Não
duvidem de uma verdade universal. A democracia não admite exotismos.
Sempre que alguém tenta explicar uma particularidade nativa do regime
democrático, faz um esforço é para justificar o injustificável. O que se
viu com a presença desassombrada de Lula nesses dois dias em Brasília
foi a falência de um governo — e, em certa medida, de um partido. E que
se revela do único modo como o PT sabe fazer as coisas: pelo caminho da
desinstitucionalização.
Na
segunda, Lula se encontrou com as respectivas bancadas do PT no Senado e
na Câmara. Nesta terça, foi a vez de se reunir com Renan Calheiros
(PMDB-AL), presidente do Senado. Estavam presentes ao encontro os
senadores Edison Lobão (PMDB-MA), Romero Jucá (PMDB-RR), Eunício
Oliveira (PMDB-CE) e José Viana (PR-AC). E, compondo o grupo, o
ex-senador e ex-presidente da República José Sarney.
Ainda que
Dilma soubesse e tenha sido previamente avisada das andanças de Lula, é
claro que a ação concorre para rebaixar a presidente, como se ela fosse
carta fora do baralho. Ou por outra: Lula tenta decretar por conta
própria o impeachment da sua sucessora. Adicionalmente, marca conversa
com figurões do PMDB, ao arrepio de Michel Temer, presidente do partido,
vice-presidente da República e coordenador político do governo.
Como
explicar a ação de Lula? Não tentem. É inexplicável. Ele está é cuidando
de si mesmo, não de Dilma. Na reunião, ouviu um rosário de críticas ao
governo, à sua paralisia, à sua pouca disposição para o diálogo. A
questão, no entanto, é esta: diálogo em torno do quê? Os petistas
perderam o pulso do país.
Renan
resumiu assim o encontro, segundo a
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/06/1649658-lula-encontra-senadores-do-pmdb-e-destaca-importancia-da-alianca.shtml:
“Ele [Lula] acha que a presidente deveria reunir os Poderes, conversar permanentemente na busca de saídas para o Brasil. Foi uma conversa boa. Ele definitivamente veio em missão de paz, defendeu pontos de vista com relação à reforma política, uma conversa produtiva”.
“Ele [Lula] acha que a presidente deveria reunir os Poderes, conversar permanentemente na busca de saídas para o Brasil. Foi uma conversa boa. Ele definitivamente veio em missão de paz, defendeu pontos de vista com relação à reforma política, uma conversa produtiva”.
Entendi.
Lula foi dizer “nada” aos peemedebistas, como “nada” disse aos petistas,
deixando como saldo uma presidente com ainda menos autoridade, posando
uma vez mais de condestável da República, o que, a esta altura, também é
falso.
E não
deixa de haver algo de simbólico que, no encontro, estivessem dois
ex-presidentes da República: Sarney e Lula. Um era a expressão do que o
PT chamava o velho Brasil, das elites que precisavam ser vencidas por
uma força nova, encarnada pelo PT. O tal novo chegou. Depois de 13 anos,
o Babalorixá de Banânica foi apelar ao que resta da seiva de Sarney
para ver se consegue se levantar da obsolescência.
Mas não vai.
Walking Dead.
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