domingo, 26 de abril de 2015

O exemplo que vem de cima (do Rio Grande)


Bill Clinton em palestra em Belém do Pará, em 2012
Plínio Fraga
Yahoo
O rio Grande separa o México dos Estados Unidos, de acordo com a cartografia. No vasto imaginário sobre a América (o continente), o Rio Grande divide o primeiro mundo do terceiro. Acima dele o paraíso sonhado por quem na outra margem do rio, a imensa América Latina.
Não é nenhum lenitivo saber que no mundo desenvolvido também há corrupção e linhas claras da ética são ultrapassadas. Mas às vezes esquecemos disso.
Depois que sua mulher tornou-se secretário de Estado, o ex-presidente Bill Clinton começou a cobrar três vezes mais para participar de eventos em relação ao valor que cobrava quando deixou a Casa Branca. Entre os contratantes que desembolsaram milhões de dólares havia vários grupos com interesses pendentes no Departamento de Estado.
A imprensa americana mostrou que Clinton, ao sair da Presidência, recebia US$ 150 mil por conferência. Com Hillary Clinton em posto-chave da administração Obama, Bill recebeu US$ 500 mil de banco russo e US$ 750 mil para participar de conferência de telecomunicações na China, para citar apenas dois casos.
MAIS DE US$ 100 MILHÕES
Registros no Senado americano mostram que Bill Clinton recebeu mais de USS 100 milhões em 14 anos por palestras que fez. Em uma semana de março de 2011, ganhou US$ 1,3 milhão em conferências no Brasil, Nigéria e Ilhas Cayman.
Em outubro de 2010, Clinton aceitou US$ 225 mil para proferir palestra na Jamaica, em evento patrocinado pela empresa irlandesa Digicel telecom. Apenas algumas semanas antes, a Digicel tinha apresentado um pedido a uma das agências do Departamento de Estado de empréstimo de milhões para financiar serviço de transferência de dinheiro por meio de telefonia móvel no Haiti. Dois meses após o discurso, a Digicel recebeu a primeira parcela do dinheiro.
Faz um mês uma construtora informou ter pago viagens de Lula e FHC para palestras internacionais em países que tinha interesses. Bons tempos em que ex-presidentes voltavam-se apenas para as memórias como forma de proteger seu legado. Agora deixam gordas heranças.

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