domingo, 1 de fevereiro de 2015

Produtores rurais do sul de Minas pedem decreto de calamidade pública


Seca prolongada afetou a produção e as perspectivas para esse ano são ruins.
Com o decreto, eles poderiam renegociar dividas e ter acesso a benefícios.

Manoela Borges Boa Esperança, MG
No sul de Minas, o prejuízo da estiagem é tão severo que os agricultores de Boa Esperança pedem que seja decretado estado de calamidade pública.
A lavoura de 45 hectares do agricultor Eugênio Monteiro Júnior, em Boa Esperança, no sul de Minas, teve uma queda na produção de 70% na última safra. Ele diz que apesar do ano mal ter começado, a situação em 2015 será ainda pior. "Já dá para perceber que nesta lavoura será em torno de 70 a 80% de perda”, avalia.
O cenário é reforçado por uma pesquisa realizada pela Emater e pela Cooperativa Agropecuária de Boa Esperança que prevê queda na produção de várias culturas por causa do clima. A estimativa é de quebra de 20% no café, de 40% na soja e da metade da produção de milho.
Diante da seca, os produtores rurais decidiram pressionar a prefeitura de Boa Esperança para decretar estado de calamidade pública. Os agricultores alegam que a estiagem vai causar um prejuízo ainda mais grave que no ano passado. Com o decreto, eles poderiam renegociar dividas e até ter acesso a benefícios do governo para se manter na atividade.
“30% dos produtores de milho não vão plantar mais milho, por causa do tanto que perderam no ano passado e esse ano. Eles vão sair da atividade. Do café também vão sair muitos produtores, porque quem aguenta um prejuízo deste tamanho?”, pergunta  Manoel Joaquim da Costa, presidente do Sindicato Rural.
O produtor Reginaldo Alves teme perder a propriedade para os bancos. Na última safra, ele colheu 800 das três mil sacas que esperava produzir, um prejuízo de dois milhões de reais. “A nossa preocupação é pagar a divida, porque nós pegamos o dinheiro para pagar e pegar outro, e não está acontecendo, não estamos conseguindo fazer essa situação virar”, declara.
O pedido de calamidade pública vai ser analisado pela Defesa Civil do município, que depois encaminha as conclusões para Brasília. Não há prazo para a resposta.

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