segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

As janelas para a luta contra as urnas eletrônicas

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Você sabia que no mundo corporativo um dos maiores dramas para a gestão é lutar contra a procrastinação, a preguiça e/ou fanfarronice de quem entrega qualquer tipo de produto ou serviço?
Pois na era da governança, especialmente em TI, o mecanismo das janelas de liberação (ou release) ajudou a resolver parte do problema.
A coisa é extremamente simples: novos desenvolvimentos de software, ou mesmo atualizações de softwares já existentes, só podem ser lançados em produção em “janelas” específicas de tempo, variando de setor para setor.
Por exemplo, a indústria de bebidas tende a ter releases na última semana de cada mês, e, mesmo assim, nada pode ser lançado em produção durante todo o verão.
Isto é, afora estes finais de semana, além de todo o verão, nem adianta sonhar em lançar qualquer coisa em produção, pois o ambiente é “congelado” para qualquer atualização.
Embora possa parecer contra-intuitivo, na verdade isso aumenta a qualidade e potencializa as entregas, pois a tendência é o abandono da mania de se empurrar as coisas com a barriga.
Tente imaginar a expressão de desespero de um gerente de sistemas que, por desleixo, deixou de corrigir todos os bugs de seu sistema próximo ao último release antes do verão. É claro que ele vai fazer das tripas coração para entregar tudo na data. A “janela” irá pressioná-lo a fazer isso. Ou ele terá uma conversa não muito agradável com seu superior.
A cultura das “janelas” de release termina sendo um dos maiores potencializadores para a entrega de resultados reais. Por que não aproveitar esse tipo de insight para os debates políticos?
Por exemplo, podemos implementar janelas para a discussão sobre o problema das urnas eletrônicas.
Eu não gosto das urnas eletrônicas. Muitos também não gostam. Ora, então por que não fazer algo? Mas se for para fazer algo, que tal usarmos uma “janela” com foco em criar uma verdadeira pressão por resultados?
Esta é a janela que proponho para  discussão das urnas eletrônicas (e até de propostas para retornar às cédulas dos velhos tempos):
  • Três meses após o término da última eleição (e)
  • Cinco meses antes do início da próxima eleição
Quer dizer que o assunto das urnas eletrônicas deve ser abortado até o final de janeiro/2015, data após a qual devem ser discutidas propostas pela mudança da forma de votação (para que o eleitor consiga visualizar seu voto em formato físico). Estas propostas devem ser discutidas (e de preferência, com resultados obtidos) até aproximadamente maio/2016.
E para que isso? Por que esse período de tempo é aquele no qual os defensores da forma de votação devem conseguir resultados. Caso não consigam até maio/2016, deverão se abster de discutir o assunto até o final de janeiro/2017, quando poderão retornar a discutir o assunto novamente.
Alguém há de perguntar: “o que todos nós lucramos com isso?”.
Com o uso das janelas de tempo para a conquista de resultados, evitamos a perda de tempo com desanimadores e desculpistas em geral.
Realize a cena durante as eleições de 2016:
X: Olha, eu quero te dizer que não adianta votar, pois as urnas estarão fraudadas.
Y: Desculpe-me, mas você está fora da janela…
X: O que?
Y: Sim. O período eleitoral já começou. Se você não atuou para mudar as regras até o fim da janela, que era maio/2016, agora não preciso de ouvir sobre esse assunto até o fim de janeiro/2017.
Realize também a cena logo após as eleições:
X: Olha como eu falei, as eleições foram fraudadas.
Y: Que provas você tem?
X: Eu sei que foram fraudadas!
Y: Só tem um detalhe. Você está fora da janela. Só vou falar com você sobre este assunto no fim de janeiro/2017.
Eu não quero dizer que todos que ficam pedindo “anulação das eleições” imediatamente após o período eleitoral ter terminado agem assim, mas que uma boa parte é composta de pessoas que não gostam de se esforçar na guerra política, quanto a isso não há dúvida alguma.
Imagine agora o montante de esforço algumas pessoas da direita estão desperdiçando para reclamar das eleições no pior dos momentos possíveis: logo após o término da última eleição, justamente uma fase na qual toda reclamação pode parecer ladainha de mau perdedor.
E o engraçado é que essas pessoas não se mobilizaram suficientemente com a mesma carga de esforço cerca de um ano atrás, quando os candidatos estavam sendo oficializados. Sendo assim, por que gastam tanto esforço reclamando agora?
É evidente que, como de costume, esforço demais está sendo gasto no momento errado. E, como tal, não gera resultados. Em prol de resultados, a sugestão é usarmos as janelas para a discussão de temas como urnas eletrônicas, para, enfim, jogar uma efetiva pressão por resultados em quem está reclamando somente agora depois do leite derramado.
Em tempo: cada um pode falar o que quiser e quando quiser. Mas entendo que nós devemos usar as janelas para determinar períodos nos quais uma discussão potencialmente leva a resultados e períodos onde não temos nada além de desperdício de tempo.

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