terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Polônia recebe líderes mundiais nos 70 anos da libertação de Auschwitz


Sobreviventes e líderes mundiais se reúnem no campo de concentração.
Estima-se que 1,1 milhão de pessoas foram mortas em Auschwitz.

Do G1, em São Paulo

Autoridades e convidados participam de cerimônia dos 70 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz nesta terça-feira (27) (Foto: REUTERS/Laszlo Balogh)Autoridades e convidados participam de cerimônia dos 70 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz nesta terça-feira (27) (Foto: REUTERS/Laszlo Balogh)
Sobreviventes do regime nazista e líderes mundiais participaram nesta terça-feira (27) da cerimônia em homenagem ao 70º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz, que começou com um pedido para a comunidade internacional evitar que uma tragédia como o Holocausto se repita.
No início da cerimônia, o presidente polonês Bronislaw Komorowski expressou seu respeito e agradecimento aos soldados soviéticos que libertaram Auschwitz. No mesmo discurso, Komorowski pareceu colocar no mesmo nível os "totalitarismos nazista e soviético", ao recordar o extermínio em Katyn de elites polonesas pelos serviços especiais de Stalin.
A cerimônia foi realizada em uma tenda em frente à entrada do campo de Auschwitz-Birkenau, coberto por uma espessa camada de neve.

Estiveram presentes os presidentes da França, François Hollande; da Alemanha, Joachim Gauck; da Ucrânia, Petro Poroshenko; e da Áustria, Heinz Fischer.
Além disso, participaram do ato o rei da Bélgica, Felipe, e sua esposa, Matilde, assim como os monarcas da Holanda, o rei Willem-Alexander e a rainha Máxima.

O cardeal arcebispo da Cracóvia (Polônia), Stanislaw Dziwisz, representou o Estado do Vaticano.

A reunião desta terça-feira no sul da Polônia pode sinalizar o último grande aniversário ao qual os remanescentes do campo poderão comparecer em grande número, dado que o mais jovem deles está na casa dos 70 anos. Cerca de 1.500 deles compareceram ao 60º ano da libertação. Na cerimônia desta terça, participaram cerca de 300 sobreviventes.

"Acreditei que seria incinerada aqui e que nunca viveria a experiência de meu primeiro beijo. Mas, eu não sei como eu, uma jovem de 14 anos, sobrevivi", contou Halina Birenbaum, nascida em Varsóvia em 1929 e que conheceu quatro campos de concentração nazistas, incluindo Auschwitz. Birenbaum emigrou para Israel em 1947 e se tornou poetiza e escritora.
Sobreviventos do campo de concentração de Auschwitz participam de cerimônia de 70 anos da libertação do campo (Foto: REUTERS/Laszlo Balogh)Sobreviventos do campo de concentração de Auschwitz participam de cerimônia de 70 anos da libertação do campo (Foto: REUTERS/Laszlo Balogh)

Estima-se que 1,1 milhão de pessoas foram mortas em Auschwitz, a maioria judeus. Prisioneiros de guerra poloneses, romanos e soviéticos, além de outras nacionalidades, também foram vítimas. Eles foram mortos com gás, fuzilados, enforcados e incinerados no campo durante a Segunda Guerra Mundial, antes de o Exército Vermelho derrubar seus portões no inverno de 1945. O local provavelmente é o símbolo mais pungente do Holocausto, que eliminou 6 milhões de judeus em toda a Europa.

Depois da cerimônia, os convidados caminharam em procissão para acender velas em um memorial às vítimas do Holocausto, no campo de Auschwitz.

'Histeria antirrussa'
O presidente russo Vladimir Putin não foi à Polônia participar nos atos em homenagem à data, mas foi representado por seu chefe de gabinete, Sergei Ivanov. Nesta terça, Putin presidiu, em Moscou, um ato pelo 70º aniversário da libertação do campo pelas tropas soviéticas e disse que tentar reescrever a história é inaceitável. "Qualquer tentativa de silenciar acontecimentos, distorcer ou reescrever a história é inaceitável e imoral", declarou Putin no Museu Judeu de Moscou.
Na semana passada, a Rússia acusou a Polônia de "histeria antirrussa", depois que o ministro polonês das Relações Exteriores declarou que Auschwitz-Birkenau foi libertado pelos ucranianos e não pelo Exército Vermelho da então União Soviética.
No fim de dezembro, a Federação de Comunidades Judaicas da República Tcheca anunciou que se opunha a uma possível visita do presidente russo, convidado por seu colega tcheco Milos Zeman.
A federação afirmou, entre outras coisas, que o regime do presidente Putin "não respeita os acordos internacionais" e "deu mostras de agressividade no exterior", enquanto o Ocidente acusa a Rússia de apoiar militarmente os rebeldes pró-russos no leste da Ucrânia, algo que Moscou desmente.

