Cenário é de pasto completamente seco em alguns municípios.
Em uma propriedade, das 100 vacas, só 22 sobreviveram à estiagem.
Animais estão morrendo por causa da seca
(Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
A estiagem que atinge parte do Espírito Santo tem causado prejuízos aos produtores rurais e criadores de gado do Sul do estado. Em municípios como Presidente Kennedy
e Itapemirim, o cenário é de pasto seco e animais mortos. Mesmo com
ajuda das prefeituras, que fornecem rações, os produtores de leite da
região sofrem com a perda de animais e, consequentemente, com a queda da
produção.(Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
O produtor rural Ronildo Peçanha é produtor de leite em uma propriedade rural de Presidente Kennedy. Por causa do período de estiagem, que já dura meses, teve que tomar medidas drásticas para salvar o rebanho. Das mais de 100 vacas leiteiras do curral, sobraram apenas 22. “Na propriedade não tem como comportar os animais que a gente tem, então tem que arrendar a propriedade de vizinhos, conseguir outra forma de alimentação, em outro lugar, porque aqui não tem mais como cuidar dos animais”, disse.
A produção de leite caiu de 300 litros por dia para apenas 60. Ele contou que tenta manter o ânimo, mas que é difícil, diante de um cenário tão triste. Sem chuva, o capim não brota. Exemplo disso é um terreno onde deveria estar sendo feito o preparo de solo para pastagem. Mas, como a chuva não veio, a terra está seca, e o terreno parado há oito meses. “Semente tem que ser plantada em terra boa. Não estando preparada a terra, não tem como plantar a semente”, lamentou Ronildo.
O secretário de Agricultura de Presidente Kennedy conta que tem feito o possível para ajudar os cerca de 700 produtores de leite do município. “Nós estamos com uma previsão de fornecer cana aos produtores até meados de dezembro. A cana que nós temos comprada já. Mas se não houver chuva para o preparo de solo e recuperação das pastagens, a coisa vai ficar muito difícil”, explicou Josélio Altoé.
Itapemirim
O drama vivido em Itapemirim é semelhante. Em uma propriedade, oito vacas já morreram. O jeito foi deixar o gado preso no curral, para que os animais economizem energia e recebam o pouco alimento que ainda resta. “Todos os animais que não têm um pasto para comer, uma cana eficiente, passam fome. São muitos animais”, contou um produtor.
Animais consomem o pouco que ainda resta
(Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
Ele só acumula prejuízos. A produção de leite, que era de 120 litros
por dia, caiu pela metade. “Se continuar a seca, nós somos obrigados a
vender, acabar com isso tudo”, completou.(Foto: Reprodução/ TV Gazeta)
Segundo o fiscal da Secretaria de Agricultura, Maurício Tunholi, o município produz atualmente cinco mil litros de leite, 40% abaixo do esperado para a época. Lá, a prefeitura também disponibiliza ração para os produtores. “Essa ração não é a solução para isso. Trabalhar com irrigação numa época dessa, sem chuva, não tem o que fazer. Vai ficar difícil”, disse o fiscal.
Segundo um engenheiro agrônomo do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o tempo seco é causado por um fenômeno climático e pela grande quantidade de desmatamentos. “Normalmente, é histórica e periódica essa seca ocorrer nesses períodos, de dez em dez anos, de cinco em cinco anos. Mas o que mais afeta essa seca nesse momento são os desmatamentos, a não conservação do solo, que faz com que os nosso rios, nossas nascentes, não fiquem perenes, então elas não abastecem os nossos rios. E com isso, vai faltar água”, disse Paulo Shalders.
* Com colaboração de Eder Garcia, da TV Gazeta Sul
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