domingo, 1 de março de 2015

Defender a Petrobrás é punir os ladrões e blindá-la contra roubos


Pedro do Coutto
O título, a meu ver, é uma síntese bastante expressiva do que de fato significa defender a estatal, medida aliás que já deveria ter sido colocada em prática há muito tempo, sobretudo a partir do instante em que se projetou publicamente, através da imprensa, a onda de assaltos contra a empresa com apropriação criminosa de seus bens numa escala que envolveu bilhões de dólares e de reais ao mesmo tempo.
Defender a Petrobrás é preservar e destacar sua imagem, não brigar na rua e partir para o confronto físico entre governistas e opositores, como propôs o presidente do PT-RJ, Washington Quaquá, também prefeito da cidade fluminense de Maricá. Afirmação destacada na reportagem de Juliana Castro e Marcelo Remígio, O Globo edição de 26 de fevereiro.
Aliás, a defesa legítima da Petrobrás, como lembra meu amigo Afonso Castilho, representa um comportamento político importante que deveria ter sido colocado e assumido pela oposição que, assim, perdeu a oportunidade de ampliar o raio de repúdio da opinião pública aos ladrões de casaca e de roupa comum que subtraíram parcelas enormes que abalaram a estrutura da empresa.
Perdendo uma chance de ouro, sob o ângulo político, de se antecipar no debate delineado, resta ao PSDB sustentar ser falso o argumento de que defender a Petrobrás é livrá-la de um plano obscuro para privatizá-la, através do pretexto de apurar os assaltos em série contra ela. Nada disso. A cada dia que passa aumentam as revelações dos roubos efetuados e dos atores responsáveis direta e indiretamente por eles. São inegáveis, sobretudo porque partem da voz de réus confessos que recorreram à figura da delação premiada. Isso para evitarem o desabamento sobre suas cabeças de penas capazes de se alongar no tempo, como ocorreu com Marcos Valério no episódio do mensalão de 2005: 47 anos de prisão, o mais penalizado de todos levados a julgamento.
OS CONFRONTOS DE 13 E 15 DE MARÇO
Dentro da atmosfera a que foi conduzido o tema Petrobrás pelo ex-presidente Lula quando em ato na ABI referiu-se “ao exército do MST”, que tem como líder principal João Pedro Stédile, divisam-se e temem-se os resultados de dois confrontos que podem marcar as manifestações de 13 e 15 de março, tendo como palco principal o centro da cidade de São Paulo. A 13 de março, a manifestação PT-MST, a favor da legenda e do governo. Dois dias depois, no mesmo local, a manifestação contra a administração Dilma Russeff. O mais provável é que o choque das duas correntes aconteça no dia 15, já que não pode haver interesse das oposições em deslocar sua ofensiva política para o campo da violência. Claro. Elas estão avançando de maneira pacífica, não vão querer mudar o atual roteiro.
O mesmo conceito não se pode atribuir às facções governistas, petistas e que também integram a CUT, presidida por Vagner Freitas. Pelo contrário, na esperança e na tentativa (equivocada) de recuperar o tempo e o espaço perdidos, lhes interessa tumultuar o panorama e bloquear os efeitos dos processos judiciais que envolvem dezenas e corruptos, corruptores e intermediários, acrescidos na semana que começa pelos acusados pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, de deverá divulgar a lista dos políticos e autoridades que têm de ser investigados e julgados pelo Supremo Tribunal Federal.
As perspectivas, como se vê, não são das melhores em matéria de ordem pública, as quais podem conduzir a desfechos extremamente críticos. Para o país.


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