PSDB faz bem em pedir auditoria das urnas; é crescente a desconfiança de milhões de eleitores; descrença também reflete inconformismo com a reeleição de Dilma
O PSDB decidiu pedir
uma auditoria nas urnas eletrônicas. Já há alguns dias estou para tratar do
assunto aqui. Eis a melhor hora. Faz sentido cobrar a verificação? Faz, sim., e
vou dizer por quê. Como nunca antes na história “destepaiz”, para citar o
Babalorixá de Banânina, multiplicaram-se as denúncias e as suspeitas de
ocorrências estranhas envolvendo as urnas eletrônicas. Digo com clareza o que
penso: pessoalmente, não acredito na possibilidade de fraude. Pessoas
tecnicamente competentes, que conhecem a área, me dizem que seria muito difícil
isso acontecer — há quem sustente ser impossível. Sem entrar em minudências,
digo que me deixei convencer. Mas também não posso ignorar algumas
coisas.
Minutos depois de
desligadas as urnas, recebi esta mensagem em meu celular. Apago o nome do
emissor porque não lhe pedi autorização para divulgar a mensagem. Sugiro que ele
procure a Corregedoria do TSE para relatar o episódio.
Recebi a seguinte
mensagem em meu celular:
Transcrevo:
“Sou presidente de mesa numa seção do Mackenzie — ele se refere a uma escola do bairro de Higienópolis, em São Paulo. Acabo de ser orientado a não lacrar o disquete/mídia da urna. Na verdade, não tenho nem envelope para lacrar, como é de costume. Foi dito que é em função da urgência para a apuração; que vão recolher rapidamente os disquetes, antes mesmo de entregar os outros materiais aos fiscais, para que seja levada rapidamente para apuração. Pra que a pressa se o Acre leva ainda mais não sei quantas horas?”
“Sou presidente de mesa numa seção do Mackenzie — ele se refere a uma escola do bairro de Higienópolis, em São Paulo. Acabo de ser orientado a não lacrar o disquete/mídia da urna. Na verdade, não tenho nem envelope para lacrar, como é de costume. Foi dito que é em função da urgência para a apuração; que vão recolher rapidamente os disquetes, antes mesmo de entregar os outros materiais aos fiscais, para que seja levada rapidamente para apuração. Pra que a pressa se o Acre leva ainda mais não sei quantas horas?”
Se o coordenador
jurídico do PSDB, deputado Carlos Sampaio, quiser mais dados, é só me procurar
que eu os forneço. A não lacração, da forma como relata o presidente de mesa,
poderia abrir caminho para alguma irregularidade? Não sei. É preciso
verificar.
A fraude pode ser
uma dessas lendas que surgem de vez em quando? É claro que sim! Feito a Loura do
Banheiro que assediava crianças nas escolas. Reitero que tendo a não acreditar
na fraude, mas é tal a quantidade de denúncias que alguma resposta precisa ser
dada. Quando menos porque o eleitorado tem de acreditar na lisura do processo.
Ou tenderá a se abster cada vez mais.
Uma coisa é fato: a
descrença nas urnas não tem corte de escolaridade, de renda, de ideologia, de
nada. É generalizada. Até compreendo os motivos. Nestes dias em que os anseios
participativos estão aflorados, em que se fala até em democracia direta, o
controle que a cidadania exerce sobre o sistema, convenham, é praticamente igual
a zero. O tal sistema é obra para especialistas. Considerando que se trata de
urna e eleição, não de uma usina nuclear, é justo que o eleitor queira saber
mais a respeito.
Inconformismo
É claro que as múltiplas denúncias e a desconfiança inédita nas urnas refletem também o descontentamento de muitos milhões com o resultado da eleição, que deu a vitória a Dilma por pouco mais de três pontos. Há coisas interessantes em curso: já topei com pessoas, nesses quatro dias, que votaram na petista e se dizem agora arrependidas, mesmo com a onipresença da represidenta na televisão, em múltiplas entrevistas.
É claro que as múltiplas denúncias e a desconfiança inédita nas urnas refletem também o descontentamento de muitos milhões com o resultado da eleição, que deu a vitória a Dilma por pouco mais de três pontos. Há coisas interessantes em curso: já topei com pessoas, nesses quatro dias, que votaram na petista e se dizem agora arrependidas, mesmo com a onipresença da represidenta na televisão, em múltiplas entrevistas.
Que se faça a
auditoria. Reitero que não tenho elementos para desconfiar das urnas, mas
milhões de eleitores julgam ter, e eles merecem, sim, uma resposta.
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