Cristina sofre duas derrotas: seu candidato obtém votação bem abaixo do que apontavam pesquisas, e província de Buenos Aires dá vitória à oposição
A
presidente da Argentina, Cristina Kirchner, sofreu duas derrotas
importantes nas eleições deste domingo — e também perderam as pesquisas
de intenção de votos, que davam até 10 pontos de vantagem para o
governista Daniel Scioli, da Frente para a Vitória. No dia 22 de
novembro, pela primeira vez na história, os argentinos vão decidir em
segundo turno quem vai presidir o país.
Com 90%
dos votos apurados, enquanto escrevo, Scioli está com 36,1%, contra
34,9% do oposicionista Maurício Macri, da frente “Mudemos”. Só para
lembrar: na Argentina, vence no primeiro turno o candidato que obtiver
mais de 45% dos votos ou mais de 40% desde que com uma distância de 10
pontos percentuais para o segundo lugar.
Em
terceiro, está Sérgio Massa, no Unidos por Uma Nova Argentina. Trata-se
de um ex-kirchnerista — chegou a ser ministro por um ano do primeiro
governo de Cristina, mas rompeu com ela. Ele obteve expressivos quase
22% dos votos, que serão agora disputados pelos dois líderes. No
discurso em que reconheceu a derrota, deu sinais de que vai trabalhar
contra Scioli, candidato oficial.
A
presidente também amargou uma derrota para o governo de Buenos Aires: a
candidata de oposição Maria Eugênia Didal, do Mudemos, venceu o
governista Aníbal Fernandes. Nota: ela vai substituir justamente Scioli,
o presidenciável.
Com 91%
dos votos apurados, Maria Eugênia estava com 39,6%, contra 34,9% do
governista. Nesse caso, não há segundo turno, e vence a eleição quem
obtiver o maior número de votos. Embora Fernandes não houvesse
reconhecido a derrota até esta madrugada, não havia mais chance de
virada.
A imprensa
argentina acompanhava com enorme surpresa a apuração, com a realidade
desmentindo de forma cabal as pesquisas. Até 1h da manhã, Macri, que era
tido como derrotado no primeiro turno, liderava as apurações. Só depois
Scioli passou à frente. Mas por pequena margem.
O escrutínio deste domingo também vai renovar metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado.
A
realidade argentina tem peculiaridades que, de fato, nos são estranhas.
Os três candidatos que chegam à frente são, a seu modo, de extração
peronista. A tradicional União Cívica Radical, que conta com 335
prefeitos, sem um grande líder que unifique o partido, resolveu apoiar
Macri, hoje prefeito de Buenos Aires.
Derrotar
Cristina Kirchner é derrotar um misto de estatismo e populismo
autoritário que, nos últimos anos, avançou contra a liberdade de
imprensa, contra os direitos individuais e, sobretudo contra a
racionalidade da economia.
Ah, sim,
não custa lembrar: Luiz Inácio Apedeuta da Silva, Evo Morales e Nicolás
Maduro fizeram campanha por Scioli. Isso, de algum modo, diz bem que
luta se trava na Argentina.
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