domingo, 28 de junho de 2015

Abrigo para menores no Rio está há 4 meses sem telefone por inadimplência


Justiça determinou restabelecimento do serviço na última terça-feira (23).
Interrupção pode inviabilizar adoção de medidas emergenciais, diz juiz.

Gabriel Barreira Do G1 Rio
Educandário Dom Bosco, na Ilha do Governador, teve os telefones cortados (Foto: Reprodução/TV Globo)Educandário Dom Bosco, na Ilha do Governador, teve os telefones cortados (Foto: Reprodução/TV Globo)
O alojamento socioeducativo Dom Bosco, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, tem histórico de tortura — foram duas mortes em menos de um ano. Há relatos de violência e problemas estruturais, como a superlotação, mas um obstáculo ainda mais inusitado tem tirado o sono dos agentes desde fevereiro: o serviço de telefonia fixo foi cortado por falta de pagamento. Em caso de rebelião, como a que aconteceu em março no Educandário Santo Expedito, os agentes não teriam para quem pedir socorro — já que há bloqueadores de celular no local.
O caso foi parar na Justiça, após uma ação civil pública do Ministério Público do Rio do Janeiro. Na sentença favorável ao restabelecimento do serviço, o juiz Pedro Ivo Martins Caruso D'Ippolito,  da Vara da Infância e da Juventude, manifestou a mesma preocupação dos funcionários do local.
"A interrupção do serviço de comunicação pode inviabilizar, na hipótese de ocorrências graves, a adoção de medidas emergenciais por parte dos servidores da unidade", escreveu o magistrado.
A decisão judicial foi publicada na última terça-feira (23). Por ela, a Telemar é obrigada a restabelecer o serviço das três linhas telefônicas, sob multa diária de R$ 1 mil em caso de descumprimento. O Departamento Geral de Ações Socioeducativas informou na noite de sexta (26) que já foi providenciada a religação dos aparelhos na unidade Dom Bosco e que deverá acontecer nos próximos dias.
O texto diz ainda que o serviço estava totalmente interrompido, exceto quanto ao recebimento de ligações, e pede para que a dívida seja paga de outra forma.
'Chance de sair ressocializado é zero', diz agente
Também na terça (23), o G1 relatou as condições de outro abrigo. Segundo funcionários do Educandário Santo Expedito, em Bangu, Zona Oeste do Rio, o local é incapaz de cumprir seu papel: transformar os garotos apreendidos em "cidadãos solidários e profissionais competentes", como a missão estabelecida pelo Departamento Geral de Ações Socioeducaticas (Degase).
Dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó, onde criminosos cumprem penas em presídios conhecidos como Bangu I e Bangu II, o Santo Expedito foi apelidado de Bangu 0.
"É assim que os rapazes chamam. É um presídio como qualquer um. O poder público dá uma conotação de colégio, mas não é a realidade. O funcionário é um carcereiro. A chance de um garoto sair ressocializado de lá é zero", calcula um funcionário que não quer ser identificado com medo de represálias.
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degase, educandário santo expedito, jaime gold (Foto: Tribunal de Justiça/Divulgação)degase, educandário santo expedito, jaime gold (Foto: Tribunal de Justiça/Divulgação)

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