sábado, 4 de outubro de 2014

PF diz que consórcio de empreiteira pagou R$ 38 mi a empresas de doleiro


Segundo laudo, dinheiro da Camargo Corrêa foi para empresas fantasmas.
Construtora diz que serviço foi prestado; empresa deu dados incompletos.

Do G1, com informações da TV Globo
Um laudo da Polícia Federal constatou que empresas do doleiro Alberto Yousseff, um dos investigados na Operação Lava Jato, receberam mais de R$ 38 milhões de um consórcio liderado pela empreteira Camargo Corrêa para obras na refinaria de Abreu e Lima (PE). Youssef é suspeito de atuar como operador de propinas pagas a políticos a partir de supostos desvios em contratos realizados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
 

O documento da PF mostra que o consórcio chamado CNCC pagou o valor às empresas Sanko para fornecimento de tubos. A Sanko, que por sua vez, repassou quase tudo para a MO Consultoria e a GFD Investimentos, empresas de Youssef usadas para lavar dinheiro, segundo as investigações.Segundo o laudo da PF, o valor foi pago entre 2010 e 2013.
Os peritos, no entanto, verificou que a Petrobras incluiu a Sanko na lista de fornecedores de produtos sem cumprir procedimentos de controle interno – a empresa registrou seguidos prejuízos e elevado endividamento. As empresas negaram irregularidades (veja abaixo).
O certificado foi dado justamente no período dos pagamentos, mas de acordo com a Polícia, a Sanko não apresentou a documentação adequada para uma precisa análise financeira. Por dois anos, a Sanko entregou balanços de outra empresa para dar a aparência de atendimento às exigências, segundo o laudo.
VALE ESTA 2 arte youssef lava jato (Foto: Editoria de Arte/G1)
Em outro ano, o certificado foi concedido sem análise financeira – um possível favorecimento de agentes da petrobras a Sanko. Em 2013, a Sanko apresentou demonstrativos próprios de anos anteriores que, segundo os peritos, mostravam que a situação da empresa era de extrema fragilidade financeira.
A PF afirma que ficou visível que o controle que a Petrobras tem para evitar a certificação de fornecedores com problemas financeiros foi burlado.  Neste ano, a Sanko não entrou na lista de fornecedores, segundo a Petrobras, por não ter apresentado balanço patrimonial de 2012.

A petrobras informou que a gerência que concedia o certificado era subordinada à antiga diretoria de Serviços, então comandada por Renato Duque. O nome dele teria sido citado por Paulo Roberto no acordo que fez de delação premiada, para reduzir a pena.

Empresas negam irregularidades
Procurada pelo Jornal Nacional, o grupo Sanko Sider declarou que o laudo da Polícia Federal não é conclusivo, que o cadastro da empresa sempre esteve alinhado com as normas da Petrobras  e que os pagamentos estão contabilizados e tributados.

O consórcio liderado pela Camargo Corrêa declarou que jamais fez pagamentos ilegais, que não pode responder por atos de terceiros, que seus fornecedores foram contratados de forma legal, e que prestaram efetivamente os serviços.

A Petrobras informou que está verificando por que a Sanko foi aprovada com base nas demonstrações contábeis de uma sócia. Também disse que, no ano passado, a Sanko obteve o certificado porque apresentou os registros exigidos por lei.
O ex-diretor da Petrobras Renato Duque disse que desconhece o laudo da PF e que está à disposição para prestar esclarecimentos aos orgãos competentes.

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