segunda-feira, 29 de junho de 2015

União Europeia ainda vê margem de negociação com a Grécia


Segundo comissário, presidente da Comissão Europeia fará nova proposta.
Grécia amanheceu com os bancos fechados para evitar saques.

Redação com agências internacionais*
O comissário de Assuntos Econômicos e Financeiros da União Europeia (UE), Pierre Moscovici, afirmou nesta segunda-feira (29) que ainda existe margem de negociação com a Grécia.
 
Segundo ele, o presidente da Comissão Europeia (CE, órgão executivo da UE), Jean-Claude Juncker, fará nova propostas para tentar evitar a saída do país da zona do euro.
"Juncker vai indicar o caminho a seguir. Espero que todo mundo pegue a via do compromisso", disse o comissário em entrevista concedida à emissora "RTL".
A Grécia amanheceu nesta segunda-feira (29) com agências fechadas após a imposição de um feriado bancário e o anúncio de medidas de controle de capitais.
Os bancos ficarão fechados até o dia 6 de julho e os caixas eletrônicos terão limite diário de saque de 60 euros. Não haverá limite no caso de pagamentos de pensões.
Já os turistas estrangeiros e qualquer pessoa com um cartão de crédito emitido fora da Grécia não serão afetados pelos controles de capitais.
País em crise
A Grécia introduziu controles de capital e fechou os bancos após os credores internacionais terem se recusado a estender o resgate do país e muitos gregos terem feito fila para sacar dinheiro, levando o impasse em Atenas a um novo e perigoso nível.
A bolsa de valores de Atenas também será fechada enquanto o governo tenta gerenciar as consequências financeiras da discordância com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os bancos da Grécia, mantidos à tona por um financiamento de emergência do Banco Central Europeu (BCE), estão na linha de frente conforme Atenas se move em direção a um calote de 1,6 bilhão de euros devidos ao FMI, pagamento que vence na terça-feira.
A Grécia culpou o BCE, que já tinha dificultado a abertura dos bancos ao congelar o nível de financiamento de apoio ao invés de aumentá-lo para cobrir um aumento nos saques por parte de correntistas preocupados.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, disse que a decisão de rejeitar o pedido da Grécia para uma curta extensão do programa de resgate foi "um ato sem precedentes" que pôs em foco a capacidade de um país de decidir uma questão que afeta os seus direitos soberanos.
"Esta decisão levou o BCE hoje (domingo) a limitar a liquidez disponível para os bancos gregos e forçou o banco central grego a propor um feriado bancário e restrições em saques bancários", afirmou ele em discurso televisionado.
Pensionistas são vistos em frente a agência do Banco Nacional da Grécia fechada nesta segunda-feira (29), em Atenas  (Foto: REUTERS/Yannis Behrakis)Pensionistas são vistos em frente a agência do Banco Nacional da Grécia fechada nesta segunda-feira (29), em Atenas (Foto: REUTERS/Yannis Behrakis)
Entenda
Em meio ao drama na Grécia, onde uma clara maioria quer permanecer na zona do Euro, os próximos dias apresentam um grande desafio para a integridade do bloco de moeda única. As consequências para os mercados e para o sistema financeiro mais amplo não são claras.
O governo de esquerda da Grécia vinha há meses negociando um acordo para liberar financiamento a tempo de pagar o FMI. Mas nas primeiras horas do sábado Tspiras pediu um prazo extra para permitir que os gregos votassem em um referendo sobre os termos do acordo. Credores recusaram este pedido, deixando pouca opção para a Grécia que não o calote, adicionando ainda mais pressão sobre o sistema bancário do país.
Os credores querem que a Grécia corte pensões e aumente impostos em investidas que Tsipras sempre argumentou que aprofundariam uma das piores crises econômicas do país, onde um quarto da força de trabalho já está desempregada.
Partidos de oposição gregos se uniram para condenar a decisão de convocar o referendo sobre os termos de resgate, mas muitas pessoas são favoráveis. "Quero que ele (Tsipras) bata com o punho na mesa e diga 'basta!'", disse a moradora de Atenas Evgenoula.
Muitos economistas expressaram simpatia com o argumento do governo grego de que novos cortes nos gastos arriscariam sufocar o crescimento do país.
O FMI tem pressionado os governos europeus a aliviar o peso da dívida de Atenas, algo que a maioria diz que só irá ocorrer quando a Grécia primeiro mostrar cortes no seu orçamento.
Acordo ainda possível
Os outros 18 países do bloco têm culpado a Grécia por romper negociações e comprometeram-se a fazer o que for preciso para estabilizar a área da moeda comum. Ainda no domingo, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou que estava em contato com todos os governos da zona do euro para assegurar que a Grécia permanecesse na área de moeda única.
Diversas autoridades disseram que ainda havia tempo hábil para um retorno à mesa de negociações. A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, afirmou que se o voto no dia 05 de julho produzir "um sim retumbante" pela permanência no euro e correção da economia grega, os credores estarão dispostos a fazer um esforço.
(*com informações da Efe e da Reuters)

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