É a mesma Odebrecht que comanda o projeto dos submarinos junto com
os os franceses, que deve consumir R$ 30 bilhões até 2029. Alguma
dúvida que chegará a R$ 60 bilhões? O TCU está de olho!
(O Globo) O presidente licenciado da Eletronuclar, Othon Luiz Pinheiro da Silva(foto), preso nesta terça-feira em nova fase da Operação Lava-Jato,
teria recebido R$ 4,5 milhões em propinas pagas pelas empresas Andrade
Gutierrez e Engevix, segundo a Polícia Federal e o Ministério Público
Federal (MPF). Os pagamentos teriam sido realizados entre 2009 e 2014
por meio de empresas de fachada contratadas pelas empreiteiras apenas
para repassar recursos ao dirigente da estatal. A Força-Tarefa disse que
está apenas no início das investigações e que o caso pode ser “muito
maior”, segundo o delegado federal Igor Romário de Paula.
De acordo com os investigadores, um dos pagamentos direcionados a
Othon ocorreu em dezembro do ano passado, dias depois da prisão de
executivos de grandes empresas fornecedoras da Petrobras. Para o
procurador Athayde Ribeiro Costa, integrante da Força-Tarefa da
Lava-Jato, a realização de um pagamento dessa natureza em meio às
investigações torna ainda mais grave a suspeita de envolvimento do
dirigente da Eletronuclear.
- Mais uma vez vimos que a corrupção é endêmica e os indicativos são é
de que ela está espalhada por vários órgãos e em metástase - disse o
procurador em entrevista coletiva realizada na manhã desta terça-feira,
em Curitiba, sobre a 16ª fase da Operação Lava-Jato. - A corrupção não está restrita à Petrobras, se espalhou por outros
órgãos da administração pública - completou Igor Romário de Paula.
O
pagamento realizado em dezembro de 2014 foi realizado para a empresa
Aratec Engenharia Consultoria & Representações, com sede em Barueri,
no interior de São Paulo. De acordo com o registro da Receita Federal,
as sócias da empresa são Ana Cristina da Silvia Toniolo e Ana Luiza
Barbosa da Silva Bolognani. As duas são investigadas na operação e foram
alvos de mandados de condução coercitiva na manhã desta terça-feira,
para que prestem depoimento à Justiça.
Para a PF e o MPF, Othon Luiz Pinheiro da Silva é o verdadeiro dono
da Aratec. Os pagamentos a ele teriam sido realizados por meio de quatro
empresas de fachada, subcontratadas pela Andrade Gutierrez e pela
Engevix: CG consultoria, JNobre Engenharia, Link Projetos e
Participações e Deutschebras Comercial e Engenharia. - Essas empresas são personagens novos na operação e detectamos
indícios de que realmente havia repasse de propina, porque elas não
tinham quadro técnico necessário para prestar serviços - afirmou Ribeiro
Costa.
A
origem dos pagamentos ao presidente da estatal seriam um contrato da
Andrade Gutierrez com a Eletronuclear, de 1983, que recebeu aditivo de
R$ 1,2 bilhão, em 2009, e a licitação de Angra 3, que teria sido
direcionada para sete empresas que formaram os dois consórcios
vencedores da montagem da usina, entre elas a Andrade. Em 2014, os
consórcios se uniram em uma única empresa, que passou a se chamar
consórcio Angramon. Todos os integrantes são investigados nesta nova
fase da Lava-Jato.
- Houve reunião em que representantes das empreiteiras (que integram o
consórcio Angramon) discutiram acerca de eventual repasse para o senhor
Othon Luiz - disse Ribeiro Costa.De
acordo com MPF, embora a Engevix não participe do consórcio
principal de Angra 3, a empresa mantém outros contratos com a estatal -
A Engevix tem alguns contratos vinculados à Eletronuclear. Também
há indícios de pagamento de propina desde então - disse o procurador.
Com relação a Flavio Barra, o executivo da Andrade Guttierez que foi
preso, “ele foi indicado, apontado por Dalton Avancini, como o
representante da Andrade Guttierez que discutia valores a respeito da
propina de Angra III”, disse Ribeiro da Costa.
POLÍTICOS NÃO APARECERAM NAS INVESTIGAÇÕES
A
nova operação é baseada em informações prestadas em delação premiada
pelo diretor da Camargo Corrêa Dalton Avancini. Segundo o procurador, o
depoimento não foi a única fonte para ação desta terça-feira e para o
pedido de prisão de Othon.- A palavra do colaborador, por si só, não leva a medidas de prisão,
ainda que temporária. Nós fizemos o nosso trabalho, fizemos
investigações e corroboramos em grande parte tudo que foi dito pelo
Dalton Avancini. As investigações ainda continuam. E elementos ainda vão
ser trazidos aos autos - afirmou Ribeiro Costa, mencionando o material
apreendido nesta terça-feira nas salas dos executivos e informações de
contas de e-mails, que também seriam recolhidas.
Para o delegado da PF Igor Romário de Paula, esta é apenas uma primeira
ação focada na área de energia. - Pode parecer um valor pequeno (a
propina de R$ 4,5 milhões), mas é
um primeiro passo da investigação na área de energia. Tem muito ainda a
ser apurado - afirmou. Embora o único político alvo desta nova fase seja
o presidente
licenciado da Eletronuclear, o delegado acredita que, com a avanço das
investigações, pode-se chegar a novos nomes vinculados a partidos.
Igor disse ainda que há mais indícios de corrupção a apurar no setor
de energia, “e isso ficou mais concreto com o Dalton, que trouxe muita
documentação a respeito da participação da Camargo Corrêa neste
consórcio, no acerto de preços”. - Não estão exauridos todos os
contratos da Angramon, então isso pode ser muito maior - declarou o
delegado.
Por meio de nota, a Andrade Gutierrez informou que acompanha a nova
fase da Operação Lava-Jato e disse estar sempre “à disposição da
Justiça”. “Os advogados (da empresa) estão analisando os termos desta
ação da Polícia Federal para se pronunciar”, informou a empreiteira.
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