Frederico Haikal/Hoje em Dia
Miguel Albino, da Audi Center BH, comemora venda de 3 das 4 unidades da geração 3 do Audi TT
Um dos segmentos que deve acelerar as vendas é o de veículos voltados para motoristas endinheirados. Na via oposta da fabricação nacional, que despencou 17,5% de janeiro a abril deste ano, em relação a igual período de 2014, marcas importadas não têm do que reclamar. É o caso da concessionária Audi Center BH.
“Estamos na contramão do mercado. Enquanto os números gerais da indústria automotiva apresentam queda, a marca aponta para crescimento”, comemora o superintendente da Audi Center BH, Miguel Albino.
Segundo ele, a empresa no Brasil acumula aumento de 39% nas vendas nos quatro primeiros meses deste ano, ante mesmo período em 2014. A meta da marca alemã é chegar a 5.870 carros vendidos no país até dezembro.
A receita do sucesso, diz Albino, passa pelo incremento do portfólio, ações de marketing, mais facilidade no ingresso da marca e qualidades como conceito, robustez, tecnologia e conforto.
“Toda crise tem um vencedor. E de nada adianta ficar focado no problema. O foco tem que ser vender”, propaga.
E disso ele entende bem. Lançada neste mês, a 3ª geração do Audi TT agradou em cheio. Segundo o superintendente, das quatro unidades que chegaram à loja, três já foram vendidas. Um bom desempenho para um modelo cujo preço inicial é de R$ 210 mil. Mas a joia da concessionária é o Audi R8, vendido por R$ 912 mil.
EXCLUSIVIDADE
O segmento premium sobre duas rodas também está com o pé no acelerador. “As categorias de motocicletas acima de 500 cilindradas são voltadas para pessoas que apreciam a exclusividade, menos afetadas pela crise financeira”, diz o gerente comercial da Triumph BH, Nabil Zanhar.
Segundo ele, desde que a marca inglesa chegou ao Brasil, há dois anos, vem conquistando o público. Em 2014, foram 4,5 mil motos comercializadas. Para este ano, a projeção é atingir 5 mil unidades. Só a concessionária em BH vende, em média, entre 40 e 50 motos por mês. Entre as queridinhas dos pilotos destacam-se modelos como Rocket (a partir de R$ 73 mil ), Trophy (R$ 82 mil) e Tiger Explorer (entre R$ 58 mil e R$ 74 mil).
Imóveis milionários são menos sensíveis à restrição de crédito
A crise passa longe do mercado imobiliário de luxo. Enquanto a classe média se debruça em cálculos para conseguir fazer o sonho da casa própria virar realidade, há fila para morar em Lourdes, um dos bairros mais sofisticados de Belo Horizonte.
“Os clientes buscam localização privilegiada, facilidade de locomoção, sofisticação e muitas vagas de garagem”, descreve Elaine Takahashi, franqueada das unidades imobiliárias da RE/MAX Mix, em Lourdes e RE/MAX Galaxy, no Vila da Serra.
De janeiro a abril deste ano, ante igual período do ano passado, as duas empresas registraram crescimento de 20% nas vendas. No portfólio das unidades, figuram casas e apartamentos de até R$ 9 milhões. “Quase 70% dos imóveis em Lourdes e no Santo Agostinho custam mais de R$ 1 milhão”, detalha.
Perfil
A mineira PHV Engenharia também mira consumidores e investidores de altíssimo luxo. O empreendimento mais novo é o residencial Os Inconfidentes, com vista para a Mata do Jambreiro, em Nova Lima. Segundo o diretor de Desenvolvimento da PHV, Marcos Paulo, cada torre possui um apartamento por andar, com tamanhos entre 280 metros quadrados e 303 metros quadrados.
Entre os confortos estão quadra poliesportiva, quadra de tênis, sauna com descanso, piscina e academia. Os preços variam de R$ 2, 8 milhões a R$ 3,3 milhões.
“Todo o mercado sente a crise, mas o mercado de luxo sente bem menos. A restrição do crédito bancário afeta mais na venda de imóveis de padrão médio e baixo”, diz Marcos Paulo.
