sábado, 29 de agosto de 2015

Pesquisadores descobrem fósseis de iguana pré-histórica no sul do Brasil


'Gueragama sulamericana' habitava a América do Sul há 80 milhões de anos.
Pesquisadores descobriram mandíbula de animal em Cruzeiro do Oeste.

Luciane Cordeiro Do G1 PR
Imagem feita pelos pesquisadores mostra como era o Gueragama sulamericana (Foto: Divulgação/ Universidade do Constestado)Imagem feita pelos pesquisadores mostra como era o Gueragama sulamericana (Foto: Divulgação/ Universidade do Constestado)
Com 15 centímetros de comprimento, pele marrom avermelhada e dentes fundidos aos ossos, a espécie de dinossauro Gueregama sulamericana é a mais nova descoberta de paleontólogos brasileiros. Os fósseis do antigo habitante do deserto da América do Sul foram encontrados em Cruzeiro do Oeste, no noroeste do Paraná, no sítio arqueológico mais importante do estado, em agosto de 2014, mas só na quarta-feira (26) a descoberta foi publicada na revista científica Nature.
O animal, que tem características de iguana e de lagarto, viveu no Deserto Cauiá – que compreendia parte do centro-oeste, sudeste e sul do Brasil- há mais de 80 milhões de anos.  A rara descoberta mostrou aos pesquisadores que esse tipo de réptil habitava a América do Sul muito antes do que se imaginava.
“Esse fóssil não é nada igual ao que já foi encontrado em outras partes do mundo. Sabíamos que o grupo desse tipo animal existia, mas não encontrávamos fósseis desse réptil na América do Sul”, explica o pesquisador e professor da Universidade do Contestado, Everton Wilner.
Antes de encontrarem esse material, especialistas em répteis acreditavam que esses animais tinham se dispersado pelo mundo há 66 milhões de anos. “Agora sabemos que a dispersão na América do Sul se deu bem antes desse período”, acrescenta o pesquisador.
Esse fóssil não é nada igual ao que já foi encontrado em outras partes do mundo"
Everton Wilner, pesquisador
O fóssil mais antigo que pertence ao mesmo grupo de animais tem entre 180 e 160 milhões de anos, e foi localizado na Índia. Vestígios também foram encontrados na Europa e África.

Pelo tamanho da mandíbula (18mm), os pesquisadores acreditam que o fóssil encontrado era de uma fêmea. “Nós sabemos que essa espécie vivia o tempo todo escondida em tocas do deserto, para evitar predadores, e também perto da água. A região de Cruzeiro do Oeste tinha essas características. E onde há água, há vida”, detalha Wilner.

A pesquisa foi feita pelos pesquisadores da Universidade do Contestado, Everton Wilner e Luiz Carlos Weinschütz, pelos especialistas em répteis da Universidade de Alberta, do Canadá, Tiago Rodrigues Simões e Michael Caldwell, e pelo paleontólogo Alexander Kellner, no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O exemplar da Gueragama sulamericana ficará guardado no Museu da Terra e da Vida, da Universidade do Contestado, em Mafra, Santa Catarina. “É uma peça rara e precisa ser armazenada com cuidado. Vamos tirar fotos e expor para os visitantes conhecerem”, diz o paleontólogo Everton Wilner.
Pesquisadores coletaram fóssil de dinossauro em área rural de Cruzeiro do Oeste (Foto: Divulgação/ Universidade do Constestado)Pesquisadores coletaram fóssil de dinossauro em área rural de Cruzeiro do Oeste (Foto: Divulgação/ Universidade do Constestado)
Local rico em história
Essa não foi a primeira descoberta de fósseis em Cruzeiro do Oeste. Em 2014, os mesmos pesquisadores encontraram ossos de uma nova espécie de pteurossauro. Os paleontólogos nomearam o pequeno réptil voador de Caiuajara Dobruskii, que viveu na região há aproximadamente 80 milhões de anos.

Os fósseis foram descobertos por moradores na década de 1970, mas somente em 2011 os materiais foram estudados.
"Foram retiradas aproximadamente cinco toneladas de rochas de arenito de Cruzeiro do Oeste, e todo conteúdo possui material fóssil. Acreditamos que vamos encontrar mais espécies de dinossauros dos fósseis que retiramos do local", constata Everton Wilner.

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