terça-feira, 28 de outubro de 2014

NO PAÍS DO FUTEBOL



 General de Exército  José Carlos Leite Filho
   O Brasil é um dos países cuja população se destaca pelo amor ao futebol, mas isso não significa que haja entusiasmo nem aceitação quando uma equipe é vencedora de uma competição mercê de violação ou descumprimento dos regulamentos vigentes. Assim também creio acontecer com a prática da democracia.
   A recém terminada campanha eleitoral deu a vitória, após renhida disputa, à candidata Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT). A ela, os louros do seu sucesso, porém sem esquecimento das irregularidades constatadas na conjuntura política nacional capazes da geração de efeitos no resultado das urnas.

   Não vai longe o triste episódio que ficou conhecido como “mensalão”, planejado para facilitar a constituição da chamada “base aliada” e que resultou na condenação e prisão de expoentes do partido ora vitorioso. Em seu lugar surgiu recentemente o já notório escândalo da Petrobras , fonte vergonhosa de recursos financeiros a irrigar os caixas do “PT, PMDB e PP”, além de beneficiar parlamentares cujas identidades ainda são mantidas em sigilo e, o que é pior, com denúncias de que “o Planalto sabia de tudo”.
   Vigorosamente deve ser dito que não é esse um bom exemplo de democracia.
   Adicione-se a esse quadro o uso inaceitável e continuado de mentiras oficiais com chancela de verdades; a corrupção generalizada; a busca declarada da censura da imprensa e do cerceamento do direito da liberdade de expressão; a manifesta simpatia governamental por regimes totalitários próximos ou distantes; a edição de atos oficiais criando práticas repudiadas pelo Poder Legislativo, embora apenas na oratória; a instituição de um sigilo inexplicável em negócios internacionais à revelia do princípio constitucional da transparência; a sistemática de aparelhamento progressivo de elevadas instituições que deveriam pairar acima da estrutura governamental; o uso abusivo de medidas provisórias sem o respaldo constitucional de relevância e urgência; a liberdade e impunidade desfrutadas pelos movimentos sociais em afrontar o direito de propriedade, a lei e a ordem; a quebra da indispensável coesão nacional; e tantos outros fatos que seria enfadonho ficar citando, todos preocupantes a empanar o brilho do recém findo embate eleitoral. 
   Houve época em que por muito menos a honra nacional gerou um afastamento presidencial de suas funções. Havia, então, quem quisesse verdadeiramente investigar e manter a democracia.
   Assim como os amantes do futebol lutam até no “tapetão” pela prevalência das regras, impõe-se nos dias atuais um destemor patriótico do fortalecimento da verdadeira prática democrática além dos aplausos fáceis aos vencedores, que não geram efeitos.
 (Gen Ex José Carlos Leite Filho – linsleite@supercabo.com.br – 27/10/14)

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