Pelo menos R$ 550 mil foram investidos no Eliza Martins, na Savassi, para dar ao salão charme de Paris (Foto: Frederico Haikal/Hoje em Dia)
TOQUE EXTRA
Morar bem e com requinte inclui acessórios e materiais exclusivos na construção e decoração do imóvel. E é essa a especialidade da Bel Lar Exclusive, na BR-356, região Centro-Sul de BH.
Entre os mimos para deixar a dona de casa endinheirada de queixo caído estão torneira banhada a ouro (R$ 2,8 mil), torneira com fechamento de fotocélula (R$ 1,6 mil), forno que cozinha quatro pratos ao mesmo tempo (R$ 7,6 mil) e porcelanatos fabricados na Itália (por R$ 449 o metro quadrado).
“Atender a esse público exige esforço. O cliente tem recursos, mas precisamos provocá-lo com ações, campanhas e excelentes produtos”, diz o diretor da Bel Lar Exclusive, Daniel Miranda.
Coordenador do MBA em Gestão Comercial da FGV/Faculdade IBS, o especialista em Marketing e Vendas João Baptista Vilhena diz que o mercado de luxo segue em alta porque o cliente que experimenta a sensação de plenitude fica sempre com o gostinho de quero mais.
“Muito pior do que o problema financeiro do país é a crise de confiança no governo. As pessoas mais simples se amedrontam e param o consumo, diferentemente dos consumidores mais abastados e esclarecidos”, acredita.
Na mesa e no salão, sofisticação e glamour sem limites
Com bons motivos para comemorar, a classe A quer brindar aniversários, casamentos, bodas, batizados e formaturas. Com apetite para festas, a parte mais alta da pirâmide ajuda a engordar o setor de bufês.
Segundo o presidente do Sindicato dos Bufês de Belo Horizonte e Região Metropolitana (Sindbufê), João Teixeira Filho, o faturamento do setor deve bater a casa de R$ 60 milhões neste ano. “Em relação a outros segmentos, é uma vitória”.
Recepções mais simples custam entre R$ 70 e R$ 80 por pessoa, incluindo comida, água, refrigerante e cerveja. Já confraternizações mais elaboradas exigem do orçamento até R$ 300 por convidado. O cardápio glamouroso tem que ter salmão, lagosta e camarão. “O mais importante é que cada cliente saia satisfeito dentro do seu padrão”, afirma Teixeira.
Mas o “ogro” também pode exigir do bolso. Um sanduíche preparado com cinco hambúrgueres com 200 gramas de picanha cada, seis tipos de queijo, salada, peperoni, pão australiano e fartas camadas de bacon pode custar R$ 66,90 em BH.
É o Legendários, invenção mais cara do Bacon Paradise, do empresário Antônio Ribeiro. “Em apenas três meses de operação iniciamos o processo de formatação de franquias. Hoje já são quatro lojas em funcionamento. E vamos abrir outras quatro até o final do ano”, revela Ribeiro.
De olho na imagem
Estar bem com o espelho e cuidar da imagem também são rituais que escapam do aperto financeiro. Pensando nisso, a hair stylist Eliza Martins e o marido Wiliam Fonseca inauguraram, no fim de março, o salão de beleza que leva o nome da dona na Savassi.
Com 400 metros quadrados e três andares, o espaço foi inspirado na vanguarda e no glamour de Paris. Pelo menos R$ 550 mil foram investidos. “Não tem crise para quem tem bom atendimento e estratégia para administrar o negócio”, diz Eliza.
Segundo ela, todas as cadeiras e lavabos possuem massageadores automáticos. Outra inovação é a realização do Dia de Princesa Kid, quando a criança e até 25 colegas tomam um banho de spa e tratos no cabelo, mãos, pés e maquiagem. Depois de pronta, a turma canta parabéns e delicia-se com um bufê. O preço varia de R$ 200 a R$ 250 para cada garota. “Um luxo só”, brinca a empresária.
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