De
vez em quando, o governo toma uma decisão sábia. A presidente Dilma
Rousseff desistiu de fazer o tradicional discurso de Primeiro de Maio.
Vejam bem, senhoras e senhores, a enormidade do buraco em que se meteu o
PT. A mandatária de um partido que se diz dos “trabalhadores” está
impedida de falar em rede nacional no Dia do Trabalho porque dá como
certa, e tem razão, que a fala seria usada como estímulo para um
panelaço.
Segundo o
ministro Edinho Silva, da Secom, Dilma vai se comunicar com os
trabalhadores por meio das redes sociais. Pois é… Eventuais tuitaços são
feitos em silêncio, não é mesmo? Leio na Folha a seguinte declaração do
ministro: “Primeiro, é uma forma de valorizarmos outros modais de
comunicação. Segundo, a presidente não precisa se pronunciar em cadeia
nacional”. Edinho negou, contra todas as evidências, que a decisão tenha
algo a ver com o medo do penelaço: “A presidente não teme nenhum tipo
de manifestação da democracia”.
Bem, então
por que não fala? A negativa, convenham, é um pouquinho ridícula. Um
governante faz um pronunciamento para ser ouvido. Qual daria maior
alcance à fala de Dilma em tempos normais? É evidente que seria a rede
nacional de rádio e televisão. Pode não ser temor. Vai ver é uma questão
de gosto, né? Ninguém fica feliz quando é vaiado. De resto, o governo
avalia que a crise deu uma esfriada. Um pronunciamento poderia aumentar
rapidamente a temperatura. Ademais, é preciso ter algo a dizer. Com o
que acenaria a presidente em seu eventual discurso?
Pois é…
Quem diria? Chegamos ao ponto em que um governo prefere aparecer pouco. E
isso não é da natureza dos políticos, a menos que estejam muito mal na
fita.
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