Ricardo Bastos/Hoje em Dia
Ministro do Supremo, Gilmar Mendes, em visita a BH
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e vice-presidente do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, divergiu da presidente
Dilma Rousseff (PT) e defendeu o uso da deleção premiada, em entrevista
na capital mineira nesta terça-feira (30). Na segunda-feira, Dilma
atacou o dono da UTC, Ricardo Pessoa, um dos alvos da operação "Lava
Jato" da Polícia Federal (PF), que investiga desvios bilionários da
Petrobras, em visita oficial aos Estados Unidos. Para o ministro, o país
vice uma "cleptocracia" ligada ao poder. A cleptomania é uma doença em
que o paciente tem compulsão por furtos.
Para Gilmar Mendes, a delação “não é rainha das provas”, mas é usada em
todo o mundo para desvendar casos de corrupção. “Isso está na
Legislação e foi aprimorada recentemente por uma lei que foi sancionada
pela presidente Dilma. Se ela tivesse dúvida sobre a constitucionalidade
da delação, a sua assessoria teria recomendado à AGU (Advocacia Geral
da União) e à Casa Civil o veto do dispositivo. Mas isso não ocorreu.
Pode ter havido erros, equívocos na delação, mas isso não é uma prova
única, é um elemento inicial de prova que será cotejado com outras
provas. Não é a rainha das provas”, declarou, em entrevista no Tribunal
Regional Eleitoral (TRE) de Minas. E emendou em seguida: “No mundo todo
se usa a delação. Agora, é claro, que teremos que examinar como ela está
sendo feita. Até então não tínhamos um amplo uso da operação, estamos
engatinhando, mas é uma forma usada no mundo todo para evitar abusos”.
Em resposta às críticas de membros do PT, de que o Judiciário age com
parcialidade na condução de processos envolvendo integrantes do partido,
Mendes disse que país vive uma “cleptocracia”. “O que o senhores
acreditam, vocês acham que tem parcialidade (no Judiciário)? Os senhores
viram o julgamento do mensalão, sete meses, oito meses com o Tribunal
parado julgando esse caso. Vocês viram alguma parcialidade? Ou estamos
com uma cleptocracia no poder. Um grupo que usa patrimônio público como
se fosse privado. É essa a questão que tem que se colocar”, rebateu.
Em Nova Iorque, Dilma falou pela primeira vez sobre a delação de
Pessoa, que revelou ter repassado, via caixa 2, R$ 3,6 milhões para dois
tesoureiros do PT.
"Eu não respeito um delator, até porque eu estive presa na ditadura e
sei o que é. Tentaram me transformar em delatora, a ditadura fazia isso
com as pessoas. Eu garanto para vocês: eu resisti bravamente e até em
alguns momentos fui mal interpretada quando disse que, em tortura, a
gente tem de resistir porque, senão, você entrega. Não respeito nenhum,
nenhuma fala", disse a presidente a repórteres em Nova York, onde se
reuniu nesta segunda com investidores norte-americanos.
Durante a entrevista, Dilma garantiu que “nunca” se encontrou com
Ricardo Pessoa e que não o recebeu desde que assumiu a Presidência. Ao
explicar que as doações da UTC foram legais, a presidente ressaltou que
não aceita e "jamais" aceitará que "insinuem" qualquer irregularidade
sobre ela ou sobre sua campanha. "Se insinuam, têm interesses
políticos", enfatizou.
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