O foco das primeiras falas do PT estão na redução do poder de financiamento da oposição, menor participação parlamentar nas decisões e controle sobre os meios de comunicação
IMPLICANTE
Após 12 anos na presidência, o PT sente o
desgaste que tantas denúncias e equívocos econômicos proporcionam.
Mesmo garantindo mais um mandato, a votação nos candidatos por eles
propostos apresenta contínua e acentuada queda desde a eleição de Lula
em 2002. Ao ponto de que já se pode esperar para 2018 ainda mais
dificuldades na manutenção do cargo. As alternativas são um efetivo
ajuste econômico ou redução do poder de seus oposicionistas. Quanto ao
primeiro, só o tempo dirá se conseguirão. Quanto ao segundo, já se pôde
notar o objetivo nas primeiras falas após a votação, ao focar o discurso
no uso de plebiscitos para viabilizar a mudança no financiamento das
próximas campanhas e o que chamam de “regulação da mídia” – que vem
sendo entendido por muitos como uma forma de censura.
Nessa segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff concedeu uma entrevista ao Jornal Nacional na
qual falou repetidas vezes que pretende conversar com todos os
segmentos discutindo os caminhos do Brasil. De certa forma, repetiu seu discurso de vitória,
quando afirmou que pretende “estimular o mais rápido possível o diálogo
e a parceria com todas as forças produtivas do país”. Neste discurso,
conclamou a união de todos os brasileiros e brasileiras em favor do
futuro do país, esquecendo-se de que foi a sua própria campanha no
segundo turno que tanto alimentou a divisão que se verifica atualmente.
Ainda na entrevista
ao Jornal Nacional, Dilma abordou o fim do financiamento de campanha
por empresas. Ao ser questionada por Patrícia Poeta, afirmou que, com a
reforma política, só seriam possíveis contribuições privadas,
individuais, ficando vedado o financiamento empresarial.
A fim de promover as mudanças, a
presidente defende a realização de um plebiscito, no qual os cidadãos
opinam se uma lei deve ser aprovada ou não antes de ela ser levada ao
Parlamento. O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), no entanto, já veio a
público advogar em favor de um referendo, que leva a população a ratificar ou rejeitar uma proposta já aprovada pelo Congresso ou pelo Executivo.
Para Rui Falcão, o presidente nacional do PT, uma das prioridades do novo governo de Dilma é a regulação da mídia. Ele considera essa a proposta mais importante depois da reforma política.
Espero que nosso governo, junto com o Congresso, possa avançar nessa direção, assim como a maioria dos países democráticos tem agências reguladoras, como a Inglaterra.”
Segundo o último Datafolha, o PT é dono
da maior militância, com 18% dos brasileiros se dizendo petistas. O
segundo lugar é o PSDB, com 7% de simpatizantes. Além desses, só o PMDB
surge acima do 1%, com 3% deles. Neste formato de financiamento desejado
por Dilma, beneficia-se o partido com maior militância. E o partido
dela possui a maior. Viabilizar isto por intermédio de um plebiscito
inutiliza a força do Congresso Nacional, além de jogar por terra todo o
ideal de pesos e contrapesos calculados pela Constituição de 1988. A
cereja do bolo vem na forma do eufemismo que chamam de “regulação de
mídia”, oportunamente lembrada após uma capa recente de Veja citar Lula e
Dilma como cientes dos desvios dentro do Petrolão.
Após a quarta derrota seguida, muitos
oposicionistas se dizem exaustos e incapazes de derrubar o PT em 2018,
quando, imaginam, Lula voltaria com toda a sua popularidade. Quem
aparenta ter menos fé nisso é a própria presidente em exercício. Do
contrário, não estaria já tão empenhada em se blindar ainda mais para o
próximo pleito.
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