Lula e o ex-ministro Nelson Jobim, da Defesa, se reuniram há algumas
semanas para discutir os desfechos possíveis para a crise política.
Foram analisados cenários que vão da cassação à renúncia de Dilma
Rousseff. Jobim disse a Lula acreditar que a chance de cassação da chapa
Dilma/Michel Temer pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é remota. Ela
exigiria a convocação de eleições em 90 dias, hipótese em que Aécio
Neves (PSDB-MG) despontaria como favorito. O desfecho não interessaria
ao governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que quer ser candidato tucano
em 2018. O impeachment ainda é improvável, tanto na opinião de Jobim,
que acha não haver fundamento jurídico, hoje, para o afastamento, quanto
na de Lula. O ex-presidente acredita que, apesar dos pesares, o governo
ainda tem força para garantir os 172 votos necessários para barrar o
impedimento de Dilma. Alckmin seria aliado oculto do governo para barrar
o impeachment pois, neste caso, Temer assumiria a Presidência. Além de
comandar o país, o peemedebista ameaçaria a liderança do governador em
São Paulo, fazendo o PMDB abocanhar mais espaços em território que o
PSDB considera sagrado. A renúncia seria uma saída -quase impossível,
dado o perfil de Dilma. Conclusão: a solução seria Dilma realizar uma
reforma de envergadura em sua equipe. Jobim disse a Lula, segundo
relatos, que ela deveria nomear um ministro da Casa Civil forte, que
"sentasse na cadeira". Dilma deixaria o governo por conta dele e se
dedicaria, por exemplo, à política internacional. A reforma que Dilma
está promovendo, no entanto, aponta para a direção oposta. Ela quer, por
exemplo, manter Aloizio Mercadante na Casa Civil. O PT defende que ele
volte para a Educação ou até que vá para o Ministério da Defesa.
Advogados de Dilma Rousseff contrataram pareceres de grandes juristas
para rebater os que defendem o impeachment. Dalmo Dallari, Fábio Konder
Comparato, Celso Antonio Bandeira de Mello e Pedro Estevam Serrano
defendem a tese de que ela não pode ser responsabilizada por atos
cometidos antes de assumir o mandato. (Mônica Bergamo)
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