quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Professores marcham até residência oficial e fecham marginal da EPTG


Categoria está em greve desde o dia 15 por reajustes suspensos pelo GDF.
Nesta quarta, manifestação em Brasília terminou com 4 professores detidos.

Jéssica Nascimento Do G1 DF
Professores marcham na EPTG em direção à residência oficial de Águas Claras (Foto: Cláudio Antunes/Sinpro)Professores marcham na EPTG em direção à
residência oficial de Águas Claras
(Foto: Cláudio Antunes/Sinpro)
Professores em greve fecharam duas faixas da EPTG no sentido Plano Piloto em marcha até a residência oficial do governo do DF, em Águas Claras, durante manifestação iniciada por volta das 8h30 desta quinta-feira (29). Depois, os manifestantes seguiram pela marginal, bloqueando a via. Às 12h, o trânsito foi liberado.
A categoria está em greve desde o último dia 15, depois que o governador Rodrigo Rollemberg suspendeu o pagamento dos reajustes ao funcionalismo público aprovado na gestão passada.
Nesta quarta, quatro professores foram presos durante manifestação no Eixão. O grupo fechou a via para protestar contra a suspensão dos reajustes. A Polícia Militar usou bombas de efeito moral, gás de pimenta e balas de borracha para liberar o Eixão.

"Não apoiamos o comportamento que o Bope teve com a nossa categoria ontem, estamos protestando apenas os nossos direitos. A manifestação de hoje [quinta] será pacífica. Não apoiamos a violência", disse o diretor do Sindicato dos Professores (Sinpro) Cláudio Antunes.

Os manifestantes chegaram à residência oficial por volta de 10h50. Segundo a professora Denise Pereira, 33 anos, além dos reajustes salariais, os professores também pedem mais respeito com a categoria. "A atitude de ontem foi horrível. Os policiais agiram com truculência. Não precisava daquilo, a manifestação já tinha acabado."
Salatiel Ribeiro, de 36 anos, caracteriza o governador do DF como "incompetente e desleal".
"Rodrigo Rollemberg não sabe negociar. Ele nos trata assim porque ele não entrou no serviço público por meio de concurso, e sim por peixada. Se depender dos prazos que ele já deu, vamos permanecer na greve até ano que vem."
Faixa colocada em viaduto na EPTG em frente à residência oficial do governador, em Águas Claras (Foto: Jéssica Nacimento/G1)Faixa colocada em viaduto na EPTG em frente à residência oficial do governador, em Águas Claras (Foto: Jéssica Nacimento/G1)
A frase foi uma referência ao fato de o governador ter sido indicado para uma vaga ao Senado quando ainda era jovem e concurso público não era requisito obrigatório para entrada no serviço público.
Não queremos conversar com nenhum represente do governo. O Rollemberg não sabe trabalhar na legalidade. Queremos provar para a população que nós não somos culpados pela greve. O que aconteceu ontem [quarta] foi um verdadeiro massacre contra os professores."
Kleber Soares
diretor do Sinpro
Os manifestantes pintaram no asfalto frases de ordem contra o governador. "Calote não", dizia uma das mensagens. Segundo o diretor do Sinpro Kleber Soares, a iniciativa da caminhada até a residência oficial foi uma forma para chamar a atenção da população.
"Não queremos conversar com nenhum represente do governo. O Rollemberg não sabe trabalhar na legalidade. Queremos provar para a população que nós não somos culpados pela greve. O que aconteceu ontem [quarta] foi um verdadeiro massacre contra os professores."
O piso salarial de um professor é de R$ 4,8 mil. Com o reajuste, o valor passaria para R$ 5 mil, segundo o Sinpro. Dos 30 mil educadores do DF, 70% aderiram à paralisação, de acordo com estimativa da entidade. Até nesta quarta, 40% as escolas estavam paralisadas. Após o confronto na Rodoviária do Plano Piloto com a Polícia Militar, todos os colégios amanheceram de portas fechadas. Um colégio, localizado na 413 Sul, espalhou cartazes de 'luto' na portaria.
Escola na Asa Sul espalha cartazes de 'luto' (Foto: Diogo André/TV Globo)Escola na Asa Sul espalhou cartazes de luto
(Foto: Diogo André/TV Globo)
A professora de geografia Katia Garcia, de 5 anos, chegou às 8h em Taguatinga para reivindicar os reajustes salariais. Ela ajudou a pintar frases de ordem no asfalto. "Se o país quer melhorar a educação, o primeiro passo é valorizar a educação. A categoria não merece ser agredida e desrespeitada. A greve é necessária e vamos continuar", disse.
Segundo o major Luiz Alves, do 17º Batalhão de Polícia Militar, a manifestação foi pacífica. "Fomos chamados para fazer a segurança da residência oficial. Foi tranquilo, ninguém tentou invadir, ao contrário do confronto de ontem."
Ao final da manifestação, os professores se abraçam e cantaram o Hino Nacional com o intuito de representar a solidariedade com os professores presos e feridos no confronto desta quarta-feira.
Professor pinta o chão em frente à entrada da residência oficial de Águas Claras (Foto: Jéssica Nacimento/G1)Professor pinta o chão em frente à entrada da residência oficial de Águas Claras (Foto: Jéssica Nacimento/G1)
De acordo com o sindicato, a categoria se reúne nesta sexta-feira (30) em frente ao Palácio do Buriti, às 9h30, para avaliar a greve e votar sobre a continuação da paralisação. Nesta quinta, os professores vão até a Câmara Legislativa para conversar com parlamentares. Às 16h, eles se concentram na praça Zumbi dos Palmares, de onde devem seguir para a Rodoviária do Plano PIloto. "A intenção é fazer um ato pacífico", diz Soares.

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