Internados ocupam leitos de UTI no Hospital de Base, que tem 60 vagas.
Secretaria diz que rede será reabastecida em breve e nega desassistência.
Fachada do Hospital de Base de Brasília
(Foto: Natalia Godoy/G1)
Cinquenta e um pacientes internados na UTI do Hospital de Base, maior unidade da rede pública de Brasília,
correm risco de morrer por falta de medicamentos, de acordo com o
Sindicato dos Médicos. Parte deles já teria deixado de receber os
remédios adequados – como antibióticos e corticoides – na madrugada
desta quarta-feira (31). A Secretaria de Saúde informou ao G1
que os R$ 100 mil repassados em novembro para a compra dos insumos de
maior urgência deverão garantir o reabastecimento do estoque nos
próximos dias.(Foto: Natalia Godoy/G1)
O vice-presidente do sindicato, Carlos Fernando da Silva, disse lamentar a situação. “Pelas informações que obtivemos, a situação no Hospital de Base é extrema. Há vidas em risco e o pessoal da UTI está pedindo socorro. Nem no início da atual gestão vimos situação tão dramática."
Em nota, a secretaria disse que "muitos" processos de compra já foram finalizados e que agora aguarda a entrega dos produtos. Além disso, afirmou que todos os pacientes da unidade estão sendo assistidos e que ninguém deixou de ser medicado, porque os remédios têm substitutos. No total, o Hospital de Base tem 60 leitos de UTI em funcionamento e dez fechados por falta de profissionais.
Com o sogro internado no hospital desde o dia 22, a professora Stefanne de Sousa conta que a família tem vivido uma saga todos os dias para garantir o tratamento adequado. O homem sofreu uma fratura na costela e teve perfuração dos dois pulmões após um acidente de carro e agora precisa da ajuda de aparelhos para respirar.
Além de sedativos para aguentar a dor, a médica que cuida dele receitou um remédio contra pneumonia. Os profissionais conseguiram aplicar apenas uma dose, já que depois a medicação acabou.
“O sentimento é de revolta. A gente entrega um familiar nosso nas mãos do governo e é como se não estivesse nem aí. É muito triste”, disse. “A gente ouviu aqui que, se ele não tivesse tomado a primeira dose, provavelmente nem estaria mais aqui.”
Crise
A secretaria anunciou em novembro o repasse emergencial de R$ 100 mil ao Hospital de Base para que a instituição pudesse fazer compras de materiais básicos para cirurgias. Na época, médicos haviam suspendido procedimentos agendados alegando falta de de insumos, como compressas, gaze, analgésicos e remédios para enjoo.
“Repassamos esse valor para o [Hospital de] Base adquirir qualquer produto que está com estoque baixo”, disse na ocasião a secretária de Saúde, Marília Coelho Cunha. “Aconteceu que a secretaria, em um determinado momento, estava sem recurso e devendo para fornecedores."
Além disso, a pasta remanejou R$ 84 milhões de convênios com o governo federal – incluindo o fomento a programas de combate e prevenção a doenças como dengue e Aids, que apresentaram indicadores ruins neste ano – para pagar dívidas com fornecedores e reabastecer a rede pública da capital do país com medicamentos e materiais hospitalares. Um levantamento feito por técnicos estimava que o rombo da pasta seja de R$ 150 milhões.
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