Eduardo Aquino
O Tempo
O mundo mudou. Se para melhor ou pior, ao gosto do freguês. Mas ninguém duvida que evoluir é mudar para se adaptar. Até o simpático Papa Francisco abre as portas para divorciados, os que acumulam casamentos, ou não oficializaram a união. Pesquisas mostram ainda que, nos países do hemisfério norte, o tempo médio de casamento é de sete anos, o que incrivelmente se aproxima de união entre machos e fêmeas no início dos tempos, em que não havia religião, vara de família, políticos ou sociedades organizadas.
E olha que ainda lembro do meu velho avô Zé Cocão, sertanejo de Dores e Abaeté, sentenciar: “cuidado com a crise dos sete anos”, que, aliás, combina bem com a neurociência quando diz que o hormônio da paixão – dopamina – arrefece, em questão de meses, até um máximo de sete anos. Já o amor, esse é eterno, à prova de rugas, barrigas, envelhecimento. Raro, romântico, inspirador.
O QUE SERÁ DOS FILHOS
Mas e os filhos? Quando príncipe vira sapo e donzelas perdem a formosura, o que será deles? E os que chegaram sem a presença do pai, ou perdem cedo a mãe? Pior, e os que se tornam mísseis arremessados de cá para lá, na pueril e indesculpável guerra pela guarda? Divididos, mutilados, escutando um monte de impropérios justamente de quem os concebeu e doaram seus genes. Assim como recebo na minha clínica crianças e adolescentes mais maduros que seus pais separados, que ensinam de forma não-verbal, a arte do conflito.
Dando e tomando pancada nesse MMA que virou o litígio de ex-casais, todos perdem e saem machucados.
DOGMAS JURÍDICOS
Discordo de dogmas jurídicos, do tipo ver os filhos a cada 15 dias, ou proibições absurdas de viagens com um dos pais. Quem falou que o tempo é parâmetro para o acolhimento, afeto e amor? Uma mãe nervosa, agressiva ou impaciente é melhor que um pai afetivo, calmo, participativo, ou vice- versa? Sei que tentamos avançar com guardas compartilhadas, alienação parental e por aí vai. Mas, no geral, mágoas pesadas e passadas, ódios mortais, ciúmes doentios, egoísmo, muitas vezes impedem casais separados de entender que o que de melhor fizeram na vida foi conceber um ser que, quem sabe, um dia os proverá de orgulho, amor, companheirismo.
E como desgraça pouca é bobagem, como se situar nas novas famílias reunidas na base dos meus, os seus e, quem sabe, nossos filhos? Essa família em mosaico, toda remendada e colada novamente, traz, se não cuidarmos, uma herança de conflitos, culturas familiares às vezes diametralmente opostas, religiões diferentes, classe social, hábitos, horários, times de futebol…
REGRA NÚMERO UM
Como receber a filha da ex do marido ou o contrário, e os que moram com esse novo casal? Dormir no mesmo quarto, dividir a TV, games, guitarra? Uma coluna abordando isso é quase um aperitivo de almoço de domingo, mas vamos lá. Conheço tais famílias que se dão super bem. Há respeito às diferenças, aliás essa é a regra número um!
Os pais de filhos diferentes terem um convívio harmonioso e quererem compartilhar isso com os filhos próprios e os do companheiro é outra cartada certa. Separar espaços, respeitando hábitos, mas propondo lazer juntos, também é de bom tamanho. Exigir tempo e espaço para o casal, cobrando tarefas, responsabilidades é essencial.
CHEIAS DE FACÇÕES
Conheço, igualmente, famílias em mosaico que se parecem a guerra do Iraque, cheio de facções, sabotagens, guerrilhas, um inferno de ambiente. Esses, acredito, deveriam ter seus próprios ninhos e bater asas, longe dos filhotes sem limites ou educação.
Por fim, aos filhos de pais separados e inimigos, aprendam com o erro deles, pois um dia poderão ter uma comunidade sadia. Mais que pais presentes ou não, briguentos ou não, imaturos ou não, o que todos nós filhos precisamos é uma boa referência masculina e feminina. Se não for o caso dos pais, sempre há avós maravilhosas, tios quase paternos, grandes exemplos em torno de nós. Adote-os e siga em frente, sem olhar tempos difíceis e pretéritos, mas com um horizonte de felicidade e realização.