'Nunca mais'
Enquanto os sobreviventes do Holocausto e chefes de Estado se reuniram no campo de concentração na Polônia, o presidente norteamericano Barack Obama fez um apelo à comunidade internacional por meio de um comunicado.
O presidente polonês Bronislaw Komorowski abre cerimônia que celebra os 70 anos da libertação do campo de concentração da Polônia (Foto: REUTERS/Laszlo Balogh)O presidente polonês Bronislaw Komorowski abre cerimônia que celebra os 70 anos da libertação do campo de concentração da Polônia (Foto: REUTERS/Laszlo Balogh)
O presidente advertiu contra o ressurgimento do antissemitismo e exortou o mundo a fazer com que um genocídio como este não aconteça "nunca mais". Pedindo para que todo o mundo "nunca esqueça" os seis milhões de judeus e inúmeras outras vítimas assassinadas pelo regime nazista na Alemanha, Obama apelou à comunidade internacional a garantir que isto "não volte a acontecer".
O aniversário de 70 anos da libertação do campo de contentração tem a particularidade de acontecer 20 dias após os ataques jihadistas contra o jornal francês "Charlie Hebdo" em Paris.
"Os recentes ataques terroristas em Paris servem como um lembrete doloroso de nossa obrigação de denunciar e combater o crescente antissemitismo em todas as suas formas, seja através da negação ou banalização do Holocausto", disse Obama em um comunicado.
"Hoje estamos juntos e comprometidos com as milhões de almas assassinadas e todos os sobreviventes, que isso nunca se repita", disse ele.
O Papa Francisco também se manifestou, dizendo que o campo de extermínio de Auschwitz apela para "um futuro de respeito, de paz e de encontro entre os povos".
"Auschwitz é um grito de dor que, nesse grande sofrimento, está pedindo um futuro de respeito, de paz e de encontro entre os povos", disse o pontífice em mensagem publicada em seu perfil oficial no Twitter.
O presidente ucraniano Petro Poroshenko cumprimenta os presidentes da Eslovênia,  Borut Pahor, e da Alemanha,  Joachim Gauck, durante a cerimônia em Auschwitz, na Polônia (Foto: REUTERS/Michal Lepecki/Agencja Gazeta)O presidente ucraniano Petro Poroshenko cumprimenta os presidentes da Eslovênia, Borut Pahor, e da Alemanha, Joachim Gauck, durante a cerimônia em Auschwitz, na Polônia (Foto: REUTERS/Michal Lepecki/Agencja Gazeta)
O diretor de cinema Steven Spielberg foi um dos particpantes da cerimônia dos 70 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz  (Foto: REUTERS/Laszlo Balogh)O diretor de cinema Steven Spielberg foi um dos particpantes da cerimônia dos 70 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz (Foto: REUTERS/Laszlo Balogh)
Convidados escutam rezas cristãs e judaicas durante a cerimônia dos 70 anos da libertaçã de Auschwitz, na Polônia (Foto: REUTERS/Krystian Maj/FORUM)Convidados escutam rezas cristãs e judaicas durante a cerimônia dos 70 anos da libertaçã de Auschwitz, na Polônia (Foto: REUTERS/Krystian Maj/FORUM)
O presidente polonês Bronislaw Komorowski e convidados caminham no campo de Auschwitz para acender velas em homenagens às vítimas do Holocausto (Foto:  AFP PHOTO / JANEK SKARZYNSKI)O presidente polonês Bronislaw Komorowski e convidados caminham no campo de Auschwitz para acender velas em homenagens às vítimas do Holocausto (Foto: AFP PHOTO / JANEK SKARZYNSKI)
O presidente francês Francois Hollande acende vela em memória às vítimas de Auschwitz nesta terça-feira, 70 anos após a libertação do campo de concentração (Foto: AFP PHOTO / ALAIN JOCARD)O presidente francês Francois Hollande acende vela em memória às vítimas de Auschwitz nesta terça-feira, 70 anos após a libertação do campo de concentração (Foto: AFP PHOTO / ALAIN JOCARD)

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