspero Gustavo M. Bernardi foi o primeiro bispo da diocese. Ele chegou ao Acre em 1920 e faleceu em 1944. Seus restos mortais foram trazidos da Itália e sepultados na Catedral no dia 19 de outubro de 2003. Entre suas obras, estão a Casa do Bispo e ações sociais no município de Sena Madureira, localizado a 145 quilômetros da capital.
Dom Júlio M. Mattioli foi o segundo bispo da Prelazia. Ele chegou ao Acre em 1939 e foi o idealizador da construção da Catedral. Mattioli faleceu em 1962 no Rio de Janeiro (RJ).
"Os dois tiveram uma história muito forte com a comunidade da qual fizeram parte. O bispo é sempre uma referência histórica da caminhada da igreja em uma determinada época", destacou.
Entretanto, segundo Lombardi, Dom Giocondo M. Grotti teria sido o bispo mais amado pela comunidade. Alguns fiéis chegam a atribuir graças alcançadas às orações feitas para o terceiro bispo da Diocese que chegou ao estado em 1963 e faleceu em 1971.
Segundo Lombardi, para ajudar a comunidade, Grotti passou a cursar direito na Universidade Federal do Acre (Ufac), quando a sedeera onde hoje fica o Colégio de Aplicação, na Avenida Ceará.
"Dom Giocondo foi o mais amado, ele morreu aqui no estado em um desastre de avião, em Sena Madureira. Ele tinha uma relação muito familiar com a comunidade. Ele levou muito a sério a humildade do povo, por isso, passou a estudar direito na Ufac. Ele queria defender o povo mais sofrido. Muitos testemunham que foram atendidos através de orações para ele, outras fazem promessas e pedem graças", relatou.
Ainda segundo Lombardi, Grotti fez ao menos 30 discursos no Concílio do Vaticano II, uma série de conferências realizadas entre 1962 e 1965, considerada o grande evento da Igreja Católica no século 20. Os discursos foram recuperados pela Catedral nos documentos do Vaticano.
"Ouvíamos sempre as histórias de que o bispo teria discursado no Concílio, mas não tínhamos esses arquivos. Recuperamos os discursos para mostrar que Grotti não foi ao Vaticano apenas como um simples telespectador, mas para participar ativamente", disse.
História é contada através da tecnologia
Visitantes e turistas podem acessar informações sobre túmulo dos bispos através de QR Code (Foto: Quésia Melo/G1)Visitantes e turistas podem acessar informações
sobre túmulo dos bispos através de QR Code
(Foto: Quésia Melo/G1)
Para divulgar sua história, a Catedral instalou dez pontos de “QR Codes” (sigla do inglês ‘Quick Response Code’, ou Código de Resposta Rápida em português). Um dos códigos foi instalado no túmulo de três primeiros bispos da diocese acreana.
O objetivo, segundo Lombardi, é ajudar a tirar as dúvidas de turistas e visitantes sobre a estrutura do local.
"A Catedral fica bem no Centro de Rio Branco e acaba sendo um ponto turístico. Recebemos visitantes de todos os lugares e eles sempre tem alguma dúvida, mas com os códigos acessam as informações rapidamente. Dessa forma a história dos bispos e de outros pontos da Catedral não serão perdidas e continuarão vivas", finalizou.

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