O Tempo
O mundo mudou. Se para melhor ou pior, ao gosto do freguês. Mas ninguém duvida que evoluir é mudar para se adaptar. Até o simpático Papa Francisco abre as portas para divorciados, os que acumulam casamentos, ou não oficializaram a união. Pesquisas mostram ainda que, nos países do hemisfério norte, o tempo médio de casamento é de sete anos, o que incrivelmente se aproxima de união entre machos e fêmeas no início dos tempos, em que não havia religião, vara de família, políticos ou sociedades organizadas.
E olha que ainda lembro do meu velho avô Zé Cocão, sertanejo de Dores e Abaeté, sentenciar: “cuidado com a crise dos sete anos”, que, aliás, combina bem com a neurociência quando diz que o hormônio da paixão – dopamina – arrefece, em questão de meses, até um máximo de sete anos. Já o amor, esse é eterno, à prova de rugas, barrigas, envelhecimento. Raro, romântico, inspirador.
O QUE SERÁ DOS FILHOS
Mas e os filhos? Quando príncipe vira sapo e donzelas perdem a formosura, o que será deles? E os que chegaram sem a presença do pai, ou perdem cedo a mãe? Pior, e os que se tornam mísseis arremessados de cá para lá, na pueril e indesculpável guerra pela guarda? Divididos, mutilados, escutando um monte de impropérios justamente de quem os concebeu e doaram seus genes. Assim como recebo na minha clínica crianças e adolescentes mais maduros que seus pais separados, que ensinam de forma não-verbal, a arte do conflito.
Dando e tomando pancada nesse MMA que virou o litígio de ex-casais, todos perdem e saem machucados.
DOGMAS JURÍDICOS
Discordo de dogmas jurídicos, do tipo ver os filhos a cada 15 dias, ou proibições absurdas de viagens com um dos pais. Quem falou que o tempo é parâmetro para o acolhimento, afeto e amor? Uma mãe nervosa, agressiva ou impaciente é melhor que um pai afetivo, calmo, participativo, ou vice- versa? Sei que tentamos avançar com guardas compartilhadas, alienação parental e por aí vai. Mas, no geral, mágoas pesadas e passadas, ódios mortais, ciúmes doentios, egoísmo, muitas vezes impedem casais separados de entender que o que de melhor fizeram na vida foi conceber um ser que, quem sabe, um dia os proverá de orgulho, amor, companheirismo.
E como desgraça pouca é bobagem, como se situar nas novas famílias reunidas na base dos meus, os seus e, quem sabe, nossos filhos? Essa família em mosaico, toda remendada e colada novamente, traz, se não cuidarmos, uma herança de conflitos, culturas familiares às vezes diametralmente opostas, religiões diferentes, classe social, hábitos, horários, times de futebol…
REGRA NÚMERO UM
Como receber a filha da ex do marido ou o contrário, e os que moram com esse novo casal? Dormir no mesmo quarto, dividir a TV, games, guitarra? Uma coluna abordando isso é quase um aperitivo de almoço de domingo, mas vamos lá. Conheço tais famílias que se dão super bem. Há respeito às diferenças, aliás essa é a regra número um!
Os pais de filhos diferentes terem um convívio harmonioso e quererem compartilhar isso com os filhos próprios e os do companheiro é outra cartada certa. Separar espaços, respeitando hábitos, mas propondo lazer juntos, também é de bom tamanho. Exigir tempo e espaço para o casal, cobrando tarefas, responsabilidades é essencial.
CHEIAS DE FACÇÕES
Conheço, igualmente, famílias em mosaico que se parecem a guerra do Iraque, cheio de facções, sabotagens, guerrilhas, um inferno de ambiente. Esses, acredito, deveriam ter seus próprios ninhos e bater asas, longe dos filhotes sem limites ou educação.
Por fim, aos filhos de pais separados e inimigos, aprendam com o erro deles, pois um dia poderão ter uma comunidade sadia. Mais que pais presentes ou não, briguentos ou não, imaturos ou não, o que todos nós filhos precisamos é uma boa referência masculina e feminina. Se não for o caso dos pais, sempre há avós maravilhosas, tios quase paternos, grandes exemplos em torno de nós. Adote-os e siga em frente, sem olhar tempos difíceis e pretéritos, mas com um horizonte de felicidade e realização.
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