A tentação bolivariana de Dilma, que pode nem terminar o mandato, agora visa a quebrar o PMDB
O PT conseguiu
quatro mandatos com a Constituição que aí está. Ficará, se Dilma conseguir
encerrar o próximo período, 16 anos no poder. E se prepara, um tanto alheio à
realidade, para fazer uma reforma que busque eternizá-lo no poder. Não vai
conseguir.
Mesmo com o país
dividido, mesmo tendo obtido apenas 38% dos votos, com uma abstenção recorde;
mesmo estando quase exilado às faixas de renda do país hoje mais dependentes dos
benefícios estatais, os petistas se acham na condição de liderar uma reforma
política contra o Congresso. Que os peemedebistas não duvidem um só segundo: o
partido, embora o principal aliado do petismo, é o principal alvo das tentações
totalitárias dos companheiros.
Em seu discurso,
Dilma afirmou que pretende encaminhar a reforma política via plebiscito, que é
como colocar o carro adiante dos bois; que é como fazer o rabo abanar o
cachorro. Repetiu a sua intenção nas duas entrevistas concedidas até agora. No
seu modelo ideal, fazem-se um plebiscito e uma constituinte exclusiva para a
reforma. Em favor da tese, alega ter recebido uma petição de movimentos sociais
com oito milhões de assinaturas. Ocorre que mais de 80 milhões deixaram de votar
na represidenta. Perceberam a desproporção?
Fazer uma
constituinte exclusiva corresponde a montar uma assembleia só com a finalidade
de fazer a reforma, que será, obviamente, distorcida pelos ditos movimentos
sociais, que nada mais são do que braços do PT. Pior: se os constituintes podem
elaborar o texto e ir para casa, não terão compromisso nenhum com os seus
efeitos.
É claro que, desse
processo, resultaria um modelo tendente a fortalecer os fortes e a enfraquecer
os fracos. O partido quer, por exemplo, financiamento público de campanha. Ora,
como seria distribuído esse dinheiro? Teria de obedecer necessariamente aos
votos obtidos na eleição anterior. Vale dizer: quem hoje dispõe de uma vantagem
tenderia a carregá-la para o futuro. O PT tem também especial predileção pelo
voto em lista. Quer encher o Congresso com os seus burocratas sem
rosto.
Se propostas como
essas vencem um plebiscito, os congressistas estariam obrigados a aceitá-las.
“Ah, mas se é a vontade da maioria…” Bem, propostas as mais asquerosas e
fascistoides podem contar com o apoio da maioria sem que a democracia saia
ganhando com isso, não é mesmo? Proponha pena de morte e mutilações para
bandidos perigosos, e isso tende a contar com a anuência popular. Quem disse que
é bom?
O PMDB resiste à
tentação totalitária da senhora Dilma Rousseff e faz muito bem! Até porque a
legenda está na mira dos companheiros. Eles sabem que o partido dificilmente
deixará de ter um candidato próprio nas próximas eleições.
A única forma
decente de conciliar uma participação mais direta com os pressupostos da
democracia representativa é fazer a reforma com o auxílio de referendo. Aí, sim:
o Congresso vota uma reforma, e a população diz se aceita ou não a
mudança.
Fora desse modelo, o
que se tem é tentação golpista. O golpismo das urnas, que substituiu os tanques
no neoautoritarismo em curso em vários países da América Latina. Dilma que não
venha posar de bolivariana. A gente nem sabe se ela termina o mandato, certo? A
Venezuela, a Bolívia e o Equador não são aqui.
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