(Veja) O ex-ministro José Dirceu omitiu pagamentos de clientes de sua
consultoria nos documentos que entregou à Justiça Federal. O Ministério
Público Federal destacou em parecer protocolado na 13ª Vara Federal do
Paraná nesta terça-feira que, "pela análise dos documentos juntados, é
possível verificar supostas inconsistências entre as condições
contratuais de prazo, pagamento e dados bancários".
Na manifestação ao juiz Sérgio Moro, os procuradores da República
destacaram as divergências entre o que passou pelas contas bancárias da
consultoria de Dirceu, a JD Assessoria, e os contratos entregues pelo
ex-ministro à Justiça Federal. Foi examinada superficialmente a situação
das empreiteiras acusadas de pagar propina por contratos da Petrobras.
Pela análise, os contratos previam pagamentos bem inferiores ao que foi
efetivamente desembolsado para o ex-ministro.
Dirceu é investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público
Federal pela suspeita de ter recebido parte da propina distribuída por
empreiteiras em troca de facilidades em contratos com a Petrobras. Como
mostrou reportagem do site de VEJA, o petista faturou pelo menos 8 milhões de reais por serviços de consultoria prestados a empresas do clube do bilhão.
A defesa de Dirceu apresentou contrato com a Galvão Engenharia para
prestação de serviços de "consultoria e assessoramento comercial",
assinado em 25 de junho de 2009, segundo o qual ele teria faturamento
bruto de 300.000 reais. Mas, de acordo com a análise da movimentação
bancária da empresa do ex-ministro, foram pagos 703.875 reais. O
contrato com Dirceu foi assinado exatamente uma semana depois de a
Petrobras iniciar licitação de obra da Refinaria de Paulínea (Replan),
pela qual a Galvão Engenharia foi contratada por 568 milhões de reais e
fez o pagamento de propina equivalente a, no mínimo, 1% do valor do
contrato, como já denunciado em ação penal contra executivos da empresa.
Também houve divergência entre a movimentação bancária e o valor
previsto no contrato apresentado por Dirceu sobre serviços de
"assessoria jurídica internacional" para a Engevix Engenharia. O
documento entregue à Justiça previa o pagamento total de 300.000 reais.
Mas a análise dos dados bancários mostra que a Engevix pagou 900.960
reais para a empresa do ex-ministro.
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