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*Pe.
David Francisquini
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Imaginemos dois contendores disputando uma partida de
xadrez cujo resultado signifique a vitória de um grande exército sobre outro não
menos qualificado. Um representa as hostes angélicas e os homens bons, fiéis a
Jesus Cristo. O outro dispõe de riquezas, honras, posição social, influência
política, bem visto até em certos meios religiosos.
Neste
quadro, o bom contendor encontra-se em franca desvantagem na partida, pois já
perdeu peças importantes, e as que lhe restam quase não têm espaço para se
moverem. Seu adversário, que conta com informações privilegiadas, apresenta-se
seguro, além de possuir numerosa claque que ora o aplaude, ora vaia o seu
adversário...
A
realidade num campo de batalha entre dois comandantes não seria diferente. O
exército que pugna pela civilização cristã encontra-se sitiado e o inimigo move
contra ele intensa guerra psicológica. Sua situação é dramática. Qual deveria
ser a estratégia do enxadrista ou do general que quisesse reverter a situação e
vencer o inimigo tão poderoso como desleal?
* * *
Jesus
Cristo, nas páginas do Evangelho, diz: “Qual é o rei que, indo à guerra a
pelejar contra outro rei, não se senta primeiro a tomar conselho sobre se com
dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?” (Lc
14,31). Nosso Senhor alerta os homens, dando-lhes os meios necessários não
apenas no tocante à prudência, mas também à coragem para bem armar o seu o
exército.
O
general tem assim desfraldada a bandeira de Jesus Cristo, símbolo de todo o bem,
de toda a verdade e de todo o belo; tem seus dogmas, sua doutrina, suas leis,
seus costumes e seus sacramentos; tem o corajoso exemplo dos santos e das santas
que pelejaram neste Vale de Lágrimas contra o demônio, o mundo e a
carne.
Nosso
Senhor nos alerta para a importância da clarividência e da perspicácia na luta:
“Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a
fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não
aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos
os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar
e não pôde acabar.” (Lc 14, 28 a 30).
A
missão do general é de salvar um grande reino, e para isso ele luta pela
ortodoxia e pela moralidade rechaçando o adversário desse reino. É no exemplo
desse hipotético general que o povo fiel desenvolve sua infatigável luta contra
o aborto, o casamento homossexual, a eutanásia, a degradação dos costumes e a
prostituição oficializada.
O
confronto imaginado acima entre dois enxadristas e dois generais representa a
luta religiosa de nossos dias, cujo fundamento é a Fé. São Boaventura afirma que
um capitão que sitiado em uma praça não pede socorro a seu Rei, deveria ser
tratado como traidor. Assim também Deus considera aquele que, assaltado pelas
tentações, não recorre a Ele em demanda de auxílio.
Nesta
batalha que ora se trava, o exército de Cristo deve ter presente que a sua arma
mais eficaz é a oração, a qual leva o fiel a alcançar de Deus graças
extraordinárias no momento trágico em que se encontra a Santa Igreja. O oficial
que não recorrer ao seu Rei — que lhe pode enviar em auxílio sua milícia celeste
capitaneada por São Miguel — e for vencido, terá seu nome registrado no Livro da
Vida como um traidor.
Como
Nosso Senhor quer reinar neste mundo depois desta grande batalha, e diante da
impossibilidade de nossas forças vencerem o inimigo, não nos resta alternativa:
“Deus, in adjutorium meum intende” — Senhor, vinde em meu socorro! Esta
foi a atitude do Papa São Pio V diante da ameaça maometana à Europa no século
XVI. Ele rezou e convocou os fieis a rezarem o Rosário pelo êxito dos exércitos
católicos que se defrontavam com a armada turca no golfo de Lepanto em
1571.
E
Nossa Senhora atendeu a sua súplica e lhe concedeu estrondosa vitória, que
repercutiu em toda a Cristandade. A partir de então, a Santíssima Virgem recebeu
mais um título: Auxiliadora dos Cristãos.
(*) Sacerdote da Igreja do Imaculado
Coração de Maria- Cardoso Moreira-RJ e colaborador da
ABIM. |
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