terça-feira, 28 de outubro de 2014

Vitória pelo medo



 Ernesto Caruso, 27/10/2014
             Nuvens negras no horizonte. Cuidado Brasil. Um novo mandato com o PT assusta. Vamos continuar navegando no mar revolto da insegurança, no mar de lama da corrupção?
A campanha da candidata Dilma e os inflamados discursos do Lula se fixaram na luta de classes como fundamento para a vitória apertada nas urnas, discutível diante da ocorrência de falhas humanas e materiais. Qual a margem de erro dos que foram votar e outros já o tinham feito? E os que votaram por si e possivelmente por outros no meio de uma abstenção corriqueira, previamente estudada, desapercebida?
Fraude nas urnas alvo de comentários e exposição de especialistas a exigir o dobramento da segurança com voto impresso não é a dúvida na cabeça dos próceres de tantos partidos em ferrenha disputa. Ou já tinham reagido, protestado, pedindo providências.
Por outro lado, vincular o bolsa família aos votos concentrados em Dilma é visível consideradas as regiões Norte e Nordeste onde se destacam os maiores percentuais da população beneficiada por tal programa social de distribuição de renda. Do Maranhão (melhor resultado para Dilma, 78,76%), da ordem de 50%, passando por Pernambuco, 40% ao estado de Rondônia, 24%, enquanto, Santa Catarina, 8%, SP, 10%, RS, 13%, RJ, 16%, MG, 20%, MS, 19%, explicam de certa forma os resultados em prol das duas candidaturas. Aécio perdeu por 550 mil votos na sua área política, Minas Gerais — 47% a 52% — mas Dilma perdeu no Rio Grande do Sul, onde se fez politicamente — 46% a 53% — ou seja, 455 mil votos.
   Em se tratando do Índice de Desenvolvimento Humano, o Nordeste concentra da ordem de 61% dos municípios no grupo de Baixo Desenvolvimento Humano, assim como na região Norte, são 40%. Já na região Sul são 64% e, na região Sudeste 52%, dos municípios enquadrados no patamar de Muito Alto Desenvolvimento Humano.
A internet está presente na população e é um fator a ser considerado na disseminação da informação talvez mais do que a televisão entre o público mais jovem. Compartilhar é a palavra chave. Destaque para o smartphone. Segundo pesquisas reinantes 34% são da classe C, classe B, com 53%, classe A, 10%, D/E, 2%. Em termos geográficos, 25% dos donos desse aparelho estão em São Paulo, mesma quantidade para a região Nordeste inteira. A região Sul, 14%, MG e ES, 12%.
As redes sociais foram mais férteis do que a propaganda oficial do Aécio a lembrar, p.ex., do Lula criticando o Bolsa Família do FHC e elogiando o do PT chamando de imbecil e ignorante quem pensa diferente. Tantas não aproveitadas, mas vistas, acompanhadas por esse público antenado.
Nos redutos da Dilma, o medo de perder aquele extra venceu a esperança de um Brasil diferente dos 12 anos de PT, da insegurança, das invasões, da corrupção sistemática, queda de vários ministros dos mal feitos, de nada fazerem pela impunidade dos criminosos que fazem do Brasil um campo nunca visto de práticas terroristas. Incêndio de ônibus com gente queimada e assalto por menores infratores.
Mais quatro anos e a dependência do Bolsa Família aumenta, o aparelhamento dos órgãos públicos se consolida. A Petrobras vai continuar sangrando; mais obras no exterior “a gerar empregos no Brasil”.     
Na política volta o assunto plebiscito e a ameaça de nova Constituinte, bolivariana na certa, a salvar a visão das forças vivas da sociedade, imprensa não alinhada, não subjugada e do Congresso que não se vergue, quem sabe sob lideranças novas e velhas que pensem no país contrário à perpetuação no poder de quaisquer grupos partidários.

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