quarta-feira, 1 de julho de 2015

Eurogrupo retomará negociações só após referendo da Grécia


Grécia apresentou nova proposta aos seus credores após calote no FMI.
Após reunião, grupo voltou a negar extensão do pacote de ajuda ao país.

Do G1, em São Paulo
Os ministros da Economia da zona do euro decidiram nesta quarta-feira (1) prorrogar até depois do referendo de domingo na Grécia toda a negociação com Atenas, afirmou o ministro eslovaco, Peter Kazimir.

O governo convocou um referendo para que o povo grego diga se aceita as exigências do FMI, Banco Central Europeu e União Europeia para receber ajuda financeira. As exigências incluem medidas como aumento de impostos e cortes na aposentadoria. A data escolhida para a consulta foi o dia 5 de julho.
 
"O Eurogrupo está unido em sua decisão de esperar o resultado do referendo na Grécia antes de mais negociações", escreveu Kazimir no Twitter. "Não vamos colocar os cavalos na frente da carruagem", acrescetou.
A Grécia não pagou a parcela de € 1,6 bilhão de sua dívida com o FMI que venceu às 19h (horário de Brasília) desta terça-feira (30) e entrou em moratória (atraso). Também expirou o programa de ajuda financeira à Grécia. O pedido de prolongamento do pacote foi negado pelo Eurogrupo.

Após a reunião desta quarta, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselboem, afirmou que foram discutidas duas cartas enviadas pelo premiê grego, Alexis Tsipras, além da situação política no país. "Em relação ao pedido de extenção do programa sobre o qual discutimos ontem [terça], nós reafirmamos nossa decisão do último sábado. A situação política não mudou. Não há espaço para uma extensão. Então infelizmente o programa expirou na noite passada à meia-noite."

Dijsselboem ressaltou que não haverá negociações sobre as exigências da Europa à Grécia por reformas econômicas até o resultado do referendo de domingo (5). "Dada a situação política, a rejeição das propostas anteriores, o referendo que irá acontecer no domingo e o a recomendação do governo grego para votar 'não', nós não vemos mais espaço para negociações", apontou.

"Não haverá conversas nos próximos dias, seja entre o Eurogrupo ou com as autoridades gregas e as instituições sobre as propostas ou acordos financeiros. Nós iremos simplesmente esperar agora o resultado do referendo no domingo", disse Dijsselboem.
Em meio à crise para pagamento de dívidas, o governo grego enviou na véspera aos credores "uma nova proposta [de acordo] com uma série de modificações" em relação à que foi apresentada. O documento, que foi obtido pelo jornal britânico "Financial Times", rejeitou aumento do imposto cobrado em hotéis, mas concordou com reduções de gastos e com uma reforma previdenciária.

Referendo no fim de semana
Em novo pronunciamento na TV, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, confirmou a realização do referendo no domingo (5) e pediu que os gregos votem pelo "Não", ou seja, contra o o pacote de resgate oferecido pelos credores (FMI, Banco Mundial e Banco Central Europeu).
Tsipras manteve a recomendação aos gregos para que votem 'não', e ressaltou que isto não sugere a saída do país do euro, pois o governo tem a "firme" intenção de chegar a um acordo com seus sócios da União Europeia.
O país entrou nesta quarta no terceiro dia de feriado bancário. Os bancos ficarão fechados nesta semana e há limites para saques nos caixas eletrônicos.

Após a reunião do Eurogrupo nesta tarde, o presidente do grupo lamentou a situação dos gregos. "Eu posso apenas dizer que sinto muito sobre a situação, dada a forte determinação do povo da Grécia para ser parte da Europa e para continuar fazendo parte da zona do euro, o que apoiamos plenamente", disse Dijsselboem.
RESUMO DO CASO:
- A Grécia enfrenta uma forte crise econômica por ter gastado mais do que podia.
- Essa dívida foi financiada por empréstimos do FMI e do resto da Europa
- Nesta terça-feira (30), venceu uma parcela de € 1,6 bilhão da dívida com o FMI. O país depende de recursos da Europa para conseguir fazer o pagamento.
- Os europeus, no entanto, exigem que o país corte gastos e pensões para liberar mais dinheiro. O prazo para renovar essa ajuda também venceu nesta terça-feira
- Nesta terça, o governo grego apresentou uma nova proposta de ajuda ao Eurogrupo
- No final de semana, o primeiro-ministro grego convocou um referendo para domingo (5 de julho). Os gregos serão consultados se concordam com as condições europeias para o empréstimo.
- Como a crise ficou mais grave, os bancos ficarão fechados nesta semana para evitar que os gregos saquem tudo o que têm e quebrem as instituições.
- A Grécia não pagou o FMI e entrou em "default" (situação de calote), o que pode resultar na saída do país da zona do euro.
- A saída não é automática e, se acontecer, pode demorar. Não existe um mecanismo de "expulsão" de um país da Zona do Euro.
- Com o calote, a Grécia pode ser suspensa do Eurogrupo e do conselho do BC europeu.
- A Europa pressiona para que a Grécia aceite as condições e fique na região. Isso porque uma saída pode prejudicar a confiança do mundo na região e na moeda única.
- Para a Grécia, a saída do euro significa retomar o controle sobre sua política monetária (que hoje é "terceirizada" para o BC europeu), o que pode ajudar nas exportações, entre outras coisas, mas também deve fechar o país para a entrada de capital estrangeiro e agravar a crise econômica.

Funcionários do Ministério das Finanças e da Economia Nacional da Grécia colocam uma bandeira na varanda do Ministério em Atenas com a mensagem 'Não à chantagem e à austeridade'. O país não pagou uma parcela da dívida de € 1,6 bilhão com o FMI (Foto: Jean-Paul Pelissier/Reuters)Funcionários do Ministério das Finanças e da Economia Nacional da Grécia colocam uma bandeira na varanda do Ministério em Atenas com a mensagem 'Não à chantagem e à austeridade'. O país não pagou uma parcela da dívida de € 1,6 bilhão com o FMI (Foto: Jean-Paul Pelissier/Reuters)

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