segunda-feira, 2 de março de 2015

A desigualdade, uma injustiça?



 
Leo Daniele  
 
 


    Corriam os anos 60. Estávamos no Viaduto do Chá, centro de São Paulo, realizando campanha contra uma reivindicação das esquerdas, quando um grupo de vermelhiformes desocupados pôs-se a gritar: “Queremos pão, queremos pão!” Não pareciam famintos, a não ser de agitação. Nossa resposta foi pronta: “Trabalha prá ter pão, trabalha prá ter pão!”
Os agitadores nada responderam à voz do bom senso, pois uma tréplica imediata dificilmente poderia provir de quem positivamente não queria nenhum serviço…
                É por isso que celebrei a notícia de que o Brasil terminou 2014 com a menor taxa de desemprego já registrada. Dos brasileiros pesquisados pelo IBGE em seis regiões metropolitanas (Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Porto Alegre), na média do ano ficaram sem trabalho 4,8%.(1) Os outros vão trabalhar e ter pão, e quem sabe mais alguma coisa. Vão aumentar, embora em grau modesto e sem desprezo pelos que não têm pão, a desigualdade entre os homens. Isso é mau?
                Aliás, a revista Catolicismo, informa em sua edição de fevereiro último, que houve uma “vertiginosa” melhoria econômica dos extremamente pobres. Segundo um relatório do Banco Mundial, “a população da Terra em estado de pobreza extrema caiu mais da metade nos últimos 30 anos. A porcentagem mundial dessa faixa era de 34,6% em 1990, caindo para 14,5% em 2011”.
                Como dizia meu velho professor de Economia Política na Faculdade de Direito do Largo São Francisco (São Paulo), o problema não é dividir o bolo, mas aumentá-lo. E é o que se pode obter, entre outras coisas, diminuindo o nível do desemprego e da ociosidade.
                Os vermelhiformes vão repetindo a surrada ladainha dizendo – e, pior ainda, pensando – que a desigualdade de riqueza tem aumentado no mundo e que isso é um mal em si. Ora, lemos no famoso e nunca refutado livro Reforma Agrária, Questão de Consciência, escrito e propagado nos anos 60 sob a liderança de Plinio Corrêa de Oliveira e reeditado em 2010, por ocasião dos 50 anos de sua primeira edição:
“Todos os homens ativos e probos têm igual direito à vida, à integridade física, à fruição de condições de existência suficientes, dignas e estáveis. Mas é justo que os mais capazes, mais ativos, mais econômicos tenham, além deste mínimo, o que produzirem graças a suas superiores possibilidades. Daí decorre legitimamente a diferenciação das propriedades em grandes, médias e pequenas, e quiçá a existência de uma classe condignamente remuneradamas sem propriedade”.
É a voz do bom senso e da justiça social segundo os princípios ensinados pela Igreja, como convém especialmente em nossos dias repetir. É o oposto à igualdade de escravos  a que o socialismo conduz. O Papa Leão XIII afirma que o socialismo leva a “uma odiosa e insuportável servidão para todos os cidadãos”.(2)
A desigualdade é ensinada na parábola dos talentos (3): A cada qual Deus dá em medida diversa e de cada um exige rendimento proporcionado.
_______________ 
Notas:
            1.“Jornal da Globo”, Edição do dia 29-1-15.
            2.Leão XIII, Encíclica Rerum Novarum, de 15 de maio de 1891 – “Editora Vozes Ltda.”, Petrópolis, pág. 11.
           3.Mt. 25, 14-30.
(*) Leo Daniele é escritor e colaborador da ABIM
  
 

 
 
 
Fonte: Agência Boa Imprensa – (ABIM

Nenhum comentário:

Postar um comentário